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Já parou para pensar quanto custaria indenizar alguém prejudicado por você?

Fonte: Seguro S/A - Denise Bueno - http://vocesa.abril.com.br/blog/seguro-sa/

Lendo a matéria “Indústria quer cobrar prejuízos com apagão”, publicada na edição desta quarta-feira do jornal Valor Econômico, fiquei pensando em como a indústria de seguros pode ajudar a desenvolver a educação e a consciência das pessoas, das empresas e dos governos. Da mesma forma que somos responsáveis por tudo que cativamos, como diz o clássico “Pequeno Príncipe”, somos responsáveis por todos os danos que causamos a terceiros.

Essa consciência, fruto da educação, no entanto, ainda é pouco usada no Brasil. Mas começa a tomar força e em breve deverá ser um hábito da população. Segundo a reportagem do Valor, a indústria do Polo de Camaçari, na Bahia, já registra um prejuízo diário de R$ 30 milhões em função do blecaute originado nas linhas de transmissão e subestação da Chesf e que atingiu o Nordeste do país na sexta-feira passada.

As estimativas são das empresas ligadas à Associação dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace) e já se estima que em todo o Nordeste o prejuízo se aproxime de R$ 100 milhões. As perdas da grande indústria são só a ponta de um problema que vem se intensificando desde o grande apagão de 2009, que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) creditou ontem à empresa Furnas, e que tem atingido consumidores por todo o país.

Diante das perdas, as indústrias querem indenização dos responsáveis pelo apagão. Assim como elas, tem crescido de forma substancial o número de pessoas que pedem indenizações. Até mesmo as seguradoras pedem ressarcimento aos culpados por perdas geradas aos seus segurados.

No caso do apagão, muitas dessas empresas têm seguro. Mas há franquias. Amargar as perdas? Isso fica cada dia mais dificil, pois todos precisam reduzir custos e cumprir metas para manter seus empregos, bônus e o lucro do acionista. Essa é a regra do capitalismo moderno. E as seguradoras estão dentro desse jogo. Afinal, são empresas voltadas a ter lucro, assim como outra qualquer.

Mesmo que as seguradoras paguem pelos prejuízos de seus clientes com perdas com o apagão, elas vão buscar ressarcimento dos responsáveis pelos danos. Isso porque a seguradora, na verdade, é uma administradora de recursos das pessoas e empresas que decidiram fazer seguro. A companhia de seguro recolhe um valor de cada segurado e administra essa quantia para poder pagar para aqueles que tiverem perdas. Se administrar bem os valores, não precisará aumentar o preço do seguro e terá um bom lucro para estimular o acionista a continuar aportando recursos no negócio. Se administrar mal, terá prejuízo, precisará cobrar mais dos segurados para fazer frente aos pagamentos de indenização e, consquentemente, perderá clientes para a concorrência.

Até agora, as altas taxas de juros que remuneram os valores captados dos clientes geram um bom retorno financeiro. Isso ajuda a manter a operação lucrativa. Com a tendência de queda dos juros, a saída das seguradoras será fazer valer a responsabilidade de cada um. Assim como as empresas que tiveram perdas em razão do apagão do início da semana, as seguradoras deverão exigir indenizações dos responsáveis pelos danos e assim rentabilizar a administração dos recursos dos segurados.

Por exemplo. A revista Veja trouxe em uma de suas edições fotos das galerias fluviais de São Paulo. Tinha até sofa lá dentro. Se em novembro, dois meses antes das tradicionais enchentes, as prefeituras adotarem o hábito de fazer uma limpeza nas galerias, com certeza menos gente vai morrer ou perder tudo. Afinal, todos sabem que as chuvas acontecem. Basta lidar com esse quadro, que tende a se agravar em razão do crescimento do Brasil, do aumento da urbanização e também do volume de lixo em razão da alta do consumo.

Caso as seguradoras quisessem, poderiam solicitar aos governos ressarcimento das indenizações pagas para segurados que foram vítimas de danos causados pelo descaso do governo. Mas acredito que a princípio, farão apenas um alerta e darão sugestão de gerenciamento de risco que podem ser adotados para mitigar que tais perdas voltem a acontecer por falta de prevenção.

Um outro exemplo são os recalls da indústria automotiva. As seguradoras podem levantar em seus bancos de dados as indenizações pagas em razão de acidentes causados pelos defeitos. Nos EUA, as seguradoras avisaram a Toyota sobre a incidência dos acidentes, mas a montadora demorou a aceitar o problema, o que lhe custou caro na perda de imagem, nas multas e nas indenizações que teve de pagar.

Um exemplo brasileiro recente é a queda da roda do Stilo, da Fiat. Um parecer do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) constatou a existência de um defeito no conjunto do cubo da roda dos veículos, o que poderia, em último caso, causar a soltura da roda. Durante a investigação, foram noticiados cerca de 30 acidentes envolvendo o problema entre 2007 e 2008 –nos quais oito pessoas morreram–, com veículos fabricados entre 2004 a 2008. A montadora fez um recall em razão desse defeito.

Essa consciência, de pedir indenização por perdas causadas por terceiros, criou a gigantesca e bilionária indústria judicial nos EUA. Também estimulou a educação, com as pessoas tendo mais respeito por si, pelo outro e pelo planeta. Mesmo com educação, cuidado e prevenção, há imprevistos. Por isso se consolida uma indústria de seguros para vender apólices de responsabilidade civil.

Hoje há produtos que cobrem diversos tipos de responsabilidade civil empresarial, governamental e também dos indivíduos. Como apólice para cobrir danos causados ao vizinho mordido pelo cachorro ou para indenizar um acionista que ganhou uma causa na Justiça alegando perdas financeiras por má gestão do administrador da empresa. Até mesmo se o cabeleleiro for processado pela cliente porque a cor do cabelo ficou horrorosa há seguro. Melhor ficar atento. Pois parece que a moda de pedir indenizações no Brasil está pegando. Melhor ter um seguro do que ter seu patrimônio confiscado para pagar reparações a terceiros.

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