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Educação financeira faz a diferença para avanço do microsseguro

Fonte: Fenaseg

O grande segredo para o sucesso do microsseguros é a educação financeira, tema da sessão 11 do último dia da 7o Conferência Internacional de Microsseguros, Rio de Janeiro, com início no dia 8. Os projetos educacionais, segundo participantes, levaram muito mais tempo para serem implementados do que o inicialmente previsto. Isso porque é preciso entender uma nova realidade de consumidores, pouco atendidos mundialmente pelas instituições financeiras. Como todo começo, há muitos desafios a serem transformados em oportunidades.

Na Colômbia, por exemplo, o tema educação financeira é obrigatório há mais de cinco anos. “Os bancos são obrigados e investir em educação financeira”, informou Sarah Bel, do Centro de Informação da Microinsurance Innovation Facility, sediada na Suíça. Em razão disso, os programas de educação financeira da Colômbia encontram-se em fase mais avançada na comparação com outros países latinos.

Segundo Sarah, foram muitos erros e acertos. O teatro se mostrou um sucesso para difundir o seguro. A peça conta um drama familiar, que enfrenta a morte do mantenedor e a insegurança dos outros entes, incluindo aí amigos e vizinhos. No final, um especialista de seguros falava sobre os tipos de proteção disponíveis no mercado financeiro para melhorar a vida das pessoas diante de situações como morte, doença ou necessidade de ter uma poupança para saldar uma dívida em caso de perda de emprego.

Elisabeth McGuinness, diretora de pesquisa do Microfinance Opportunities, abordou programas de educação financeira no Quênia. O programa de rádio foi escolhido como a melhor forma de divulgar o seguro entre a população de menor renda. O rádio é o maior canalde comunicação do Quênia. “90% da população obtém informações pelo rádio, tornando a relação custo/beneficio o mais indicado para difundir a educação financeira”, contou.

Maria Elena Bidino, diretora da CNseg, relatou ao público presente a experiência brasileira do projeto do Estou Seguro, implementado na Morro Santa Marta, uma das maiores comunidades carentes do Rio de Janeiro. “Nosso projeto não é tão amplo como o da Faseconda, na Colômbia, que já está numa fase mais avançada”, afirma. Por prioriazarem a educação financeira há mais tempo, já é possível desenvolver programas que ajudam a comunidade na organização do orçamento financeiro, como usar o crédito e comprar proteção para riscos para chegar na aposentadoria com alguma poupança.

No Brasil, educação financeira é um tema mais recente, no qual a bancarização ainda é prioridade para os bancos, sendo o seguro um tema introduzido apenas recentemente na pauta dos programas. “Nossa mensagem ainda é introduzir o conceito de seguro, mostrando para a poupulação que ele não é só para rico e também não é caro como pensam. Nossa mensagem é fazê-los entender que há um produto que cabe no bolso deles e que vai protegê-los num momento de dificuldade como a morte ou a invalidez”, diz Maria Elena.

A diretora da CNseg contou que foi realizada uma pesquisa com 608 moradores da comunidade e três grupos de discussão para um levantamento socioeconômico da região. A pesquisa constatou que 87% da população local jamais cogitariam fazer um seguro, em razão de preço e desconhecimento. Com base nessa pesquisa, o primeiro passo foi iniciar uma abordagem simples, para difundir a cultura de seguros de forma clara e objetiva.

O projeto foi desenhado para aproveitar um programa de cultura do Estado do Rio de Janeiro, Cinema em Movimento. Antes do longametragem, seria apresentado um curta metragem sobre seguros. “Mas nós deparamos com a realidade de que o público presente era composto por crianças. Isso nos fez mudar a estratégia do projeto. Por ser um projeto inovador, precisa ser acompanhado e alterado para atingir os objetivos focados”, contou.

A ação passou para uma tenda, onde um agente divulga o seguro para a população de forma didática, com uso de televisão e imagens. Outras formas de comunicação foram adotadas, como teatro, telenovelas, programas de rádio na comunidade e peças avulsas para divulgação. Segundo Maria Elena, todos os textos do rádio, teatro, telenovela e cinema foram analisados e aprovados pelo grupo de seguradoras que apoiam o projeto. “Não podíamos falar de um produto que não existia para eles, como de carro, por exemplo. O processo de encontrar uma empresa de comunicação para adaptar o texto para essa população levou muito tempo”.

Além dos teatros e telenovelas, o programa brasileiro contou com pessoas da comunidade habilitadas para difundir o seguro no local, uma vez que a regulamentação brasileira tem limitações para a atuação do corretor de seguros, que já está sendo alterada. “Hoje é preciso fazer um curso de três meses para ser corretor. Estamos buscando criar um programa mais simples e mais eficiente para treinar pessoas da comunidade que possam trabalhar no projeto”.

Jasmim Suministrado, também do centro de inovação de microsseguros, levantou uma questão interessante. “As organizações geralmente querem programas gravados para reduzir custos e riscos. Na Colômbia, conta Sarah, percebemos que na verdade eles estavam preocupados em abrir uma linha de comunicação com os clientes e sofrer uma série de críticas ao vivo, sem estar preparado para lidar com tal exposição”, disse.[3]

No entanto, argumenta Sarah Bell, o uso da interatividade aumenta a absorção da mensagem, possibilitando um aprendizado muito maior de todos sobre o projeto. Maria Elena concorda com Sarah e conta que, apesar da dificuldade em produzir conteúdo para as ações, a interatividade trouxe muitos ganhos para todos. “O projeto não só é feito para eles, como por eles, que nos dão muitas ideias do que podemos melhorar”, compartilha Maria Elena.

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