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Brasil terá R$ 2,8 bi em novos prêmios nos próximos 3 anos

Fonte: Revista Apólice

Entre os assuntos que estão em pauta no mercado de seguros brasileiro, três recebem atenção especial: as consequências dos custos gerados pelas recentes catástrofes (como o terremoto seguido de tsunami no Japão, em março), as obras do PAC, da Copa do Mundo e das Olimpíadas, e as resoluções do CNSP sobre a atividade de resseguro no País.

Durante o evento Insurance Summit, realizado ontem (13), em São Paulo, esses temas deram tom aos debates. Uma das críticas de executivos do setor é sobre a Copa do Mundo e as Olimpíadas que serão realizadas no Brasil, por conta da desorganização e falta de investimentos em infraestrutura. "Enquanto países como China e Inglaterra destinaram 40% do PIB para investimentos para as Olimpíadas, o Brasil investe apenas 17%", observou Daniel Meneghin, diretor de Sinistros da ACE. A ausência de medidas antiterroristas e ações para diminuir a criminalidade foram outros pontos destacados pelo executivo.

Já o vice-presidente da JLT Re, Rodrigo Protasio, apontou as oportunidades que os eventos esportivos trarão para o Brasil. Segundo ele, estudos preveem que a Copa do Mundo vai gerar R$ 183 bilhões para a economia do País. Serão 600 mil turistas estrangeiros desembarcando no Brasil e 3 bilhões brasileiros de deslocando nas terras tupiniquins, o que gerará um impacto de R$ 9 bilhões na economia. Fora os impactos indiretos, estimados em R$ 138 bilhões até 2019. Novos setores precisam de atenção, como a produção de energia. "Serão necessários 6 mil megawatts", analisou. Segundo Protasio, 55 setores da economia serão atingidos. Dos investimentos, 0,5% corresponderá ao mercado de seguros. "A previsão é atingir R$ 2,8 bilhões em novos prêmios nos próximos 3 anos", projetou. Entre as coberturas oferecidas estarão: Operações, RC produtos, Conservação (para aparelhos alugados), Patrimoniais (obras provisórias), RD equipamentos (relógios para competição), Pessoais (convidados e equipe de atletas), entre outras.

Momento hard
Segundo o diretor de Grandes Riscos da Allianz, Ângelo Colombo, o mercado vem de um momento "soft". Ou seja, mesmo com as catástrofes que aconteceram em 2010 - como os terremotos no Chile e na Nova Zelândia -, Colombo disse que o ano foi lucrativo para as seguradoras. Outra constatação feita por ele é que "países onde ocorrem mais catástrofes contratam mais seguros". Para Cid Moreira, diretor geral da Catlin Brasil Serviços Técnicos, o evento no Japão colocou em cheque o clausulado referente às catástrofes. "A indústria está discutindo para calcular as perdas e analisar como esse item será revisto e levado em conta nos contratos", comentou.

Apesar de 2011 apresentar um cenário de perdas maiores, de acordo com o executivo da Allianz, "se houver mudança de capital e liquidez, os preços dos seguros deverão continuar baixos". Porém, há o risco de maior rigor na regulação dos sinistros, levando o mercado a um "momento hard". Segundo ele, há alguns setores nos quais o histórico do cliente deixa de ser levado em conta para a aceitação do risco - o importante será a atividade que ele exerce. Como exemplo, os setores de produção de algodão e aqueles relacionados à química. Por outro lado, os segmentos que estão em alta agora são os ligados a petróleo e à melhoria da infraestrutura, como garantia, D&O, construção (predial e naval), riscos de engenharia etc. O destaque é para o seguro garantia que, segundo Colombo, traz cada vez mais players para o mercado e é incentivado pelas leis. Ele explica que as oportunidades e os riscos estão sempre juntos, por isso é preciso tomar alguns cuidados, como reduzir o dano máximo provável para acomodar os riscos nos contratos.

"Quem define o dano máximo provável é uma peça-chave, que pode alavancar a produção ou causar problemas. Uma opção é fazer um contrato de excesso de danos", disse.

Sobre as resoluções 224, 225, 232 e 168, o diretor da Miller Corretora de Resseguros, Antenor Ambrósio, afirmou que "o Brasil havia conseguido uma reputação estável no exterior. Com as resoluções, esse cenário mudou". Ele acrescentou que estão aparecendo novos players, mas com uma capacidade pequena. A partir disso, Ambrósio levantou algumas questões: qual será a solução caso as resseguradoras locais recusarem os riscos levados pelas seguradoras e o que fazer quando faltar capacidade? Segundo ele, uma alternativa às resoluções seria deixar a cargo de diferentes órgãos do governo (Susep, Cade e Receita Federal) analisar as ofertas de valores inadequados. Para Sérgio Barroso de Mello, membro da AIDA (Associação Internacional de Direito do Seguro), a ausência de regulação concreta sobre o seguro gera uma grande divisão de ideias, prejudicando a resolução da questão.

Jamille Niero
Revista Apólice

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