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Faça chuva ou sol

Fonte: IstoÉ Dinheiro

Principal defesa do produtor contra perdas inesperadas, o seguro rural ainda é um desafio para as seguradoras. A saída é inovar na avaliação dos riscos


No fim de janeiro deste ano, produtores de soja de Paraná e São Paulo enfrentaram um problema sério. Fatores climáticos adversos, como excesso de chuva e incidência solar abaixo do esperado, provocaram uma quebra em mais de 50% da safra. As perdas não chegaram a afetar as cotações, mas os fazendeiros da região sentiram o prejuízo. Nesses casos, a proteção contra as incertezas do clima é o seguro rural, que está em ascensão no Brasil. As vendas cresceram 233% entre 2011 e 2017, passando de R$ 1,2 bilhão para R$ 4,1 bilhões, segundo a Confederação Nacional dos Seguros (CNSeg). Mesmo assim, essa modalidade responde por apenas 1,1% do mercado segurador. Há boas razões para um desempenho tão modesto tendo em vista a importância do agronegócio para a economia. Quando há quebra de safra, as perdas atingem todos os segurados de uma mesma região ao mesmo tempo, o chamado risco catastrófico. Isso pode levar a seguradora que vendeu a cobertura à falência, o que inibe a comercialização.

A solução que vem sendo encontrada é uma alteração nas apólices, especificando o período em que o produtor está protegido. A suíça Swiss RE oferece oito produtos, em parceria com a Bradesco Seguros. Seis deles são tradicionais, protegendo contra perdas na safra em caso de seca ou alagamento. Duas são mais ligadas a parâmetros específicos, como a umidade relativa do ar, a temperatura em um período ou a porcentagem de uma lavoura infestada por uma praga. Somente quando este nível de risco é atingido é que o produtor está segurado. Isso impede que perdas genéricas, de outros períodos, entrem na conta. “O parâmetro pode ser avaliado pelo próprio produtor, ou por terceiros, garantindo ainda mais a confiabilidade da informação”, diz Guilherme Perondi, diretor da Swiss RE.

Como envolve grandes riscos, esse seguro é caro. No caso da soja, pode chegar a 4% da receita do produtor por hectare plantado. Por isso, como em outros países, parte do custo é subsidiado pelo governo. Sob responsabilidade do Ministério da Agricultura, o montante disponível varia conforme o orçamento federal. A dotação para 2018 é de R$ 395 milhões, ajudando 45 mil produtores. Esse número está bem abaixo dos 73,5 mil segurados em 2014, o melhor ano da modalidade. “A subvenção é importante até que o mercado floresça. E, em algum momento, o governo deve diminuir sua presença, mas até lá existe um longo caminho”, diz Vitor Osaki, diretor de Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura.

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