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'Seguro ciber' ainda é pouco procurado no Brasil

Fonte: Valor Econômico


Por Daniela Meibak | De São Paulo

Casos recentes de ataques de sistemas por hackers têm chamado a atenção de companhias brasileiras para o "seguro ciber". Novo no Brasil, a proteção, que restitui perdas de empresas no caso de uma invasão como essa, ainda é pouco utilizada.

"O interesse das empresas tem crescido de maneira vertiginosa. Depois de casos recentes, é perceptível a maior procura. O setor financeiro é hoje o mais preocupado", afirma Maurício Bandeira, gerente de produtos financeiros da corretora Aon. A modalidade chegou no país há cerca de três anos e é oferecida pelas seguradoras AIG, Zurich e XL, segundo ele. A disseminação, no entanto, ainda é muito baixa e a Superintendência de Seguros Privados (Susep) sequer tem uma categoria exclusiva para contabilizar dados desse tipo de serviço.

A cobertura do seguro inclui, por exemplo, a responsabilidade por vazamento de dados pessoais ou corporativos, contaminação do sistema por vírus e violação que resulte em uma reclamação contra uma empresa terceirizada. Além disso, inclui custos de defesa no caso de um processo judicial, investigação do problema, notificação dos usuários que foram vítimas de um vazamento e custos para mitigar os danos à reputação da companhia.

No mundo, os casos de vazamento de informações são cada vez mais comuns e estão entre as principais preocupações das companhias. No ano passado, por exemplo, o Yahoo informou o vazamento de dados de pelo menos 500 milhões de contas de usuários que foram roubados da rede da empresa por hackers no fim de 2014. Entre as informações vazadas estariam nomes, endereços de e-mail, números de telefones, datas de nascimento, senhas criptografadas e, em alguns casos, perguntas e respostas de segurança encriptadas ou descriptografadas.

Estudo feito pela Aon com quase 1.500 executivos de 60 países mostra que crimes virtuais estão entre as principais preocupações das empresas. Ainda de acordo com o levantamento, globalmente, 40% das companhias possuem seguro ciber, 15% não têm e planejam contratar e 45% não têm planos. Apenas nos Estados Unidos, sobe para 67% a fatia de empresas que possuem, enquanto outros 9% planejam contratar e 23% não têm intenção. "À medida que os crimes cibernéticos tornam-se mais desenfreados, mais onerosos e mais demorados a resolver, as instituições financeiras enfrentam a maior possibilidade de exposição legal, danos à reputação e interrupção operacional", explica a Aon.

A principal diferença entre o Brasil e os demais mercados, em que a contratação do serviço é mais alta, é a legislação dos crimes cibernéticos. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma companhia que sofre um ataque precisa anunciar publicamente o problema. No Brasil não existe essa obrigação, o que retarda o crescimento do mercado segurador uma vez que as instituições não precisam falar se foram ou não atacadas.

"No Brasil, apesar da legislação tratar de maneiras diferentes o tema privacidade de dados, a maneira como o assunto deve ser tratado ainda não está tão claro. Existem alguns projetos de lei tramitando há algum tempo na Câmara dos Deputados, mas ainda sem aprovação. A legislação específica será um impulsionador grande no mercado de seguros", explica Flavio Sá, gerente de linhas financeiras da AIG Brasil.

(Daniela Meibak | De São Paulo)


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