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O novo salto de Miranda

Fonte: IstoÉ Dinheiro

Ele trocou o hipismo pelos seguros, e agora aposta no fim de uma prática arraigada no setor de transportes: o uso da carta-frete. A mudança pode representar uma oportunidade de negócios de R$ 1,8 bilhão

Por Carlos Eduardo VALIM

O tempo livre para cavalgar ficou no passado. O empresário carioca Ricardo Miranda, dono do grupo Pamcary, transmitiu ao filho Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, o gosto pelo hipismo e se concentrou em seus negócios, trocando os equinos por caminhões com muitos cavalos de potência. Seguradora e administradora de meios de pagamento destinados às empresas de transporte, a Pamcary agora está de olho em uma oportunidade de R$ 1,8 bilhão que deve surgir em outubro, quando as transportadoras serão proibidas de emitir as cartas-frete, o meio de pagamento tradicional (e informal) usado Brasil afora. Pelas estimativas do setor, esses comprovantes de pagamento emitidos em papel movimentam cerca de R$ 84 bilhões todos os anos em despesas dos motoristas com combustível, alimentação e hospedagem.

Briga com o papel: a meta da Pamcary é conquistar 30% do mercado, com uma mãozinha do Fisco

A carta-frete tem diversos problemas operacionais. Um dos maiores é valer apenas nos postos de abastecimento credenciados pelas transportadoras. Tendo clientes cativos, esses postos costumam cobrar mais caro que a concorrência, e em alguns casos chegam a impor taxas para aceitar as cartas-frete. “Elas servem como uma moeda alternativa que corrói o salário dos caminhoneiros e torna mais difícil bancarizar suas atividades”, diz Miranda. Essa situação desagradava ao governo, não pelas dificuldades dos irmãos de estrada, mas devido às perdas na arrecadação. Por isso, em abril, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) determinou a substituição do papelório por meios de pagamento eletrônicos. É aí que a Pamcary entra. A empresa foi uma das primeiras autorizadas a operar um cartão para os caminhoneiros, que funcionará como um tíquete de alimentação. A transportadora deposita um crédito e o motorista poderá fazer compras ou sacar dinheiro em qualquer estabelecimento cadastrado, não necessariamente postos de combustível.

As administradoras dos cartões vão cobrar pelo menos 2% do valor da fatura, o que significa uma receita potencial de R$ 1,8 bilhão. A Pamcary lançou um cartão em 2003, mas ele representa só 3% de sua receita anual, de R$ 200 milhões. Apenas 600 das 5 mil transportadoras clientes usam o serviço. “Concorrer com a informalidade prejudicou o desempenho”, diz Miranda. “Agora, com essa ajudinha do Fisco, esperamos conquistar 30% do mercado.” Quem senta na boleia aprova a mudança. “O cartão será a melhor alternativa porque o caminhoneiro poderá usá-lo mesmo sem ter conta-corrente”, afirma José Araújo Silva, presidente da União Nacional dos Caminhoneiros e idealizador do projeto aprovado pela ANTT. “Será muito importante para a nossa profissão.”

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