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Bradesco Seguros ganha com apólice popular a R$ 9,90

Valor Econômico Finanças SP

Estratégia: Grupo fecha 2,5 milhões de contratos em dez meses e se prepara para crescer em automóveis

Altamiro Silva Júnior, de São Paulo

Seguro de acidentes pessoais, auxílio para funeral e um título de capitalização. Tudo isso vendido por R$ 9,90 ao mês. Essa foi a embalagem que o Bradesco formulou para atrair o público de baixa renda. A ideia é vender um pacote de seguros como aqueles combos dos restaurantes de comida rápida. No lugar do lanche, apólices e coberturas para um público que nunca teve seguro antes.

Só nos primeiros dez meses do ano, a seguradora do banco vendeu 2,5 milhões de seguros populares, que incluem apólices de perda e roubo do cartão, acidentes pessoais e residencial. É uma média de mais de 11 mil seguros vendidos por dia útil. "Esse público gosta da ideia de comprar um combo, de ter um pacote de produtos", diz Marco Antonio Rossi, presidente do Grupo Bradesco de Seguros e Previdência.

Para apostar na população de baixa renda, estimada em mais de 100 milhões de pessoas, o Bradesco resolveu criar uma empresa específica, a Bradesco Affinity, com sede em Alphaville. Criada no ano passado, a empresa nasceu com cerca de 40 funcionários, mas o crescimento exigiu mais gente e ela deve encerrar o ano com 90. Os seguros são vendidos pelos mais diferentes canais, como internet, parcerias com redes de varejo, telemarketing e mala-direta.

O seguro popular é encarado como a porta de entrada para o mercado de seguros. "Depois podemos oferecer a esse consumidor uma apólice de automóveis ou algum outro seguro", diz Rossi.

Boa parte do público que está comprando esse produto não tem conta em banco. Por isso, a seguradora encara a estratégia de vender seguros para a baixa baixa renda também como uma forma de levar novos clientes para dentro da instituição.

"Muitas dessas pessoas estão tendo o primeiro contato na vida com um banco e podem virar um correntista", diz Rossi. Mas o mais comum ainda, segundo ele, é o banco levar clientes para a seguradora.

O Bradesco abre por dia 6 mil contas correntes, fora os clientes corporativos. Apesar de receber clientes do banco, Rossi avalia que boa parte da base dos correntistas do Bradesco ainda não tem seguro da casa. Na área de vida, por exemplo, a penetração é de 20%. Na área de previdência, é menor e está em 15%.

Mas é no segmento de veículos, um dos mais disputados do mercado brasileiro, que a seguradora quer usar a própria base de clientes do banco para crescer e ganhar mercado. "Somos líderes em todas regiões do país em automóveis, exceto no Sudeste", diz Rossi.

A região Sudeste é a mais disputada pelas seguradoras, principalmente em São Paulo e no Rio. A Porto é a líder isolada e deve consolidar essa liderança após a parceria com o Itaú. Há também o Banco do Brasil, que se associou à Mapfre, e também quer aumentar sua presença na região. "Não pensamos em liderança hoje, mas em evoluir e ganhar mercado", admite Rossi.

Rossi tem menos de um ano no comando da seguradora. O executivo assumiu o cargo em março, substituindo Luiz Carlos Trabuco Cappi, que deixou o Grupo Bradesco de Seguros e Previdência para ser o presidente do banco. Rossi está no Bradesco há 28 anos e foi presidente da Bradesco Vida e Previdência.

Este ano, a seguradora deve crescer 10%, puxada pelos segmentos de automóveis, residências e grandes riscos. Para 2010, a previsão é de expansão maior, de 15%, puxada pelas áreas de vida e previdência, que devem ter crescimento na casa dos 20%. Rossi também está otimista com os planos odontológicos, com previsão de expansão mínima de 20%. Em outubro, a seguradora fechou acordo societário com a Odontoprev, que incorporou a Bradesco Dental. Em troca, o banco terá participação no capital da empresa.

A Bradesco Seguros é a maior seguradora da América Latina, segundo ranking que a Fundação Mapfre divulgou no final de novembro. Tem 7,6% dos prêmios totais da região. Dentro do Bradesco, responde por 35% do lucro líquido do banco. Trabuco tem dito que o Bradesco é uma moeda de duas faces, de um lado a seguradora e de outro os produtos como crédito, cartões e fundos de investimento. Rossi diz que trabalha para, pelo menos, manter essa participação nos próximos anos.

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