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Marco regulatório de capitalização prevê novas modalidades

Fonte: Valor Econômico
Por Guilherme Meirelles | Para o Valor, de São Paulo

A Superintendência de Seguros Privados (Susep) vai anunciar na segunda quinzena de abril o novo marco regulatório do ramo de capitalização, que passará das atuais quatro modalidades (tradicional, popular, incentivo e compra programada) para seis categorias, com a regulamentação das modalidades instrumento de garantia e filantropia premiável.

Ambas as modalidades são oferecidas pelo setor há alguns anos, mas não havia uma legislação específica. Até agora, têm sido apresentadas como opções dentro do modelo tradicional (aquele que devolve 100% do valor acumulado corrigido pela TR) e de incentivo. A partir do anúncio terão regras próprias, o que, na avaliação da Susep e das companhias (bancos e seguradoras), vai permitir mais transparência e segurança jurídica na oferta dos produtos.

Embora não tenha envolvido nenhum grupo do setor, a capitalização teve sua imagem arranhada em uma operação da Polícia Federal em 2014 que investigava quadrilhas organizadas que repassavam valores arrecadados em títulos de capitalização para entidades filantrópicas fantasmas. "Desgastou a imagem do setor, que chegou a ser confundido com jogo, o que nos mobilizou para definir uma nova regulamentação", afirma Carlos de Paula, supervisor de conduta da Susep.

A modalidade de filantropia renovável permite ao cliente ceder os seus direitos de resgate do título a uma entidade filantrópica previamente definida, participando dos sorteios ao longo da vigência do contrato. "Era vendido como incentivo, mas o foco é outro, envolve o social", diz o executivo da Susep. Com a nova norma, diz, a perspectiva é que grandes seguradoras e bancos entrem no mercado, que obteve receita de R$ 1,1 bilhão em 2017. "Há perspectiva de alcançar R$ 8 bilhões em até cinco anos", afirma Marcio Coutinho, diretor de capitalização da Capemisa, que entrou no ramo em 2017 e fechou o ano com receita de R$ 105 milhões e doações (resgates) de R$ 5 milhões para quatro instituições filantrópicas.

Os números da Brasilcap comprovam a adesão pela modalidade. "Dos quatro milhões de clientes, 1,5 milhão estão em títulos ligados a filantrópicas", afirma Frederico Queiroz Filho, diretor das áreas comercial e de tecnologia da empresa.

O ramo de capitalização fechou 2017 com reservas técnicas de R$ 29,2 bilhões, 0,8% inferior a 2016, queda atribuída ao resgate parcial ou antecipado para quitação de dívidas. Para Carlos Alberto Côrrea, diretor executivo da Federação Nacional de Capitalização (Fenacap), a queda era prevista em função da crise. "Poderia ter sido maior, mas o cliente preserva a capitalização em razão dos sorteios". No ano passado, foram distribuídos R$ 1,1 bilhão em sorteios.

Ainda pouco praticada no meio imobiliário, a garantia locatícia - uso de títulos de capitalização como garantia na locação, em substituição aos modelos de caução, fiador ou seguro garantia - arrecadou R$ 1,3 bilhão em 2017, alta de 19,3% ante 2016. Pioneira no lançamento, no início da década passada, e líder de mercado (45%), a SulAmérica conta com 50 mil clientes e 15 mil imobiliárias parceiras. A nova lei vai ampliar o uso para garantias em operações financeiras, o que anima a companhia. "Há grande potencial e queremos crescer na distribuição", afirma Natanael Castro, superintendente de negócios de capitalização da SulAmérica.

Na mesma linha, Bernardo Castello, superintendente executivo da Bradesco Vida e Previdência, pretende expandir o produto Solução de Aluguel (lançado em 2013) e ingressar na modalidade de filantropia. Segundo o executivo, a tendência são contratos mais longos, com taxas menores de juros. "Apostamos nas novas modalidades", diz.

Nos últimos meses, o setor passou por consolidações na área. A Icatu Seguros comprou a Cardiff Capitalização e firmou uma parceria com o Banrisul exclusiva para capitalização. "Com os novos canais de distribuição, vamos criar um produto em filantropia", afirma Marcelo Darcy, superintendente de capitalização da Icatu.

Há dúvidas quanto ao percentual de resgate do instrumento de garantia. Com o cenário de queda de juros e a baixa rentabilidade, o setor defende que o resgate seja de 95% (e não de 100%) como carga de carregamento e pagamento de despesas operacionais. A medida valeria apenas para os novos contratos.

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