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Gigante francesa Axa mira pequena empresa para crescer no Brasil

Fonte: Valor Econômico 

A seguradora francesa Axa, maior no mundo em seguros de propriedades e responsabilidades para empresas (P&C, na sigla em inglês), quer superar a atuação tímida que tem no Brasil. A empresa desembarcou por aqui em 2014, comprou a carteira de grandes riscos da SulAmérica em 2016, mas alcançou até agora apenas R$ 1,5 bilhão em prêmios - principal estrangeira no Brasil, a suíça Zurich fatura mais de R$ 8 bilhões em prêmios anualmente, sem considerar previdência e seguro DPVAT.

Na estratégia de virada da Axa, está oferecer cobertura para o universo de pequenas e médias empresas do país, além de aquisições para ganhar mercado de maneira mais acelerada.

A nova fase será coordenada pela francesa Delphine Maisonneuve, 50 anos, que chegou ao país para assumir o cargo de CEO em julho - e já fala português -, após 20 anos trabalhando na operação francesa, boa parte dela no segmento de pequenas e médias empresas. Dados coletados pela seguradora mostram que 70% das empresas no Brasil não estão seguradas de maneira adequada, principalmente aquelas com até 50 funcionários, uma realidade bem distinta da verificada na França, onde 95% das pequenas empresas têm seguro.

"O desafio é acelerar o nosso crescimento nos pequenos e médios empresários, para os quais não temos o impacto que deveríamos ter, mesmo porque ainda somos uma marca nova para os corretores que os atendem", disse a executiva em entrevista ao Valor, a primeira concedida após assumir o cargo.

De acordo com Delphine, a seguradora não entrará numa guerra de preços, mas passará a oferecer mais serviços agregados ao seguro, que façam a diferença para as pequenas e médias companhias. Numa nova linha de produtos que envolve oito setores diferentes, entre eles salões de beleza, academias e petshops, por exemplo, um empresário pode ter um funcionário substituto à disposição caso o empregado falte num determinado dia de trabalho, uma forma de reduzir as perdas em caso de imprevistos.

Além disso, os empreendedores podem contar com uma consultoria para a gestão do negócio. "Essas empresas não contratam o seguro porque não enxergam razão para comprá-lo, uma questão já superada em mercados maduros. Elas valorizam mais o curto prazo, o que vai ajudá-las amanhã, por isso dão bastante importância para os serviços de assistência que são oferecidos junto com o seguro."

Hoje, o Brasil não está nem entre as dez maiores operações da Axa no mundo. A seguradora está em 62 países, emprega 160 mil pessoas e tem quase € 100 bilhões em receitas por ano. No ramo de P&C, que envolve seguro garantia, ambiental e transportes - e que é a especialidade da empresa -, a Axa é apenas a oitava mais representativa no mercado brasileiro. A meta é alcançar a quinta posição em todos os ramos em que atua no país no prazo de dez anos.

A empresa está olhando o país de uma maneira diferente. O Brasil entrou numa lista da Axa com os seis países com o maior potencial de crescimento, ao lado de México, China, Tailândia, Filipinas e Indonésia. "Isso significa que estamos preparados para fazer investimentos específicos para elevar a nossa participação no país", afirmou o francês Benoit Claveranne, CEO para novos mercados da Axa.

Segundo o executivo, a Axa tem uma atuação muito "pragmática e oportunista" de crescimento, com alto apetite para aquisições. Em março, a empresa anunciou a compra do rival americano XL Group, por um valor de US$ 15,3 bilhões. No Brasil, a operação, que está em fase final de análise pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), elevou em R$ 500 milhões os prêmios da seguradora no país, para R$ 1,5 bilhão no total.

No caso brasileiro, o foco da Axa estará em aquisições (totais ou parciais) para ingressar no mercado de seguro saúde, que, embora seja um segmento muito competitivo, é alvo da companhia no mundo. Questionado sobre se o cenário econômico e político poderia afastá-los, Claveranne foi enfático: "Estamos confortáveis em entrar num mercado em que a situação é difícil. Afinal, é nesse momento que a economia precisa do investidor e os concorrentes estrangeiros estão relutantes".

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