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Seguradoras criam novas apólices para automóveis

Fonte: Valor Econômico

Com venda recorde de veículos, surgem opções mais baratas

De olho no forte crescimento das vendas de automóveis, que vem a cada mês batendo novos recordes, as seguradoras investem em produtos ainda pouco usuais no Brasil, mas que vêm atraindo, pouco a pouco, o interesse dos consumidores. Seguros de automóveis diferenciados, com preços até 50% mais baratos, garantia estendida, que cobre até dois anos além dos 12 meses oferecidos pela fábrica, e proteção financeira nos financiamentos de veículos vêm ganhando espaço no mercado e são apostas principalmente das companhias estrangeiras.

O filão ocupado por esses produtos ainda é pequeno, se comparado aos seguros tradicionais de automóveis, mas é uma nova frente de atuação com boas perspectivas. No ano passado, a arrecadação em prêmios dos seguros de veículos foi em torno de R$ 15 bilhões, enquanto a garantia estendida não passou de R$ 51 milhões, conforme dados da confederação nacional das empresas de seguros, a CNSEG. O crescimento da garantia estendida no ano passado, porém, chegou a 90%, o maior do segmento de veículos, ao passo que o seguro tradicional aumentou 14%.

A francesa Cardif, controlada pelo grupo BNP Paribas, e as americanas Assurant e Indiana oferecem há alguns anos esses tipos de apólices. O mercado de automóveis teve um ano excelente em 2010. Acompanhamos esse desenvolvimento porque temos produtos específicos para esse mercado, afirma Alexandre Boccia, presidente da Cardif. Embora a proteção financeira (que cobre as prestações em caso de desemprego, morte ou invalidez) ainda seja o carro-chefe da Cardif, com 50% do volume de prêmios da empresa, as principais apostas da seguradora são a garantia estendida e um produto lançado há pouco mais de um ano e que está saindo agora da fase piloto, o Autofácil.

Temos atuado historicamente junto às classes C e D, com um poder de compra menor. Por que não oferecer, então, um seguro de automóvel mais simples?, questiona Boccia. O Autofácil foi lançado há um ano e meio e cobre apenas o roubo do veículo. A apólice não dá cobertura contra colisão ou terceiros, por exemplo. Em compensação, o custo é cerca de 50% mais barato em relação aos seguros tradicionais, não tem o perfil da pessoa nem franquia e pode ser pago mensalmente, nos cartões de crédito ou débito. É obrigatório no Autofácil o uso do rastreador, fornecido pela seguradora.

As vendas ainda são modestas, cerca de 2 mil a 3 mil apólices por mês, mas a Cardif, após uma fase de experiência em São Paulo e Salvador, está ampliando a venda a todo o país e feito campanha junto aos corretores para oferecer o produto aos consumidores. Segundo Boccia, atualmente apenas um terço da frota de automóveis do país, que supera 35 milhões, tem seguro. O Autofácil não é para essa parcela. É para os outros 66%, cerca de 20 milhões, que não têm cobertura. É para quem não tem seguro e não tinha carro.

A americana Assurant busca, com a garantia estendida, reproduzir em parte a cobertura dada pela fábrica. Em geral, a apólice garante um ou dois anos adicionais, além do primeiro oferecido pela fábrica. A Assurant começou a comercializar o produto há três anos. Em 2009, faturou R$ 4 milhões em prêmios, 2,5% da carteira total. No ano passado, triplicou as vendas, para R$ 15 milhões. No último trimestre do ano passado, a garantia estendida já representava 10% de nossa carteira, afirma Ricardo Fiuza, presidente da Assurant Solutions Brasil. A seguradora faturou em prêmios em 2010 R$ 292,7 milhões, expansão de 27% comparado aos R$ 227 milhões de 2009.

O seguro de garantia estendida não cobre colisão nem roubo. A exemplo da fábrica, atende no caso de defeitos mecânicos, hidráulicos e elétricos. Uma quebra de suspensão, por exemplo, está coberta.

A seguradora americana Indiana, líder no mercado de garantia estendida no Brasil, também é otimista com o potencial de crescimento dessa apólice. Há 10 anos com esse produto em carteira, Russo reconhece que o interesse do consumidor só começou há cerca de três anos, como reflexo da chegada de montadoras estrangeiras ao país, que passaram a oferecer garantias de até cinco anos, lembra Paulo Russo, diretor para o canal concessionárias da Indiana.

Foi a partir daí que o movimento cresceu na rede de concessionárias, diz. A Indiana faturou em prêmios no ano passado com a garantia estendida R$ 18 milhões, incremento de 80% em relação aos R$ 10 milhões de 2009. A carteira total da seguradora, na qual o seguro convencional de automóveis representa quase 90%, chegou a R$ 370 milhões, expansão de cerca de 15% em comparação aos R$ 320 milhões de 2009.

A Indiana trabalha, no seguro de veículos, apenas nas concessionárias, 1.200 espalhadas pelo país, para todas as marcas de veículos. Russo vê enorme potencial para a garantia estendida no Brasil, onde ocupa hoje menos de 1% do mercado. No México, tem 25% de penetração em vendas no segmento de automóveis; nos EUA, cerca de 23%, afirma o diretor da Indiana. Ele estima que em três anos possa chegar no Brasil a 5% a 7% de penetração na carteira de veículos.

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