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Porto valoriza conveniência para fidelizar clientes

Fonte: Sonho Seguro

A Porto Seguro, maior seguradora do Brasil, a única a estar listada no Novo Mercado da BM&F e a primeira empresa a entrar na telefonia virtual, tem muitos desafios pela frente. Até dois anos atrás, vencia pela qualidade de seus serviços, extremamente diferenciados da concorrência. Com o amadurecimento da indústria de seguros, seus concorrentes se organizaram e ficam cada dia mais fortes e atentos em conquistar o consumidor com serviços e produtos de qualidade. A saída, então, é aprimorar cada vez mais o atendimento e valorizar a conveniência, diz Fábio Luchetti, vice-presidente da Porto Seguros. Veja abaixo os principais trechos da entrevista concedida à jornalista Denise Bueno.

Quais os desafios do País, do setor e da empresa nos próximos anos?

O Brasil precisa superar o desafio investir consistentemente em infraestrutura e educação. Quanto ao setor, é necessário criar soluções para classes menos favorecidas, além lidar com os efeitos da degradação ambiental e ampliar a visão da importância do seguro na sociedade brasileira e da empresa. Na Porto Seguro, encaramos o desafio de continuar crescendo, com qualidade no atendimento e exercitando a capacidade constante de inovar e administrar múltiplos canais de vendas.

Quais os principais estratégias e investimentos da empresa para enfrentar a concorrência?

A principio é preciso não perder o foco e continuar investindo fortemente na relação com os corretores de seguros; precisamos avaliar cuidadosamente novos canais de distribuição que não destruam valor; continuaremos investindo em muito treinamento e seleção de pessoal rigorosa e, principalmente, em melhorar cada vez mais nossos serviços e benefícios aos clientes, valorizando sua comodidade e conveniências.

Quais os principais gargalos que o Brasil precisa superar para baratear ou viabilizar alguns seguros como transporte, grandes riscos, vida, previdência, automóvel e residência, por exemplo?

Existem várias questões para serem abordadas e que poderiam viabilizar o produto “seguro” para um numero maior de pessoas. Seguem as principais dentro de cada ramo.

Em transporte?

No Brasil o seguro de transporte é obrigatório, porém calcula-se que mais de 50% das transportadoras ou 50% das cargas transportadas no Brasil não tenham seguro e isto ocorre basicamente por falta de fiscalização eficiente.

E em grandes riscos?

Estes são seguros bem complexos que contam com poucas seguradoras especialistas e que atendem bem o mercado. Do lado do segurado (que em geral são grandes empresas) também contam com bons gestores de risco e são assessorados por bons corretores de seguros. Não vejo aqui qualquer “gap” neste momento, principalmente porque o Brasil recentemente abriu o monopólio do IRB o que permitiu que várias resseguradoras internacionais oferecessem bons produtos para o mercado nacional.

Vida e previdência exige um empenho maior, não?

Hoje os acordos sindicais e os bancos exercem um papel importante para que boa parte da população tenha um seguro de vida, ainda que com um valor baixo. De um lado, falta consciência da população para buscar capitais de proteção maiores, o que deverá vir com o tempo e o aumento do nível de escolaridade. Considerando que as classes C e D estão cada vez mais consumistas, as Seguradoras devem se voltar para criar produtos que tenham como foco a forma de cobrança mais barata, evitando boletos bancários que são caros. Soluções como cobrança por cartão de crédito, contas de consumo e balcões do comercio podem ser uma saída para aumentar a velocidade de distribuição deste produto. Já no previdência, o aumento do nível de conscientização (com educação eficiente) é que vão levar ao aumento do consumo. Nosso País tem carência de c onsumo de bens e serviços e a previdência ainda não é vista como uma prioridade nos orçamentos das pessoas.

E a sua especialidade, automóvel?

Neste ramo muitas ações poderiam ser adotadas, pois hoje apenas 25% dos veículos são segurados. Algumas ações seriam a redução do IOF para veículos com idade superior a 10 ano; a mudança na lei que permitiria o uso de peças genéricas ou até mesmo usadas para a reparação dos veículos; o investimento no nível de segurança na fabricação dos veículos o que diminuiria a frequência de furtos; e a fiscalização mais intensa focando o uso de álcool, que é responsável por uma parcela grande dos acidentes envolvendo veículos

O que me diz de residência?

Assim como no Vida, uma reformulação no sistema de cobrança e na forma de distribuição poderiam aumentar a carteira de seguros de residência. A dotação de serviços agregados, como assistência 24 horas e soluções de conveniência, podem ampliar a percepção por este ramo de seguro.

E como atender o público de menor renda?

O MicroSeguro vem sendo bastante discutido e deve permitir que pessoas de baixo nível de renda possam contratar tipos de seguro a custo baixo , como funeral e perda de emprego. O uso da internet, do telefone e de canais alternativos podem ajudar a alavancar esta modalidade de seguro.

O que os acionistas mais cobram dos executivos para liberarem recursos para investimentos em expansão, seja orgânica ou por aquisição?

Projetos sustentáveis e que estejam sintonizados com o futuro da organização, que tenham relação com o “core business” e, obviamente, que gerem resultados, ainda que em longo prazo.

Quais as principais mudanças do setor nos últimos cinco anos que exigiram a reformulação do jeito de ser da companhia?

O avanço da tecnologia e das comunicações revolucionou as relações com o canal de distribuição, permitindo mais massificação e redução do custo para os consumidores. Também a competitividade com a abertura de mercado e a globalização torna as pessoas mais produtivas, afetando sua percepção de tempo e qualidade, exigindo muito mais das empresas. Ainda, os aspectos das mudanças climáticas, ocasionando catástrofes, têm acelerado a consciência sobre o ambiente e, por consequência, aumentaram consideravelmente a exigência para produtos e serviços sustentáveis.

A empresa comprou ou uniu-se a outro grupo na ultima década?

Sim. A Porto Seguro adquiriu a subsidiária da Axa no Brasil, em 2003, que virou a Azul Seguros em 2004. Recentemente, em setembro de 2009, realizamos a aquisição da carteira de seguros de Auto e Residência da Itaú Seguros, que virou Itaú Seguros de Auto e Residência. O processo de incorporação da Azul está concluído, e essa seguradora opera na linha de oferecer seguros e soluções para clientes que buscam menor preço, com a vantagem de fazer parte da corporação Porto Seguro. O processo de integração da Itaú Seguros de Auto e Residência está em andamento. Já estamos em todas as agências comercializando as 3 marcas: Porto Seguro, Azul e Itaú Seguros de Auto e Residência. Desse total, 22 agências já tem o modelo envolvendo o corretor. O resultado inicial mostrou uma aceitação dos corretores e uma tendência para venda de produtos para novos clientes.

Prevê novas aquisições no setor no médio prazo?

Estamos sempre atentos a oportunidades que surjam no mercado e avaliamos.

Acredita que a consolidação prejudicou a concorrência?

Pelo contrario, essas aquisições têm permitido aprimorar os serviços e a qualidade a todos os consumidores, criando, inclusive, mais competitividade no setor.

A empresa já esta adaptada as novas regras de capital baseado em risco?

Todas as empresas da Corporação estão adaptadas as novas regras de capital, não será necessário aportes de capital. Em resumo as novas exigências de capital aumentaram a margem de solvência em torno de 25%, e cada empresa sofreu um impacto diferente em virtude da alocação de capital, mas nenhuma precisou de aporte. Acreditamos que as novas regras de capital irão pressionar o mercado para uma maior concentração de empresas, pois a necessidade de capital aumentou significativamente.

E quanto ao IFRS, a Porto já publica o balanço dentro das regras?

Sim, já em 2010 publicamos de acordo com as novas normas contábeis e não houve grandes diferenças de GAAPS, pois a corporação estava em pro cesso de convergência há alguns anos. P rocuramos adotar as melhores práticas, sempre que possível, em convergência com os IFRS. A principal diferença para a Corporação foi a aplicação do IFRS 3 – Combinação de Empresas (Business Combinations), pois a compra da Carteira de Automóvel e Residência do Itaú aumentou nosso PL em aproximadamente R$ 1 bilhão de reais, pressionando nosso retorno sobre o PL (ROAE). A Convergência das normas contábeis exigiu muito esforço da Administração, mais acreditamos que a mesma irá contribuir para o mercado de capital brasileiro, pois deixa nossas demonstrações financeiras mais confiáveis e o investidor poderá comparar os resultados e lucratividades de nossas empresas com quaisquer empresas do mundo.

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