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Empresa cria sistema para roubar mercado dos ferros-velhos

Fonte: IG

Nascida há nove meses, Ecopalace destina restos de veículos à reciclagem e já atende clientes como Allianz e Bradesco Seguros

Uma empresa paulista voltada ao ramo de reciclagem quer roubar uma fatia do mercado dos mais de 1,7 mil ferros-velhos do Estado. O empresário Eduardo Vaz queria se livrar dos materiais usados de sua oficina mecânica. Com três sócios, e com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), criou a Ecopalace, que recolhe resíduos das mecânicas (exceto lixo orgânico e entulho), os separa e dá destino a eles, sem custos para os clientes. Em seus nove meses de vida, a Ecopalace tem mantido o ritmo de crescimento de 15% a cada mês, segundo os sócios. O número de clientes já passa de 200.

A empresa é recente, mas os sócios estudavam maneiras de aplicar a gestão ambiental no setor automotivo desde 2007. O sucesso do empreendimento resultou em mais de um milhão de quilos de resíduos coletados. “Essa empresa foi a solução que encontrei para acabar com os resíduos da minha oficina, que antes ficavam jogados a céu aberto e sem destino completo. Agora se transformou em um negócio”, afirma Vaz.

Com cinco caminhões em sua frota, a Ecopalace tem como clientes 240 empresas do setor automotivo. “Cerca de 50% de nossos clientes são concessionárias e seguradoras. O restante é formado por oficinas independentes”, diz Gustavo Pires, sócio da empresa. Allianz e Bradesco Seguros foram as primeiras seguradoras que aderiram à nova coleta, mas outras já entraram em negociação, como a Porto Seguro. Por meio dessas parcerias, a Ecopalace atende a todas as oficinas afiliadas nos planos de seguro.

Após a retirada dos materiais, a empresa emite um certificado de coleta e recebe um comprovante que atesta a doação. Para facilitar o trabalho de reciclagem, a empresa disponibiliza um treinamento para os clientes sobre como melhorar o manejo dos resíduos, separando-os de forma adequada. “Temos tecnólogos de gestão ambiental para dar orientações”, diz Estácio Antonio dos Santos, sócio da empresa. “Isso é importante porque aumenta a preocupação com o meio ambiente e facilita a coleta”.

O atendimento está disponível na Grande São Paulo, Baixada Santista e Campinas. São mais de 13 empresas responsáveis pela reciclagem dos materiais. O maior empecilho para o crescimento do negócio são as oficinas que reutilizam os materiais usados. “Nossa 'concorrência' é a venda de peças recauchutadas em algumas oficinas, mas isso não acontece sempre. Depende do cliente e do tipo de carro”, afirma Pires.

Outro grande desafio está relacionado à obtenção de recursos. Como os clientes não pagam pela retirada dos resíduos, a Ecopalace gera receita por meio da venda de alguns materiais como aço, ferro e alumínio, para clientes como Votorantim e Gerdau. Os outros resíduos que não possuem grande valor agregado são reciclados sob o custeio da própria empresa, que gasta R$ 70 mil por mês com os gastos operacionais. “Nosso faturamento ainda não supre os custos, mas a partir de janeiro teremos uma receita positiva”, afirma Vaz. A empresa já tem planos de atuar em outros Estados.

Ferros velhos aos milhares

De acordo com o Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço, atuam no Brasil no comércio atacadista de resíduos e sucatas metálicas, ramo popularmente conhecido como ferro-velho, três mil empresas de pequeno e médio portes.

O aumento da preocupação das empresas automotivas (oficinas, concessionárias e retíficas) com o meio ambiente fez com que o Instituto da Qualidade Automotiva (IQA) criasse o chamado “selo verde”, em funcionamento desde 2009.

Para conseguir a certificação, a empresa precisa estar legalizada, atender requisitos como bom estado de conservação do local, fazer coleta seletiva, usar, de preferência, energia solar, entre outros. Além disso, será preciso desembolsar em torno de R$ 2 mil para adquirir o selo, que dura um ano.

Na renovação do certificado, é necessário que a empresa apresente melhorias desde a última visita do Instituto. Caso permaneça igual, há possibilidade de perder o selo verde. Hoje, 12 empresas são certificadas e o Instituto espera que o número aumente. “A certificação está diretamente ligada com a relação da sociedade para com o ambiente. Como o nosso selo não é obrigatório, fica a cargo da consciência de cada um”, afirma Alexandre Xavier, gerente de negócios e marketing do IQA.

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