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Mercado critica ideia de seguradora estatal

Fonte: Valor Econômico

A ideia do governo de criar uma seguradora estatal para garantir o seguro de crédito de grandes projetos de infraestrutura, publicada pelo Valor na edição de ontem, recebeu críticas do setor. Até o titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Armando Vergílio, manifestou-se contra a medida. Executivos do mercado ouvidos pelo Valor também atacaram a proposta.

Vergílio disse que "desconhece" a criação de uma nova seguradora estatal. Na opinião do "xerife" do mercado segurador, a criação de uma nova empresa é "desnecessária, porque o mercado já oferece garantias suficientes", afirmou. Sua sugestão é que o governo poderia criar um "fundo estruturante para subsidiar garantias, a exemplo dos que já existem para o seguro rural, naval e habitacional".

Alexandre Malucelli, presidente de uma das poucas seguradoras e resseguradoras de capital nacional dedicadas exclusivamente a riscos de engenharia e garantia a projetos de infraestrutura do país, a J. Malucelli, acredita que o governo não precisa criar uma estatal de seguros para dar conta dos investimentos previstos para os próximos anos.

"Basta capitalizar e reforçar a atuação do IRB Brasil Re", opinou, alertando que a discussão pode estar equivocada. Segundo Malucelli, em nenhum lugar do mundo existem seguradoras capazes de garantir riscos de grandes projetos de infraestrutura.

O padrão do mercado segurador mundial é que consórcios de seguradoras tomam um risco de grande valor em conjunto e repassa o excedente para o mercado ressegurador internacional, que é quem, na verdade, suporta os grandes contratos de seguros.

Nesse caso, e se o governo quer operar com uma estatal, pode utilizar o próprio IRB, que é uma estatal, conta com pessoal especializado, credibilidade, anos e anos de experiência e preparo técnico.

O IRB Brasil Re, companhia de resseguros com 50% de seu capital nas mãos das grandes seguradoras privadas, perdeu o monopólio da atividade em 2007. Desde então está competindo com empresas nacionais e estrangeiras instaladas no país. O Banco do Brasil prepara-se para assumir parte do capital do IRB, ficando com as ações que pertencem ao Tesouro Nacional.

Luis Maurette, presidente da Liberty Seguros, afirma que o mercado internacional tem capacidade para garantir as obras no Brasil. "Temos que pensar que houve uma crise em 2008, a pior desde 1929, não acontece todo dia. Devido à crise, a capacidade de crédito se restringiu em todo mundo, mas agora está voltando", disse Laurette. Ele lembra que em países como China e Espanha, o volume de obras de infraestrutura registrado nos últimos 20 ou 30 anos foi muito superior ao do Brasil e nunca faltou seguros e resseguros para garantir os projetos.

Conforme o Valor noticiou na edição de ontem, o governo quer corrigir uma suposta falta de seguradoras nacionais de grande porte, capazes de bancar os riscos previstos em obras de infraestrutura para os próximos anos, como o trem de alta velocidade e as voltadas para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.

Estima-se que estes projetos poderão movimentar R$ 200 bilhões nos próximos anos e a criação da seguradora estatal seria uma forma de impedir que o BNDES assuma os riscos desses grandes financiamentos sozinho.

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