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Regulação de insurtechs pode demorar 3 anos

Fonte: DCI

Uma regulação específica das insurtechs pode levar dois a três anos para ganhar corpo na Superintendência de Seguros Privados (Susep). Com dificuldade de aproximação com seguradoras, o mercado se divide entre avanços tecnológicos e aversão ao risco.

A demora, de acordo com a gerente da secretaria-geral da Susep, Natalie Hurtado, acontece por conta de todo o alinhamento necessário entre os agentes envolvidos e os desafios de desenvolver uma regulamentação específica que não traga “divergências”.

“Nossas regulações podem causar algum tipo de barreira, mas a discussão é em torno de garantir que os direitos dos consumidores sejam preservados”, explicou a executiva em evento promovido pela Conexão Fintech.

Ela pondera, porém, que ainda existem “muitas coisas a serem feitas” no mercado segurador para que a adaptação das regras aconteça, uma vez que “as novas tecnologias mexerão com a atual visão estratégica do seguro”.

“Por isso, todos os agentes supervisores e reguladores participam de um Sandbox [licença temporária para que a empresa possa testar sua solução no mercado até ver a viabilidade de uma licença definitiva]. Mas o tempo para construirmos algo mais concreto pode ser de dois a três anos”, acrescenta Hurtado.

Aproximação
Ao mesmo tempo, porém, a relação entre essas fintechs e as próprias seguradoras ainda encontra empecilhos para avançar de forma mais concreta.

Segundo o CEO da Pitzi – insurtech que aposta no sistema de assinaturas para proteção contra acidentes para celulares –, Daniel Heatkoff, o conservadorismo dificulta a aproximação entre essas startups e as companhias mais tradicionais.

“São duas naturezas completamente diferentes. Mesmo quando a parceria acontece, a percepção de risco dentro das seguradoras exige um proof of cause. E isso mata toda a inovação do projeto”, afirma.

Ele explica que a teoria de proof of cause (ou prova de causa e efeito) se baseia em comprovar a eficácia de um projeto, processo que, no universo de startups, demora mais tempo para acontecer.

“As seguradoras são boas em mitigar risco e em trazer isso para larga escala, mas a partir do momento que a área de TI ou Compliance assume, eles começam a criar problemas”, opina Heatkoff, da Pitzi.

De acordo com dados divulgados pelo co-fundador da Ace Aceleradora, Pedro Waengertner, do total de fusões e aquisições entre empresas mais tradicionais e startups, em 70% a 90% dos casos a iniciativa inovadora acaba “morrendo”.

Para o fundador da Join e diretor operacional da LTseg, Caio Timbó, a mudança é necessária, mas é preciso menos burocracia e morosidade.

“As seguradoras já estão atrasadas e vivendo momento diferentes. Mas temos uma demanda reprimida muito grande e, quando acontecer, muitas companhias tentarão se atualizar, mas o processo não é tão simples”, esclarece.

“O mercado já investe nessas estruturas e na criação de fundos porque há interesse. Essas insurtechs eventualmente se tornarão nossas fornecedoras e distribuidoras”, contrapõe o CEO da AXA Seguradora no Brasil, Philippe Jouvelot.

Segundo o CEO da HDI, porém, o desafio é usar a energia da startup, mas criando uma cultura de funcionamento para garantir a segurança.

“Qualquer operação precisa de segurança. A governança também é importante nessa situação e temos que garantir essas condições”, completa.

Para Hurtado, da Susep, o ambiente ainda é de aprendizado. “Estamos aprendendo a fomentar e desenvolver esse mercado sem deixar a estabilidade financeira de lado. Até lá, é importante sabermos qual será o interlocutor que representará as insurtechs para estabelecer um diálogo e desenvolver esse caminho”, conclui.

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