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Reforma deve elevar demanda por planos



Valor Econômico 

A discussão sobre a reforma da Previdência tem agradado especialmente um setor: a indústria da previdência complementar. Quanto mais se fala em déficit e falta de recursos para pagar aposentados cada vez mais longevos, maior é a captura e venda de novos planos.

O crescimento periódico e em dois dígitos dessa indústria nos últimos anos mostra que essa preocupação é cada vez maior. Mesmo em anos de crise, quando os saques aumentam, a arrecadação também sobe. Só nos primeiros seis meses de 2016, os aportes a planos abertos de caráter previdenciário (que incluem os PGBLs e os VGBLs) foram de R$ 52 bilhões, uma evolução de 13% frente ao mesmo período de 2015.

Mas, devido ao maior volume de resgates, a captação líquida não avançou na mesma velocidade e fechou em R$ 25,6 bilhões, 7,64% a mais na mesma base de comparação, de acordo com dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). "As discussões e incertezas na Previdência social criam ambiente de dúvidas, que tendem a se intensificar no último trimestre com debate público sobre o assunto", afirma Edson Franco, presidente da Fenaprevi, que fez em parceria com o Instituto Ipsos uma pesquisa com 1,5 mil pessoas sobre o tema.


O levantamento mostrou que há falta de entendimento sobre as regras atuais e os rumos que as regras futuras deveriam tomar. Sobre o modelo de reajuste das aposentadorias, os brasileiros estão divididos: 49% da amostra defende o reajuste pela inflação e desvinculação do salário mínimo. E 42% rejeita a desvinculação. Mesmo diante das incertezas, o aumento do desemprego e a deterioração da economia fizeram os resgates aumentar 18,4% no semestre, para R$ 26,3 bilhões. "Os saques ficaram pressionados principalmente no primeiro trimestre, quando há maior número de contas a pagar. Mas o nível já está voltando a patamares mais razoáveis", diz Franco, que prevê fechar 2016 com crescimento nominal de 12,7% na carteira total de investimentos, que estão em torno de R$ 600 bilhões.

A se confirmar a melhora da economia no ano que vem e o avanço da reforma, a indústria já se prepara para capturar essa nova demanda. Na confortável posição de quem concentrou 57,7% da captação líquida de todo o mercado no primeiro semestre, a Brasilprev, que possui R$ 173,8 bilhões em recursos administrados no total de sua carteira, também vê com otimismo o próximo ano. "Há tendência de melhora nos indicadores econômicos e maior conscientização quanto à necessidade de poupança de longo prazo", avalia Paulo Fontoura Valle, presidente da empresa, que também sofreu com forte movimento de resgates no período - chegou a 9% do total de suas reservas.

Valle diz que a Brasilprev já oferta produtos bem viáveis para quem tem uma menor renda, com contribuições mensais a partir de R$ 25,00 nos planos juniores e R$ 60,00 em outras modalidades. "Estamos preparados e pretendemos avançar também dentro da nossa base de clientes e nos planos empresariais", indica o executivo.

Outro fator que contribui para o avanço do setor é o fato de suas reservas ainda serem relativamente baixas em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) nacional - cerca de 12% - se comparado a outros países. "No Reino Unido, representam 96% do PIB, nos EUA, 84%, Canadá, 75% e no Chile, 68%", diz Jorge Pohlmann Nasser, presidente da Bradesco Vida e Previdência, com R$ 170 bilhões na carteira total de investimentos e captação líquida de R$ 2,7 bilhões no primeiro semestre, alta de 30% comparado ao primeiro semestre de 2015.

Outro desafio é aumentar a penetração na baixa renda. "Temos 26 milhões de clientes com renda abaixo de R$ 4 mil mensais".

Com a previsão de encerrar 2016 com captação líquida de R$ 11,2 bilhões e reserva de R$ 126,9 bilhões - no primeiro semestre, esses números estavam em R$ 5,1 bilhões e R$ 117,4 bilhões, respectivamente -, o Itaú Unibanco acredita que o cenário do próximo ano ainda será desafiador, mas provavelmente melhor do que 2016. "E o mercado de previdência deve acompanhar esse movimento", afirma Cláudio Sanches, diretor de investimentos e previdência.

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