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Aon muda comando para crescer dois dígitos no país

Fonte: Valor Econômico

SÃO PAULO  -  A corretora americana Aon fez mudanças no comando da América Latina e do Brasil com um objetivo ambicioso: voltar a crescer dois dígitos na região, e de maneira orgânica. Para isso, além de ampliar a relação com grandes empresas, a corretora planeja reforçar a atuação junto às pessoas físicas e às empresas de menor porte.

“A América Latina cresceu muito desde 2000 e, no caso da Aon, esse avanço foi maior até mesmo do que nos países asiáticos”, disse Marcelo Munerato de Almeida, que deixa a presidência da corretora no Brasil em janeiro para assumir a estratégia comercial da América Latina.

De acordo com o executivo, o ritmo de crescimento desacelerou há três anos, em função da crise econômica no Brasil, mas também em outros países, como na Argentina.

A Aon tem a meta de crescer 5% ao ano em média, em todo o mundo, de maneira orgânica. Daqui em diante, a ideia é que os dez países da América Latina onde tem presença consigam registrar um crescimento acima de 10%, como costumava mostrar antes das turbulências recentes.

Neste ano, a região deve somar US$ 4,5 bilhões (R$ 17,55 bilhões pelo câmbio atual) em prêmios colocados no mercado, sendo metade disso no Brasil. No ano passado, os prêmios atingiram quase R$ 14 bilhões, sendo R$ 6,5 bilhões no Brasil. A região agrega entre 6% e 8% das receitas da Aon no mundo.

“O primeiro passo será a retenção da carteira de clientes, porque o negócio de seguros é recorrente e precisa ser renovado todo ano”, disse Munerato. “Além disso, vou trabalhar com os líderes nos países para definir a estratégia de expansão para novos clientes.”

No Brasil, conforme adiantou o Valor no dia 18, a presidência vai ser ocupada pelo carioca Marcelo Homburger, de 53 anos, até então vice-presidente de riscos comerciais. Em 18 anos de empresa, ele atuou como presidente da unidade de resseguros e líder de produtos e especialidades.

O foco da empresa no Brasil sempre foi em seguros corporativos, para empresas acima de R$ 1 bilhão, que representam cerca de 85% dos clientes. Segundo dados da Aon, a empresa prestou serviço de corretagem de ao menos um produto para 27% das mil maiores empresas do país. A ideia é ampliar essa presença.

“Mas queremos reforçar também a presença no consumidor pessoa física, pelo canal de afinidades, como, por exemplo, parcerias com varejistas”, disse Homburger. “E, além disso, nas empresas do middle market, um mercado que pode ser gigante no país”, completou.

Ajuda nessa empreitada o fato de a Aon ter comprado no Brasil, em 2016, a corretora Admix, numa transação estimada à época pelo mercado em R$ 1,2 bilhão — a empresa não revela o valor.

Com isso, a Aon ganhou uma carteira de clientes de “middle market”, com faturamento de R$ 200 a R$ 500 milhões ao ano. Já é um primeiro passo para explorar empresas de menor porte, que faturam acima de R$ 50 milhões ao ano — um mercado que tem sido cobiçado pelas seguradoras que atuam no país — e que a Aon quer atingir com parcerias com outras corretoras, uma vez que é mais pulverizado.

A Aon no Brasil considera até adotar um modelo usado na operação australiana, que recorre a lojas de rua com corretores para a venda de seguros para pessoas físicas e pessoas jurídicas de menor porte. “Podemos chegar nesse modelo no futuro, com base em estudos de viabilidade”, diz Homburger.

O crescimento de dois dígitos que a empresa busca no Brasil também tem respaldo na melhoria da perspectiva econômica, com a mudança de governo. “O ambiente está muito favorável, num otimismo cauteloso, que pode ser consolidado com a reforma da Previdência”, disse Munerato.

Neste caso, a empresa acredita que haverá possibilidade de negócios nos setores de óleo e gás, energia, infraestrutura e com as instituições financeiras, áreas importantes para a economia.

A Aon acredita muito mais um crescimento orgânico do que por aquisições, embora tenha caixa para compras e esteja de olho, no Brasil, em empresas de gestão de saúde e de assistências.

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