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Sérgio Rosa resiste à pressão e vai para presidência da Brasilprev

Fonte: Valor Econômico

Ex-presidente da Previ, a fundação de previdência dos funcionários do Banco do Brasil (BB), Sérgio Rosa será confirmado, nos próximos dias, como o novo presidente da Brasilprev, a empresa de previdência complementar mantida pelo BB em associação com o grupo americano Principal Financial. Indicado para o cargo pelo presidente do BB, Aldemir Bendine, Rosa sobreviveu, nos últimos dias, à guerra interna de sindicalistas para garantir espaço neste e num possível próximo governo do PT.

Bendine optou por nomear o ex-presidente da Previ para a Brasilprev no início de maio. Fez-lhe o convite no fim daquele mês, quando Rosa concluiu seu segundo mandato de quatro anos no comando do fundo de pensão do BB. Na ocasião, surgiu uma dúvida de caráter jurídico quanto à nomeação, uma vez que Rosa, ao deixar a Previ, entrara em período de quarentena.

Superado o obstáculo, Sérgio Rosa aceitou o convite de Bendine. A indicação será submetida agora ao Conselho de Administração da Brasilprev, uma mera formalidade, e em seguida à avaliação da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o órgão regulador do setor.

Nos últimos dias, surgiram rumores de que, graças à divulgação de uma carta apócrifa com acusações de tráfico de influência envolvendo Marina Mantega, filha do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e um vice-presidente do BB - Paulo Caffarelli -, a cúpula do governo teria decidido vetar a indicação de Rosa para a Brasilprev. Ontem, assessores graduados do governo informaram ao Valor que a nomeação está assegurada.

O falso dossiê, cujo teor foi revelado pelo Valor em maio, foi elaborado para barrar a indicação de Caffarelli à presidência da Previ. A carta, que faz acusações falsas ao vice-presidente do BB e à filha do ministro Mantega, chegou a ser enviada ao Palácio do Planalto, ao Ministério da Fazenda e à diretoria do Banco do Brasil. Num determinado trecho, diz que Caffarelli, um funcionário de carreira do banco estatal, é tucano.

O texto contribuiu para o veto do governo à nomeação de Caffarelli, mas, da mesma forma, provocou o desgaste de sindicalistas e políticos ligados ao movimento dos bancários, do qual Sérgio Rosa e o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) foram expoentes no passado. Em junho, por exemplo, José Luís Salinas, então vice-presidente de tecnologia do BB ligado a Berzoini, foi demitido. No fim de 2009, outro afilhado político do deputado - Alencar Rodrigues Ferreira Jr. - já havia sido afastado, por Caffarelli, da presidência interina da Companhia de Seguros Aliança do Brasil e nomeado para um cargo menos importante - uma diretoria da Brasilveículos, outra afiliada dio BB.

Para o lugar que originalmente estava destinado a Caffarelli na Previ, Aldemir Bendine conseguiu indicar outro vice-presidente e funcionário de carreira do Banco do Brasil - Ricardo Flores. No governo, atribuiu-se a confecção do falso dossiê a setores do sindicalismo insatisfeitos com a perda de poder na mudança de comando do fundo de pensão, o maior da América Latina, com patrimônio de quase R$ 150 bilhões.

Antes de deixar a Previ, Sérgio Rosa sugeriu para o seu lugar Joílson Ferreira, egresso, como ele, do movimento sindical. Apesar disso, a diretoria do BB, assim como a cúpula do Ministério da Fazenda, isenta-o de qualquer responsabilidade no caso do falso dossiê. Sérgio Rosa goza de boa reputação dentro do BB. Em dez anos de Previ, triplicou o patrimônio do fundo, comentou um assessor graduado.

Em nota oficial, o deputado Berzoini disse não acreditar que seus afilhados políticos no BB tenham participado da confecção da carta apócrifa. Informou, ainda, que, ao tomar conhecimento do teor do dossiê pelo Valor, sugeriu ao ministro Guido Mantega que ordenasse a abertura de sindicância interna no BB para apurar o caso. Até ontem, nenhuma ordem nesse sentido havia chegado ao banco. O ministro, segundo sua assessoria, se nega a comentar uma carta apócrifa.

Na presidência da Brasilprev, Sérgio Rosa administrará patrimônio superior a R$ 27 bilhões. Hierarquicamente, estará subordinado a Paulo Caffarelli, vice-presidente do BB para a área de seguridade e novos negócios.

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