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Cobertura contra hackers ainda é restrita no país

Fonte: Valor Econômico

Por Fatima Fonseca | Para o Valor, de São Paulo

Mais comuns nos países em que a legislação e a regulamentação para a guarda de dados são mais rígidas, os seguros para cobertura de crimes cibernéticos - ou cyber liability - começam a despertar o interesse do mercado brasileiro.

Das seguradoras que operam no país com linha financeira - cerca de 14 -, apenas duas, a AIG e a XL Group, oferecem cobertura para cybercrimes. "É um mercado muito promissor e tenho a convicção de que vai crescer muito nos próximos cinco anos", aposta Silvia Gadelha, subscritora sênior de linhas financeiras da XL Group no Brasil.
 
 
 
.A seguradora estreou no país nesse segmento em meados deste ano com duas soluções: uma específica para as empresas de tecnologia da informação, consideradas pela XL o filão do mercado de cyber liability, e uma mais ampla, para empresas de médio e grande portes de diferentes segmentos econômicos. "A receptividade foi ótima, tanto de corretores como dos clientes que estavam esperando por esse produto", diz Silvia.

Ela não dá números de quantos clientes a seguradora já conquistou, mas garante que a demanda é alta e que a expectativa é fechar grandes negócios em 2015.

Gustavo Galrão, coordenador da Comissão de Linhas Financeiras da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), afirma que o lançamento de novos produtos demanda investimento em educação para que os clientes entendam a necessidade dessas apólices. "Muitas vezes querem uma cobertura com o escopo do cyber liability, mas não sabem da existência desse produto e de seu funcionamento."
"É um investimento pesado para a seguradora e a resposta de crescimento do mercado certamente estará vinculada a esse investimento", acredita.

As seguradoras que estão atuando nesse mercado focam em empresas com classificação de riscos mais severos ou frequentes. Encabeçam a lista aquelas que operam informações e dados sigilosos de terceiros, como as instituições financeiras, que acabam sofrendo prejuízo dos ataques cibernéticos e outros tipos de fraude. Também são consideradas de alto risco as empresas de utilidade pública, como as de energia e saneamento básico, por armazenarem grande volume de dados. Mas hospitais, empresas de telecomunicações e as de tecnologia da informação também estão no target.

O segmento de tecnologia mereceu da XL Group um produto exclusivo, o Cyber Pro, que combina cobertura de responsabilidade civil (RC) cibernética, profissional do segurado na prestação de serviços de tecnologia e RC de produtos de tecnologia comercializados pelo segurado.

Para ganhar mercado em relação à concorrente AIG, que oferece cobertura para crimes cibernéticos há dois anos no Brasil, a XL atua em duas frentes: educar o mercado, e oferecer um leque de serviços, que inclui cobertura inclusive para terceiros.

É o caso das coberturas para quebra de confidencialidade de dados em virtude de falha do segurado; ou por invasão de hackers; roubo de dados digitais; contaminação de dados pessoais por transmissão de código malicioso; violação de privacidade ou propriedade intelectual; danos morais e até responsabilidade por empresas contratadas.

Embora o Brasil não tenha uma legislação tão rígida como EUA e Alemanha - que estão mais avançados em relação à proteção de dados e à segurança da informação -, não significa que o risco aqui seja menor. Pelo contrário. Um estudo do Center for Strategic and International Studies (CSIS), divulgado em junho, concluiu que o país está perdendo R$ 1,5 bilhão anualmente em crimes cibernéticos, seja com roubo de dados ou perdas de propriedade intelectual, considerados os mais comuns.

Patrocinado pela McAfee, o estudo mostra que o cybercrime custa à economia global cerca de US$ 445 bilhões por ano. Segundo o relatório, as maiores economias mundiais são as principais prejudicadas, como os Estados Unidos, China e Alemanha, que sofrem perdas de US$ 200 bilhões todos os anos.
 

 

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