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Seguradoras de crédito fecham as portas para os riscos gregos

Fonte: Valor Econômico

Companhias não novos contratos em que desrino de venda seja a Grécia

Daniela Machado e Thais Folego

No centro da crise financeira europeia, a Grécia não tem sido alvo de rebaixamento apenas das agências tradicionais de classificação de risco. Os temores crescentes de um default levaram seguradoras que atuam no Brasil a evitar novos contratos de seguro de crédito a exportações que têm o país europeu como destino.

Ainda que o volume das vendas externas para a Grécia seja pouco significativo na balança comercial brasileira, o movimento das seguradoras sinaliza a preocupação crescente com os problemas da Europa.

Coface e Cesce, as maiores do segmento, reduziram a exposição à Grécia na esteira dos problemas de dívida soberana que obrigaram a nação a buscar socorro financeiro. Em alguns casos, o aumento das incertezas também sobre outros países da Europa e os Estados Unidos impulsionou a demanda por contratos de dois anos - a praxe do mercado é de um ano.

Segundo Daniel Nobre, diretor comercial da Cesce, isso ocorre porque os exportadores têm medo de que o cenário se agrave e não querem correr o risco de ficar sem cobertura justamente quando as seguradoras ficam ainda mais rigorosas e seletivas - e o custo do seguro dispara.

A Cesce não fechou nenhum seguro com esse prazo, mas há relatos de seguradoras que fecharam apólices com maior duração.

Líder nesse mercado, com mais de 60% de fatia de mercado, a francesa Coface cancelou recentemente a maior parte dos limites autorizados para a Grécia, de EUR 2,4 bilhões para praticamente zero na penúltima semana.

A seguradora também cortou sua avaliação sobre o país de "B" para "C", a penúltima no ranking por ela desenvolvido. Nessa categoria, considera-se que a perspectiva econômica e política muito incerta e o cenário de negócios afetado pelos problemas tendem a prejudicar seriamente o comportamento dos pagamentos e que a probabilidade média de default nos pagamentos corporativos é alta.

Além da redução para a Grécia, a Coface rejeitou recentemente limites sobre países em confrontos civis, casos de Líbia e Síria. A Cesce não tem restrições específicas ao Oriente Médio, mas ressalta que as mudanças políticas recentes geram incertezas com relação ao ambiente de negócios. "Não está claro se as democracias que estão sendo implementadas serão amigáveis às relações com o Ocidente", explica Nobre.

Segundo o presidente da Coface no Brasil, Joel Paillot, a crise de 2008 deixou como lição a busca por segurança, fazendo com que mais empresas demonstrassem interesse pelo seguro. A taxa de renovação de suas apólices neste ano está em 94%, acima da faixa de 75% vista no ano passado. Ainda assim, o trabalho para divulgar a modalidade é intenso.

As turbulências da crise financeira de 2008, com o colapso do banco Lehman Brothers, também mudaram o perfil da demanda por seguro de crédito. Até então, as empresas demandavam o seguro para cobrir basicamente exportações para a América Latina.

A partir da crise, a demanda dos exportadores para negócios com parceiros dos Estados Unidos e da Europa cresceu, conta Nobre, da Cesce. Segundo ele, 40$% da demanda pela cobertura é para riscos de países da América Latina, 30% da Europa, 20% dos Estados Unidos e cerca de 10% distribuídos entre países da África e Ásia.

"A percepção de risco das empresas vem crescendo, pois a falta de perspectiva de recuperação das economias dos países desenvolvidos aumenta os riscos comerciais", diz Nobre.

Vale lembrar, porém, que apenas um terço das exportações brasileiras são seguráveis, explica o diretor da Cesce. Isso ocorre porque uma grande parte dos produtos exportados são pagos à vista, caso das exportações do setor de aviação (caso da Embraer) e das commodities minerais e agrícolas. A outra parte é de operações em que não há risco de crédito, caso da exportação de petróleo e das trocas de produtos entre unidades da mesma empresa em países diferentes.

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