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Grande risco atrai seguradora estrangeira

Fonte: Valor Econômico

Apesar da queda de preço, empresas apostam no potencial de crescimento com obras de infraestrutura

A queda dos nos preços dos seguros de grandes riscos, que no ano passado chegou a cerca de 10%, não assusta as seguradoras e corretoras estrangeiras presentes no Brasil. As empresas apostam nesse setor como forma de ocupar espaço no mercado. A Tokio Marine, maior seguradora do Japão e com operações em mais de 40 países, quer expandir os negócios nessa área em 2011.

Segundo Akira Harashima, diretor presidente da Tokio Marine Seguradora, grandes riscos têm crescido bastante no portfólio da empresa. A Tokio Marine faturou em prêmios, no ano passado, R$ 1,75 bilhão, 3% acima de 2009. Boa parte desse resultado, cerca de 35%, veio dos chamados riscos diversos, onde estão incluídos os grandes riscos. Tem vários projetos acontecendo e, com certeza, há um potencial de negócios muito grande, afirma Harashima.

O Brasil é hoje um dos três mercados mais importantes da Tokio Marine fora do Japão. Só fica atrás dos Estados Unidos e da Inglaterra, mas está cada vez mais próximo do segundo país, conforme Harashima. Assim como o Japão, os mercados dos EUA e Inglaterra já são maduros, diferente do Brasil, que tem várias oportunidades novas para as seguradoras.

A americana Liberty, com escritórios espalhados por 17 países e que faturou no ano passado US$ 5 bilhões com grandes riscos no mundo, opera no Brasil nessa área desde o final de 2008. A receita em 2010, de R$ 35 milhões, é ainda modesta, mas quase dobrou em relação ao ano anterior. No nosso caso, como começamos há apenas dois anos, os números não refletem a queda de preços, já que partimos do zero, diz André Guidetti, gerente da área de risco de engenharia da Liberty.

Guidetti considera que a redução dos valores contratados, em 2010, tem um lado positivo. O seguro fica mais competitivo. Antes, para aceitar os riscos era complicado, não tinha como fazer localmente. As resseguradoras que chegaram ao Brasil trouxeram a experiência na área e as locais começaram a assumir riscos que antes não faziam. Para o gerente da Liberty, a queda de preços poderia ter sido até pior se não tivéssemos num momento como hoje, com forte crescimento econômico e grandes projetos de infraestrutura no país. Ele acredita que o mercado soft veio para ficar. Se tudo continuar do jeito que está, o mesmo ritmo de negócios, e não houver uma grande catástrofe, acho que a tendência é permanecer assim no Brasil pelos próximos 10 anos.

Nesses dois anos atuando em grandes riscos no Brasil, as carteiras que mais tiveram destaque para a Liberty foram as de riscos de engenharia e D&O, em razão das diversas obras de infraestrutura e da maior conscientização das empresas da necessidade de cobertura dos executivos.

As duas maiores corretoras de seguros do mundo, as americanas Aon e Marsh, não veem perspectivas de grandes mudanças nos preços neste ano. O que pode alterar o cenário, diz Marcelo Homburguer, vice-presidente da Aon no Brasil, é a ocorrência de uma grande catástrofe com impacto mundial. Ele lembra de dois momentos históricos que tiveram influência grande para puxar os preços. Um dos piores anos para o mercado segurador foi em 1992, com o furacão Andrew, que atingiu os EUA. Na época, a perda para as seguradoras, o valor indenizado, chegou próximo a US$ 40 bilhões, diz.

Outro evento importante foi o ataque terrorista de 11 de setembro, nos Estados Unidos.

Para nós, da Aon, a baixa de preços não é necessariamente ruim. O que oferecemos ao nosso cliente não fica atrelado apenas ao prêmio, está ligado também a também a serviços de consultoria e performance, afirma Homburguer.

No ano passado, a Aon, com grande presença no mercado corporativa, obteve no mercado brasileiro receita de R$ 2,4 bilhões com seguros em geral.

De acordo com Eduardo Takahashi, diretor executivo de grandes riscos da Marsh, o objetivo da corretora não é apenas faturamento, mas sim a lucratividade, ou seja, o prêmio descontado o sinistro. Takahashi acredita que duas resoluções editadas pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) podem causar instabilidade nas novas negociações das seguradoras e resseguradoras. A resolução 225 diz que, a partir de 31 de março deste ano, 40% do risco de um contrato terá de ser repassado no mercado local. Já a resolução 224 proíbe a seguradora a repassar o resseguro para o mesmo grupo econômico fora do país. O problema é que o volume de cobertura de resseguradoras locais ainda é pequeno e algumas têm capacidade baixa de reter o risco, diz Takahashi. Para ele, essas resoluções poderão trazer instabilidade nas novas negociações de preços.

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