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Seguradoras irregulares se espalham pelo país

Fonte: Portal Uol

Rio de Janeiro - As seguradoras clandestinas que começaram a atuar em Minas Gerais, vendendo seguros irregulares principalmente de automóveis e caminhões, estão se espalhando para outras regiões do país, principalmente por estados do Sudeste e Sul. O superintendente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Luciano Santanna, disse que no país já são cerca de 200 empresas trabalhando na contramão da lei, sem reservas obrigatórias e garantias ao consumidor. "Elas começaram com uma atuação muito forte em Minas, mas hoje já identificamos a irregularidade em outros estados", afirmou Santanna.

Segundo a Susep, o golpe - que parece estar saindo do controle - vem sendo combatido em parceria com a Procuradoria Federal, por meio de ações civis públicas. No cerco às fraudes, 20 empresas estão sendo investigadas. O número de falsas seguradoras que não fazem aplicação de ativos e trabalham em um mercado sem lei é expressivo, já superando o número de empresas formais, que hoje somam 117 no país. Santanna ressaltou que, apesar de numerosas, as empresas clandestinas são de pequeno porte, sendo responsáveis também pela maioria dos golpes contra pessoas jurídicas. "Para se livrar da fiscalização, essas seguradoras acabam abrindo vários CNPJs", explica o superintendente da Susep.

Santanna, que participou da 7ª Conferência Internacional de Microsseguros, organizada pelas instituições internacionais Munich Re Foundation e pela Microinsurance Network, com apoio da Confederação Brasileira de Seguradoras (CNSeg) e da Susep, que termina hoje no Rio de Janeiro, não precisou qual o percentual clandestinas que atuam com serviços para baixa renda, mas ressaltou o segmento da proteção funeral como destaque nas fraudes.

A regulamentação que vai autorizar no Brasil regras especiais para o microsseguro deve entrar em vigor no primeiro trimestre do ano que vem e já desperta o apetite do setor. A estimativa é de que nos próximos 10 anos sejam 100 milhões de consumidores no país, sendo que cerca de 40 milhões não têm qualquer relação com seguros. Nos próximos 20 anos o mercado deve acumular R$ 3 bilhões em produtos comercializados.

Entre os maiores desafios está o modo de comercialização. O objetivo é que os microsseguros custem, no máximo, R$ 20 e ofereçam proteção para a classe média e também para as classes D e E. Os principais segmentos seriam de vida, funeral, residência e acidentes pessoais. A ideia é que em vez de ser vendido no varejo, como os seguros populares, o mercado tenha a figura do corretor de seguros, que explique e venda o produto para as comunidades. Jorge Hilário Vieira, presidente da CNSeg, disse que a cobrança pode ser vinculada a contas de consumo, como energia elétrica e telefonia, mas está em estudo também a hipótese de ligar o microsseguro a programas sociais.

A conferência, que reuniu mais de 50 países para discutir as oportunidades do seguro para baixa renda, aponta o Brasil como um eldorado para a microproteção. Mais de 50% da população já atingiu a classe média e cerca de 50% dos pobres do país estão no meio urbano, o que facilita a comercialização. Segundo Criag Churchill, presidente da Microinsurance Network, rede de Luxemburgo especializada no setor, os últimos números disponíveis sobre o mercado apontam para cerca de meio bilhão de usuários no planeta, sendo que 60% deles estão na Índia. "E o Brasil pode ser a Índia da América Latina." * A jornalista viajou a convite da CNSeg

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