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Multiplicação de startups estimula parcerias no setor

Fonte: Valor Econômico
Por Danylo Martins | Para o Valor, de São Paulo

Não há dúvidas de que a tecnologia invadiu o mercado segurador brasileiro. De um lado, observa-se uma corrida de grandes seguradoras para aprimorar a experiência dos clientes. De outro, o movimento crescente das startups no setor. Em fevereiro deste ano, existiam 55 insurtechs no Brasil, quantidade três vezes maior que um ano atrás, conforme levantamento feito pela Conexão Fintech a pedido do Valor. No mapeamento anterior, de agosto de 2017, as empresas novatas somavam 27. No mundo, estima-se que haja 1.600 insurtechs.

"O Brasil engatinha", diz José Prado, fundador da Conexão Fintech, iniciativa que busca fomentar o ecossistema de fintechs e insurtechs no país. Ele lembra que os primeiros negócios surgiram há alguns anos com a criação das corretoras on-line. Soluções mais recentes utilizam novas tecnologias, como inteligência artificial, para ofertar produtos personalizados a partir do comportamento de cada consumidor. "A tendência é que as startups atuem não só com venda on-line, mas em parceria com corretores e seguradoras", diz Prado.

Criada há um ano, a plataforma mobile thinkseg oferece seguro para automóveis e motos, para o mercado pet e o de gadgets (equipamentos portáteis). Ainda no primeiro semestre, a expectativa é ampliar a prateleira com seguros de vida, residencial e prestamista, conta André Gregori, CEO da thinkseg. Para a segunda metade do ano, a meta é incluir no cardápio o seguro saúde. Cada produto é estruturado com base no comportamento de cada indivíduo, utilizando inteligência artificial, segundo Gregori. Recentemente, a startup anunciou a entrada no segmento corporativo, a começar pelo seguro garantia, que será lançado nos próximos meses.

Também com uso de inteligência artificial, a Kakau atua com distribuição de seguros pela internet desde outubro de 2017. Por enquanto, a insurtech vende três planos de seguro residencial, em parceria com a American Life. "Em três cliques, é possível contratar o seguro", garante Diogo Russo, co-fundador da Kakau. Neste mês, a empresa firmou uma parceria com a Generali para distribuir seguro para smartphones.

Fruto de uma joint-venture entre BB Seguridade e Principal Financial Group, a Ciclic nasceu em dezembro de 2017 com a proposta de oferecer planos de previdência no ambiente digital. "Por meio da plataforma, a pessoa pode simular e contratar um plano muito rapidamente", afirma Raphael Swierczynski, CEO da Ciclic. Nesta fase inicial, a startup disponibiliza um VGBL, mas a ideia é ampliar o leque, incluindo outros produtos.

Ao mesmo tempo em que enxergam as insurtechs como possíveis aliadas, as seguradoras concentram esforços em repensar processos em um cenário de transformação digital. Na Porto Seguro, o relacionamento com startups representa uma fonte importante de inovação. Tanto é que a Oxigênio Aceleradora está em seu quinto ciclo e desde a primeira edição, em 2015, acelerou 29 startups. "Considerando os quatro primeiros ciclos, identificamos cerca de 130 oportunidades de negócio. Dessas, 30 já viraram projetos", aponta Ítalo Flammia, diretor de inovação da Porto Seguro e da Oxigênio. Na última semana, a Oxigênio anunciou um novo programa de aceleração para startups mais maduras, com investimentos diretos mais elevados, entre R$ 350 mil e R$ 500 mil.

Melhorar a experiência do consumidor tem sido uma constante na SulAmérica. "Precisamos pedalar cada vez mais rápido para oferecer serviços digitais que encantem o cliente", enfatiza Cristiano Barbieri, diretor de estratégia de relacionamento e tecnologia da SulAmérica. Em 2017, por exemplo, a seguradora lançou o reembolso digital para consultas médicas de até R$ 1 mil. Neste ano, foi lançado um aplicativo baseado em telemetria, que oferece desconto no seguro de automóvel conforme o comportamento do motorista na direção do veículo.

Em busca de maior produtividade e mais agilidade no atendimento a corretores e segurados, a HDI Seguros iniciou a revisão de 57 processos internos em 2017, num projeto que prevê economia na ordem de R$ 100 milhões anuais, segundo Fabio Leme, vice-presidente técnico da HDI Seguros. A adoção da apólice digital, enviada por e-mail ou via aplicativo, é um exemplo. Hoje, em torno de 66% das apólices são nesse formato. Pelo app, o cliente do seguro auto também pode avisar um sinistro à seguradora.

No ano passado, a Liberty Seguros lançou um aplicativo que, por meio da telemetria, avalia o perfil de direção do usuário, podendo gerar descontos no seguro auto. Entre os projetos estão o novo sistema de atendimento ao cliente via chatbot diretamente na página da seguradora no Facebook e o pagamento on-line realizado no site, conta Carlos Magnarelli, CEO da Liberty Seguros Brasil.

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