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Planos de previdência devem aumentar as informações

Fonte: Valor Econômico

Por Marcelo d'Agosto
Apesar de toda a análise necessária para escolher com confiança o tipo de plano de previdência mais adequado às suas necessidades, poucos conseguem tirar de seu gerente a resposta para uma pergunta relativamente simples: em quais ativos a seguradora investe os recursos do fundo em que apliquei?

Se você fez o seu planejamento durante o ano para investir em planos de previdência, foi obrigado a analisar detalhadamente uma série de características a respeito desta modalidade de investimento.

Por exemplo, para decidir entre o PGBL ou o VGBL, você teve que estimar de quanto seria o seu imposto a pagar e se você usaria a declaração completa ou simplificada. Para escolher entre a tributação pela tabela regressiva ou progressiva, você teve que projetar sua renda futura na aposentadoria, além de definir com clareza o prazo da sua aplicação.

Saber em que ativos os recursos do plano de previdência são aplicados também é extremamente relevante, porque, como mostrou a reportagem de Silvia Rosa publicada no Valor de 26 de dezembro, a estratégia de gestão do fundo de previdência faz grande diferença para a rentabilidade do investimento.

Segundo a reportagem, as carteiras dos gestores de recursos independentes tiveram, na média, desempenho na faixa de dois a três pontos percentuais acima dos fundos administrados por grandes bancos e seguradoras nos últimos 12 meses. Mas a rentabilidade é apenas uma das faces da moeda. Conhecer a composição da carteira do fundo de previdência é fundamental, principalmente para avaliar se você se sente confortável com o nível de risco que está correndo.

Se um fundo concentra as aplicações da parcela de renda fixa da carteira em títulos públicos federais, ele pode ser menos rentável do que outro que aplica preferencialmente em títulos de emissores privados. No entanto, as aplicações em títulos públicos são mais seguras relativamente aos privados. Cabe a você decidir em qual aplicação se sente mais confortável.

O mesmo acontece com a parcela de ações. Uma carteira com peso maior de papéis de pouca liquidez, apesar de algumas vezes mais rentável, é potencialmente mais arriscada do que outra apenas com ações integrantes do Ibovespa, por exemplo.

É surpreendente que um produto tão sofisticado como os planos de previdência, que exige do investidor uma série de análises e estimativas sobre sua situação fiscal, seu padrão de vida atual e as perspectivas futuras para a aposentadoria, ofereça tão pouca informação facilmente acessível sobre a composição da carteira, bem como a relação histórica entre o risco e o retorno do investimento.

Se você quiser saber com certeza em que ativos a seguradora aplica os recursos do plano de previdência em que você investiu, é preciso consultar o regulamento do plano. É um documento extenso, que prevê todas as condições do investimento.

Lá você irá encontrar o nome e o número do CNPJ do fundo exclusivo que recebe os recursos do plano. De posse dessa informação você pode acessar o site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e buscar os dados do fundo.

A CVM tem como padrão divulgar os dados diários de todos os fundos do mercado, como o valor da cota e patrimônio líquido, entre outros indicadores. A partir do valor diário da cota é possível calcular a rentabilidade do fundo e a oscilação dos ganhos, que é uma medida do risco da carteira. O ideal é que retorno e risco sejam compatíveis.

Para saber a composição da carteira do fundo, é preciso dar um passo a mais. Isso porque a maioria das seguradoras adota o modelo em que um plano de previdência aplica em um fundo de cotas, que por sua vez aplica em um ou mais fundos chamados de "master". Para conhecer os ativos que formam o lastro de seu plano de previdência, é preciso consultar a composição da carteira dos fundos master.

Como sugeriu um leitor do blog O Consultor Financeiro, talvez seja o momento de a CVM padronizar, de alguma forma, a divulgação das informações dos planos e fundos de previdência, da mesma forma que já faz com os fundos de investimento.

Marcelo d'Agosto é economista especializado em administração de investimentos com mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro

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