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Ano de recordes para os seguros

Fonte: Jornal do Commercio - RJ

Expectativa é de que os prêmios superem R$ 200 bilhões em 2011, puxados pela expansão dos segmentos de grande risco, por conta dos investimentos em infraestrutura e de seguros populares, em razão do crescimento da renda

O setor de seguros deve ter em 2011 o melhor ano da história do segmento no País. A projeção é de que os prêmios totais cresçam 12% e superem os R$ 200 bilhões, um recorde, segundo a Confederação Nacional das Empresas de Seguros, Previdência e Capitalização (CNSeg), que incluem dados das vendas de seguros gerais, saúde, previdência e títulos de capitalização.

Dois segmentos devem concentrar a atenção das seguradoras e puxar a expansão do setor. Um deles é a área de grandes riscos, por conta dos investimentos em infraestrutura, e os seguros populares, em razão do crescimento da renda da população e da mobilidade social. "O aumento da renda, do consumo, da expectativa de vida e do patrimônio da sociedade faz com que a necessidade de proteção aumente", avalia Marco Antônio Rossi, presidente do Grupo Bradesco de Seguros e Previdência.

Um dos destaques na seguradora do banco é a venda crescente de seguros massificados, apólices oferecidas a preços mais baixos por meio de parcerias com o varejo e em locais onde vivem pessoas que nunca compraram um seguro, como o Morro Dona Marta, no Rio. Na seguradora, a expansão do segmento foi de 32% no número de clientes, que chegou a 3,2 milhões de pessoas em setembro do ano passado, ante igual mês de 2009.

"Seguros e previdência complementar entraram na pauta das famílias, na medida em que as pessoas começam a perceber a necessidade de planejar e proteger seu futuro", diz Sérgio Rosa, presidente da Brasilprev, seguradora do Banco do Brasil para a área de previdência aberta.

O presidente da Classic Corretora de Seguros, Rubens Nogueira Filho, é ainda mais otimista sobre o desempenho do setor. Ele prevê expansão de 25% a 30% para o segmento de seguros, puxado principalmente por vendas no varejo. Mantido esse nível de crescimento, o setor sairá de um patamar de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) para uma participação entre 6,5% e 7% em um período de sete anos, avalia o executivo.

Na área de grandes riscos, as perspectivas são ainda mais otimistas e as projeções dos especialistas apontam expansão acima de 50% nas vendas em algumas linhas, como riscos de engenharia e seguro garantia (apólices que garantem que uma obra vai ficar pronta dentro do prazo previsto em contrato).

As seguradoras já discutem com construtoras os contratos para o trem bala, estádio do Corinthians (SP), obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, além de outras arenas que serão usadas para a Copa de 2014, como a de Brasília e Manaus.

ESTRANGEIRAS. 
Com essas perspectivas, o Brasil começou a atrair várias seguradoras estrangeiras, como a canadense FairFax, interessadas em operar com riscos de engenharia. Estrangeiras que já estavam aqui receberam aprovação da matriz para reforçar a área e contratar profissionais.

A inglesa RSA traçou uma meta para dobrar de tamanho em dois anos no Brasil. "Estamos com uma estratégia de crescimento acelerado, baseada tanto nas obras relacionadas ao segmento imobiliário, quanto nos projetos mais complexos, sobretudo em infraestrutura", afirma o diretor Comercial da RSA, Ariel Couto.
A seguradora, por exemplo, ficou com a apólice do Estádio Governador José Fragelli (conhecido como Verdão), que sediará em Cuiabá (MT) os jogos do Mundial, avaliada em R$ 342 milhões. Foi o maior contrato de seguro para a Copa do Mundo de 2014 firmado até o momento, mas novas licitações são esperadas para o início deste ano.

Além dos estrangeiros, grupos nacionais como a Vinci Partners, formado por ex-sócios do Banco Pactual, resolveram montar uma seguradora e apostar no segmento. A Austral Seguros, empresa criada pelo grupo, recebeu recentemente autorização de funcionamento da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

O diretor executivo da seguradora, Carlos Frederico Leite Ferreira, destaca que a Austral deve alcançar volume de prêmios de R$ 400 milhões nos próximos cinco anos, puxado por conta de projetos em áreas como concessões rodoviárias, energia elétrica e no setor de petróleo e gás. "Além disso, os acionistas estão preparados para investir até R$ 500 milhões em capital para fomentar o crescimento da empresa."

Na avaliação do presidente da CNSeg, Jorge Hilário, o fato de o Brasil ter tantas obras em andamento fez o País entrar de vez no radar dos grandes grupos seguradores mundiais. Segundo ele, na sede da Confederação no Rio, vários grupos do exterior tem procurado os executivos da CNSeg para discutir oportunidades de investimento no mercado brasileiro, especialmente interessados no mercado de grandes riscos.

SÓCIOS. 
Até o Banco Mundial resolveu investir nesse mercado no Brasil. Por meio de seu braço financeiro, o International Finance Corporation (IFC), o banco fará um aporte na seguradora UBF, focada no seguro garantia e que estava precisando de capital para atuar no setor. O investimento, de US$ 40 milhões, está sendo feito em conjunto com a Swiss Re, maior resseguradora do mundo.

Outra empresa brasileira que recebeu um sócio estrangeiro foi a JMalucelli, maior seguradora do País do segmento de garantias. O grupo americano Traveller comprou 43% do capital da empresa por R$ 625 milhões em novembro. Alexandre Malucelli, diretor-vice-presidente da JMalucelli Seguradora, diz que o grupo conseguirá se capitalizar e entrar em novos ramos no setor de seguros, como seguros residenciais e de automóveis, além de expandir a atuação para outros países da América Latina. A JMalucelli foi uma das participantes da apólice da usina de Belo Monte, que contou com garantia total de R$ 1 bilhão, uma das maiores apólices emitidas no mundo em 2010.

Além da expectativa de aumento das vendas, 2011 será o primeiro ano em que duas grandes seguradoras vão testar seus novos modelos. A Porto Seguro, que fez acordo com o Itaú, deve estar a partir deste mês em 100% das agências do banco, oferecendo apólices de automóveis e residências. O Banco do Brasil espera começar no primeiro semestre as vendas de apólices para automóveis da seguradora que está criando com a Mapfre.

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