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Vinci põe até R$ 500 mi em seguro

Fonte: Valor Econômico

Sob o nome Austral, grupo cria seguradora com foco em obras e reseguradora

Enquanto se debate as implicações da criação de uma seguradora estatal e a existência ou não de capacidade no mercado local para absorver os riscos das obras de infraestrutura que o país precisa fazer nos próximos anos, um grupo privado nacional anuncia planos de entrar na área, atraído pelas oportunidades de ganhos. A Vinci Partners, empresa de investimentos de ex-sócios do Banco Pactual, capitaneada por Gilberto Sayão, está disposta a aportar até R$ 500 milhões em dois negócios. O primeiro é uma seguradora voltada unicamente para os seguros de garantia de projetos - garante o cumprimento de um contrato de execução de obra - e de riscos de engenharia. O outro é uma resseguradora que atuará em todos os ramos (multiline, no jargão do setor). O novo grupo foi batizado de Austral e aguarda aprovação final para operar em breve.

A Austral Seguradora terá um capital inicial de R$ 25 milhões, enquanto a Austral Resseguradora contará com R$ 100 milhões. Em cinco anos podemos investir até R$ 500 milhões, mais a rentabilidade do próprio negócio [que será reinvestida], diz Alessandro Horta, um dos sócios principais da Vinci. No mesmo prazo, ele espera que as duas empresas atinjam faturamento em prêmios de R$ 900 milhões e 10% de fatia de mercado.

O mercado de seguro garantia e risco de engenharia fatura atualmente cerca de R$ 1,5 bilhão, enquanto o de resseguros tem prêmios de R$ 4 bilhões. O grupo Austral trabalha com projeção de que os dois mercados dobrem de tamanho em cinco anos. Esse é um cenário conservador.

Bruno Zaremba, sócio da Vinci responsável pelo investimento na área de seguros, explica que, no caso específico de seguros de garantia e riscos de engenharia, a Austral RE só vai operar com a seguradora do grupo para evitar conflitos de interesse. Além disso, o grupo quer, assim, ampliar a capacidade de retenção de riscos originados pela seguradora própria.

O mercado de seguro garantia é bastante concentrado em quatro a cinco companhias e acreditamos que com prestação de serviço diferenciada e qualidade vamos conquistar fatias do mercado, diz Carlos Frederico Leite Ferreira, diretor executivo da Austral Seguradora. Ele tem experiência em projetos startup na área de seguros. Iniciou a carreira no setor em 1997 na montagem da Áurea Seguros, hoje incorporada pela espanhola Cesce. Participou também da criação da seguradora do Banco Fator.

Do mercado segurador veio ainda o diretor executivo da Austral RE, Bruno Freire, com longa passagem pela Aon Benfield, corretora de resseguros do grupo Aon. Freire acredita que a Austral poderá se diferenciar da concorrência com mais agilidade. Essa é uma reclamação recorrente dos clientes, diz. A Austral RE será a terceira resseguradora no país da categoria local (segundo as regras do setor). Além dela, apenas o IRB-Brasil e a J. Malucelli têm capital local.

Para cuidar das finanças do grupo segurador foi destacado Michel Cukierman, vindo do Pactual.

A respeito da dificuldade de se firmar num ramo como o de resseguro, em que a solidez de longo prazo (risco de crédito) é imprescindível, Bruno Zaremba diz que a Austral estará respaldada pela robustez financeira da Vinci, com a vantagem de possuir capital de brasileiros, dentro do país.

Antes de se decidirem por começar do zero, os sócios da Vinci mapearam o mercado em busca de oportunidades de aquisição - fazia dois anos que estudavam o setor segurador. Concluímos que havia oportunidade de colocar o dinheiro para trabalhar muito rapidamente, porque há demanda no mercado, conclui Horta.

A Vinci enxerga o setor de seguros como complementar ao seu portfólio de investimentos. É um negócio de alocação de capital, algo que já fazemos, diz Horta. A Vinci administra investimentos de longo, médio e curto prazos.

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