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MP analisa fraude em seguro

Fonte: Diário Catarinense - SC

Investigação descobriu esquema ilegal envolvendo quatro pessoas que fraudavam laudos para conseguir indenizações

O Ministério Público está analisando o processo em que a Polícia Civil aponta um esquema de fraude do seguro obrigatório (Dpvat). O inquérito, dividido em oito volumes, reúne 1,5 mil páginas que acumulam denúncias contra a empresa SD Assessoria Ltda e dois funcionários do Instituto Geral de Perícias (IGP) de Blumenau.

O MP, que também participou das investigações, afirma que não irá se pronunciar sobre o caso antes de ter conhecimento de todo o conteúdo do processo. A investigação da polícia apontou que laudos irregulares, expedidos pelo IGP, teriam sido usados pela empresa SD Assessoria Ltda para resgatar o valor dos seguros. Para isso, ela contava com a ajuda de um médico perito e do auxiliar de necropsia. Em nenhum momento o processo passava ou era avalizado por uma delegacia, como ocorre normalmente.

Segundo a polícia, para encaminhar o pedido, a empresa cobrava da vítima uma taxa de 30% da indenização por invalidez permanente, que chega a R$ 13,5 mil por pessoa. As vítimas sequer eram analisadas pelo IGP e muitas não tinham sequelas físicas causadas pelos acidentes, como revelavam os laudos. O inquérito também apontou que outras nem tinham solicitado o seguro junto à empresa.

Os envolvidos omitiram, em documento público, a declaração de que as vítimas não estiveram presentes na sede do IGP para realização do exame. A gravidade maior é de que os laudos eram confeccionados com a informação de que os pedidos vinham das delegacias, mas nunca foram realmente pedidos por algum delegado explica o delegado Waldir Padilha, um dos responsáveis pela investigação.

Após investigação, IGP mudou procedimento para seguros

Os quatro homens envolvidos no golpe foram indiciados pela polícia por estelionato, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

O coordenador do Núcleo Regional de Perícias do IGP, Daniel Koch, disse que um processo administrativo foi aberto pela corregedoria do instituto. Koch afirma que após as suspeitas das fraudes, o encaminhamento do pedido do seguro foi reformulado e agora é feito por de um sistema eletrônico compartilhado com a Polícia Civil. Segundo o coordenador, o médico-perito envolvido está em licença-prêmio. Já o auxiliar de necropsia continua no IGP.

A Superintendência de Seguros Privados (Susep), responsável pela fiscalização das seguradoras, explica que qualquer pessoa que necessite da indenização por acidente de trânsito pode dar entrada no processo, sem a intermediação de empresas privadas. Mas, é preciso buscar uma seguradora filiada ao Dpvat. O encaminhamento do seguro é gratis.

diário.com.br > Os passos de como encaminhar o pedido do seguro obrigatório

Blumenau

O que dizem os envolvidos

Fonseca Nunes Ribeiro -Médico-perito Luiz Antônio
Defende que nunca fez laudos falsos ou fraudados. Afirma que, nos casos citados no inquérito policial, todas as vítimas tinham o boletim de ocorrência do acidente, apresentavam documentos pessoais e já haviam feito exames médicos nas unidades de saúde onde haviam sido atendidas. O médico-perito nega ter recebido pagamento pela confecção dos laudos.

João Edézio Xavier - Auxiliar de necropsia
Não foi localizado pela reportagem por telefone e nem no prédio do IGP.

Diego Colsani Furtado - Dono da SD Assessoria Ltda
Afirma que os laudos médicos não foram falsificados, mas reconhece que os documentos não informavam que os exames não haviam sido feitos pelo médico-perito do IGP, mas, sim, em outras unidades de saúde. Ele defende que todos os clientes atendidos sofreram as fraturas e tinham as sequelas apontadas nos laudos. Furtado critica a investigação da polícia, afirmando que o número de laudos encaminhados pela empresa é menor do que o apontado no inquérito. Ele também cita que a SD Assessoria não recebia o valor das indenizações, que eram creditadas diretamente na conta das vítimas.

Leandro Eduardo Colsani - Funcionário da SD Assessoria Ltda
Colsani se diz surpreso com as acusações e alega que, nos pedidos das indenizações, eram anexados outros exames feito pelas vítimas. Os exames eram, então, analisados pelo médico-perito, que emitia o laudo comprovando as sequelas das vítimas. O funcionário da SD Assessoria Ltda também defende que não há como fraudar o Dpvat no caso de invalidez permanente, já que o médico da empresa responsável pelo pagamento da indenização é que confirmaria toda a documentação.

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