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Falta de desastres baixa valor de seguros

Fonte: Valor Econômico

Os preços que as seguradoras pagam para transferir parte de seus riscos para o setor global de resseguros vão cair pelo segundo ano, depois que a ausência de desastres muito caros e as economias com problemas pressionaram as taxas. Os custos dos prêmios deverão cair entre 5% e 10% em termos globais neste início de ano, quandomais de 60% de todos os contratos de seguros não-vida são renegociados.

A queda não é tão grande quanto o que se temia na indústria dos resseguros, segundo especialistas das três principais corretoras de seguros britânicas.

Dois mil e dez foi um ano de objetivos não cumpridos para o setor, uma vez que os altos níveis de desastres naturais e os provocados pelo homem levaram a perdas surpreendentemente moderadas.

Três grandes terremotos no Haiti, Chile e Nova Zelândia levaram a uma perda total de menos de US$ 11 bilhões, por causa dos danos relativamente baixos às propriedades seguradas, enquanto a segunda temporada mais ativa de furacões no Atlântico já registrada não resultou em aproximações desastrosas e custosas do continente americano.

O evento mais caro do ano, o vazamento de petróleo de US$ 20 bilhões em uma plataforma da BP no Golfo do México, provocou perdas de apenas cerca de US$ 1 bilhão em seguros, uma vez que o grupo de energia do Reino Unido retém a maioria de seus próprios riscos de seguro.

James Vickers da Willis, a terceira maior corretora global de seguros, disse: "Foi um ano em que as resseguradoras quase não foram punidas. Houve algumas perdas, de modo que os resultados de subscrição não serão tão bons quanto em 2009, mas o setor está em boa forma e há uma certa capitalização extra".

Dominic Christian, executivochefe da Aon Benfield, a maior concorrente da Willis, disse que, apesar das perdas ocorridas, o capital de resseguro continuou bem maior que a demanda das seguradoras primárias, muitas das quais lutam para manter suas próprias taxas, na medida em que a recuperação da atividade econômica vem sendo lenta na maior parte do mundo, especialmente no mundo desenvolvido, onde a maior parte das apólices de seguros é vendida.

"O capital de resseguro, que hoje está em cerca de US$ 470 bilhões, contra US$ 411 bilhões em 2007, continuará crescendo em 2011, se nenhum grande evento ocorrer, embora em ritmo mais lento", disse Christian. "Isso vai pressionar os retornos sobre o patrimônio." A Guy Carpenter, braço de análises da Marsh, outra grande corretora, acredita que o capital de resseguro está cerca de US$ 19 bilhões, ou 11%, acima dos níveis históricos. Especialistas do setor calculam que somente um evento que provoque perdas de mais de US$ 50 bilhões para as resseguradoras teria um impacto significativo sobre a base de capital do setor, revertendo desse modo as quedas nos preços dos resseguros.

Christian disse que as resseguradoras conseguiram evitar queda maior nos preços em parte porque mudanças nos modelos do setor significam que perdas maiores agora são esperadas com furacões que atingirem o interior dos Estados Unidos, no Texas e na Flórida. As resseguradoras também estão contratando mais "resseguros laterais", que cobrem perdas menos extremas, o que ajudará as seguradoras primárias a terem lucros sem grandes problemas.

O nível elevado de capital em excesso deverá continuar permitindo às resseguradoras fazer pagamentos elevados aos seus acionistas, na forma de recompras de ações ou dividendos especiais.

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