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Planos de saúde de Pernambuco enfrentam mais de 3 mil reclamações de clientes

Fonte: Blog de Jamildo

Por Ana Laura Farias, do Blog de Jamildo

Não é só o Sistema Único de Saúde (SUS) que tem motivado reclamação dos pacientes e usuários.

A rede privada em Pernambuco também tem sido alvo de queixas por parte daqueles que pagam pelo serviço.

Muitos passam meses em disputas judiciais ou tentativas de acordo com as prestadoras de serviço, que muitas vezes não autorizam exames ou outros procedimentos necessários à intervenções cirúrgicas.

Foi o caso de Divanize da Silva, 59, feirante moradora de Águas Compridas, em Olinda.

“Mesmo ganhando pouco, sempre me esforcei para pagar um plano de saúde, pois imaginava que puderia me ajudar se tivesse algum problema de saúde”, diz. Divanize fez o contrato com seguradora há cerca de 15 anos. Tudo sempre correu muito bem, ela fazia exames e todos os procedimentos que precisava, normalmente.

O problema começou quando a feirante descobriu que estava com câncer na traqueia. Para fazer a cirurgia de retirada do tumor, precisava realizar os exames de tomografia e ressonância magnética, procedimentos negados pelo plano de saúde há menos de um mês da intervenção. “Eu fui muito maltratada, nem gosto de lembrar. Quando fui reclamar, sabe o que me disseram? Que se eu estivesse achando ruim, deveria procurar a justiça”.

E foi exatamente isso que dona Divanize fez. Com o apoio da associação, acionou a Justiça e conseguiu reaver os R$ 780,00 que a família havia sido obrigada a pagar para que ela fizesse os exames.

Conseguiu, então, garantir a cirurgia para retirada de tumor, ainda que “longe das condições ideais”. Ela fez a operação em hospital privado do Recife.

"Foi horrível. Me colocaram em um quarto todo bagunçado, fedendo. Foi uma sensação horrorosa”. Como sofre de pressão alta, Divanize precisou ser medicada antes de a cirurgia. “Aí, no final de tudo, ainda me negaram o remédio para a pressão. Minha família teve que ir na farmácia comprar”, relata.

O advogado Roberto Sampaio, 72, também teve problemas com planos de saúde. Há três anos, precisou fazer uma cirurgia de catarata, mas a seguradora negou o cristalino, ferramenta necessária para a intervenção.

"Foi um transtorno muito grande. Eu esperava que tudo fosse correr normalmente. Só soube que o cristalino tinha sido negado um mês antes da cirurgia", diz. Roberto chegou a pagar pelo cristalino e só foi ressarcido após vencer a disputa na Justiça. O plano de saúde entrou com recurso, mas foi obrigada a ressarcir o cliente.

Já o biólogo José Eduardo da Silva, 58, servidor do Exercito, não tem reclamações quanto à sua seguradora. Mesmo assim, utiliza o serviço público de saúde quando precisa de atendimentos de emergência. Morador de Jaboatão, sempre frequenta a UPA de Engenho Velho. "O hospital do Exército é muito longe da minha casa". "Eu não penso em mudar de plano não. Os outros são todos muito ruins", relata.

“O número de queixas tem mesmo aumentado nos últimos anos”, diz Renê Patriota, fundadora da Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps), entidade responsável pela defesa dos usuários de plano de saúde, tanto públicos quanto privados.

Ela conta que existem avanços nestes 15 anos da instituição, como a mudança de postura do Judiciário quanto às questões de saúde. “Os tribunais estão cada vez mais sensíveis às causas dos pacientes. Se antes existia uma tendência pró-seguradoras de saúde, hoje a grande tendência é mesmo que os pacientes vençam as disputas judiciais”, conta. Atualmente, a Aduseps lida com 3 mil ações e tem 5 mil associados.

Em Pernambuco, os médicos realizaram uma paralisação no Dia Mundial da Saúde (7 de abril). O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) considera que a Agência Nacional de Saúde (ANS) tem sido omissa na regulamentação dos contratos entre médicos e operadoras.

A coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Defesa do Consumidor de Pernambuco, Liliane Fonsêca Lima, admite que o Judiciário está mudando o comportamento quanto à defesa dos clientes de planos de saúde, mas acredita que a maior mudança está mesmo no consumidor. 'Hoje, as pessoas buscam mais seus direitos, procuram órgãos de defesa do consumidor, além de buscarem o Ministéro Público", diz.

O presidente regional da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), Flávio Wanderley, diz que as reclamações são "naturais" de qualquer relação contratual.

"É natural que nesse universo de clientes existam algumas reclamações. O problema é que os usuários sempre acham que têm apenas direitos e nunca deveres", diz. Pernambuco tem R$ 1,2 milhão de clientes.

Nesta sexta-feira (15), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vai fazer audiência pública sobre o atendimento dos planos privados. A proposta é incluir 36 tipos de cirurgias menos invasivas e induzir à modificação do atual modelo assistencial.

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