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Venda de veículos no Brasil aquece mercado argentino

Fonte: Valor Econômico - Daniel Rittner e Marli Olmos, de Buenos Aires e São Paulo
09/03/2010

Hoje, para comprar um modelo novo em Buenos Aires é preciso esperar de 30 a 60 dias

A sucessão de recordes de vendas de carros no Brasil ajudou a Argentina, onde há fábricas que abastecem os dois países. Mas deixou o consumidor argentino no fim da fila. Hoje, para comprar um modelo novo em Buenos Aires é preciso esperar de 30 a 60 dias. O brasileiro é privilegiado no tempo de entrega. Mas leva desvantagem no preço. Automóveis que saem da mesma linha de montagem são vendidos no país vizinho a preços entre 20% e 40% mais baixos.

Qual brasileiro não preferiria esperar algumas semanas e pagar R$ 17, 4 mil por um Gol básico, que no Brasil é vendido a R$ 28 mil? O Mille é vendido do outro lado da fronteira por 20% menos - ou o equivalente a R$ 17,7 mil. A indignação aumenta quando o consumidor brasileiro descobre que os argentinos não usam carros com motor 1.0. Para eles, a indústria produz modelos similares com motorização melhor. O básico Logan, da Renault, custa R$ 28 mil com motor 1.0 no Brasil e o similar argentino sai pelo equivalente a R$ 24,6 mil com motor 1.6. A diferença de preços chega a 35% no Classic, da GM: R$ 25,6 mil no Brasil (motor 1.0) e R$ 16,5 mil (1.4) na Argentina. Contrariando o nome, o Mille argentino não é de 1.000cc. Por isso, lá ele se chama Uno.

As filas refletem a expansão da demanda. Os argentinos deverão comprar 560 mil veículos neste ano, quase 30% mais que em 2006. O volume no Brasil é quase seis vezes maior, com previsões de chegar a 3,4 milhões em 2010. Além disso, as oportunidades de negócio no Brasil aumentam à medida que a oferta de crédito é maior. Enquanto muitos brasileiros compram carros porque podem pagar em prestações, na Argentina 70% das compras são feitas à vista.

Para o ex-secretário de Indústria da Argentina , Dante Sica, as montadoras preferem atender o mercado brasileiro porque "lucram mais". De cada 100 carros que saem das linhas argentinas, 54 são exportados ao maior sócio do Mercosul. Os fabricantes culpam a carga de tributos que, de fato, é uma das mais altas do mundo. O preço dos carros mais vendidos embute 26,4% em impostos. Mas os próprios representantes do setor concordam que na Argentina a situação não é muito diferente.

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