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Seguradoras oferecem assistência a vítimas de crimes

Fonte: O Globo

Duas empresas criaram serviço no último ano, como parte do seguro de vida para pequenas e médias empresas

RIO - A violência, especialmente no Rio, está abrindo um novo negócio: a assistência a vítimas de crime. A novidade, como antecipou a coluna do Ancelmo Gois, começou a ser comercializada há pouco tempo, mas chama atenção pelo inusitado. As seguradoras garantem ao cliente que foi alvo de violência urbana ajuda para tirar documentos novos, para o traslado até em casa ou até a delegacia, além de assistência médica especializada, caso necessário.

Karina Massimoto, superintendente executiva de Seguros Individuais e Coletivos do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, afirma que assistência serve como um chamariz para o seguro de vida "Seguro Mapfre Vida PME", que começou a ser vendido no segundo semestre do ano passado.

— A assistência a vítima de crime é disponibilizada como parte do seguro de vida para pequenas e médias empresas. Quando a empresa contrata seguro de vida para seus funcionários, ela pode escolher diversos tipos de assistência — conta ela. — Produtos para empresas focam em assistência funeral, chaveiro, eletricista. Queríamos colocar algo que fosse diferenciado, por isso escolhemos a assistência a vitimas de crime, pois vimos que teria uma boa aderência ao produto.

Segundo Karina, ainda não há estatísticas próprias da Mapfre sobre a utilização da assistência a vítimas de crime, que está sendo dada gratuitamente por um ano como parte do novo seguro. A executiva afirma que as vendas do produto em si estão sendo boas.— Não foi algo que pensamos especificamente para o Rio. É um produto nacional, então não levamos em conta momentos específicos de aumento da violência na hora de elaborar.

ORIENTAÇÕES SOBRE COMO TIRAR DOCUMENTOS

Na prática, a assistência é um espécie de call center acionado pela vítima do assalto. Após o crime, o segurado receberá orientações sobre como tirar documentos provisórios (caso esteja em viagem) ou novos. A seguradora também pode despachar um táxi para levá-lo até em casa ou até a delegacia, se quiser prestar queixa. Caso ele tenha sido hospitalizado, a empresa coordena possíveis transferências entre hospitais e pode disponibilizar ambulância para o translado.

A Mapfre não é a única que está entrando neste mercado. A Capemisa Seguradora lançará um serviço de assistência às vítimas de crimes no dia 16, também incluído em seguros de vida para pequenas e médias empresas:

— O assalto é um problema de segurança pública, mas a intenção é dar um pouco de conforto para a pessoa que sofreu esse incidente. Os empresários que oferecem esse serviço para seus colaboradores também ficarão mais tranquilos, porque terão menos baixas no efetivo de pessoal — afirma o diretor comercial da empresa Fábio Lessa.

De acordo com ele, a tendência é que o produto seja incluído futuramente também nas apólices de pessoas físicas:

— Somos cariocas e vemos que, mais importante do que apenas uma assistência financeira, é oferecer uma estrutura para que a pessoa que sofre um crime possa agir rapidamente, como auxílio na reposição dos documentos, despachante para documentos de automóveis e serviços como chaveiro e vigilância privada para residências roubadas. O mercado consumidor demanda, cada vez mais, por uma cobertura que conte com serviços que vão além do seguro de vida, pois podem ser utilizados no dia a dia.

MERCADO ESTÁ SOFISTICADO, DIZ DIRETOR DE SINDICATO

Para o diretor-executivo do Sindicato das Seguradoras do Rio de Janeiro e Espírito Santo, Ronaldo Vilela, trata-se de um produto ainda muito novo para ser avaliado. Ele aponta, porém, que o mercado de seguros no Brasil já se encontra em um alto nível de sofisticação no que diz respeito a seguros relacionados à segurança.

— Mesmo deixando de lado casos mais evidentes, como seguros de veículos e de carga, vemos que os demais produtos das seguradoras também estão na mira das consequências dos crimes. Os seguros de residência e comerciais são diretamente afetados pelo aumento da criminalidade —- avalia ele. — Outro que aumentou bastante são os seguros de celular, que melhoraram muito sua eficiência na hora de liquidação do sinistro. As empresas se tocaram que não dava para lançar o produto e não atender direito quando ele é cobrado.

De acordo com Vilela, um dos poucos seguros relacionados à violência que não "pegaram" no Brasil foram os contra sequestro.

— Tem mais de dez anos que sequestro deixou de ser um crime em alta incidência. É um produto mais dificil de vender porque é caro. Mesmo no auge dos sequestros era muito dificil de comercializar. As seguradoras procuram sempre trabalhar com seguros de massa. Quanto maior o número de pessoas contratando, melhor para ambas as partes, porque dilui o risco da seguradora e baixa o preço para o segurado. Já o anti-sequestro é muito específico. É quase que um produto feito sob medida.

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