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Prêmio pela independência

Fonte: Valor Econômico

Estudo da NetQuant mostra que desempenho de fundos de previdência geridos por assets independentes tem superado o de carteiras sob gestão de bancos e seguradoras.

Silvia Rosa

Buscando agregar uma gestão mais ativa das carteiras e aumentar a rede de distribuidores, as seguradoras têm firmado parcerias com gestoras independentes para o lançamento de fundos de previdência.

Essas parcerias têm crescido principalmente na gestão de portfólios com renda variável.

Estudo da consultoria NetQuant mostra que o retorno dessas carteiras geridas por assets independentes têm superado o dos fundos sob gestão de seguradoras. Essa diferença de retorno é mais evidente nos fundos com até 49% em ações, limite máximo permitido pela legislação.

Neste ano, essas carteiras sob responsabilidade de assets independentes apresentavam, na média, um ganho de 4,74% enquanto a das seguradoras acumulavam rentabilidade de 1,74%. Em 24 meses, os fundos das assets entregaram quase o dobro do resultado apresentado pelos portfólios das seguradoras.

O diferencial das assets independentes é a gestão ativa das aplicações em renda variável que tem permitido entregar retornos acima do benchmark.

Os fundos geridos pela Icatu Vanguarda, por exemplo, têm uma gestão mais passiva em renda variável, que busca acompanhar o retorno dos índices de referência, no caso o IBX. Procuramos firmar parcerias com gestoras que buscam retornos não correlacionados com os índices, diz Mizael Vaz, superintendente comercial da Icatu Seguros.

O fundo de previdência com aplicação de até 49% em renda variável Endowment Multimercado, gerido pela Argucia Capital Management, por exemplo, apresentava no ano, até 21 de dezembro, ganho de 2,75%, enquanto o Ibovespa recuava 18,25% no período. O fundo tem como foco investir em empresas que tenham valor e distribuam bons dividendos como as do setor de energia elétrica, afirma Ricardo Magalhães, sócio da Argucia Capital Management.

Magalhães lembra que as carteiras com foco em dividendos oferecem aos investidores um ganho real acima da inflação. O Endowment Multimercado, apresentava um retorno com dividendos (dividend yield) médio de 6,5%, o que representava um ganho real de 0,5%, considerando a variação acumulada do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,97% neste ano.

No caso dos fundos da Icatu, a alocação em renda fixa, também fica a cargo dos parceiros, que como são mais focados em gestão de renda variável, costumam deixar esses recursos em caixa, aplicados em títulos de maior liquidez como Letras Financeiras do Tesouro (LFT).

A seguradora tem optado por trabalhar com o modelo de arquitetura aberta na gestão de fundos desde 2009. Hoje a Icatu tem nove carteiras geridas em parceria com gestoras independentes, entre elas a GAP Asset Management, Leblon Equities, Argucia e FAR - Fator Administração de Recursos. Já estamos bem supridos em relação à gestão em renda variável, e podemos estudar alguma parceria na parte de multimercados, diz Vaz, que destaca que o foco agora é a parte de distribuição.

Do total de cerca de R$ 4 bilhões sob gestão em fundos de previdência privada aberta da Icatu Vanguarda, menos de 20% estão sob gestão de terceiros.

A Icatu Seguros, por exemplo, acaba de lançar junto com a Franklin Templeton e o Citibank dois planos de previdência privada, um na modalidade Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL), Icatu Generation, e outro na Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), Generation Plus.

Os planos investem em um fundo multimercado de previdência, gerido pela Franklin Templeton, que poderá aplicar até 49% em renda variável.

A gestora já tem três fundos distribuídos pelo Citi: FT Global Access Multimercado, o FT Global Plus Multimercado e o FT Maxi Ações. A ideia foi adequar a gestão do Global Access e o Plus para a carteira de previdência, cuja regulação não permite algumas aplicações como investimento em ativos no exterior ou em moedas, diz o presidente da Franklin Templeton, Heitor Souza Lima.

Outra vantagem desses fundos de previdência é que eles costumam oferecer um custo mais competitivo que as demais carteiras das gestoras. A aplicação mínima do plano de previdência Geração Futuro Programado 49, lançado recentemente pela Geração Futuro em parceria com a SulAmérica, é de R$ 100 e a taxa de administração é de 1,75% ao ano, e não tem taxa de carregamento.

A carteira segue a mesma estratégia do fundo de dividendos da gestora, com foco na análise fundamentalista, cujo aporte mínimo é de R$ 5 mil. A gestão compartilhada das carteiras das seguradoras com as assets independentes é uma tendência, diz Marcelo Mello, vice-presidente da SulAmérica.

Além disso, pela legislação, essas carteiras não podem cobrar taxa de performance. Como esses fundos também não podem ter prazo de carência para resgate, a estratégia, muitas vezes, é adaptada para os fundos de previdência. O fundo Orbe Icatu Seg Previdência Multimercado, que segue a mesma estratégia do Orbe Value, de aplicar em ativos com preços descontados na bolsa por meio de análise fundamentalista, conta na carteira com ações de maior liquidez, como as blue chips Vale e Petrobras, do que seu portfólio espelho. O fundo de previdência é mais diversificado e tem 22 papéis, comparado com 15 do Orbe Value, afirma Fernando Camargo, sócio da Orbe.

Lançado em fevereiro de 2010, o fundo de previdência Orbe Icatu acumula patrimônio de R$ 20,774 milhões e apresentava queda de 1,67% no ano, até 21 de dezembro, comparado com desvalorização de 18,25% do Ibovespa e variação positiva de 11,28% do CDI.

A Orbe, que tinha R$ 400 milhões sob gestão em novembro, é conhecida por ter uma postura ativista e possui assento nos conselhos fiscal e de administração de quatro empresas: Wetzel, Schultz, Banco Indusval e Kroton Educacional.

Segundo Camargo, o perfil do fundo de previdência casa com horizonte de longo prazo dos investimentos da Orbe. Como investimos em algumas empresas com baixa liquidez, o prazo médio para girarmos a carteira é de no mínimo três anos, diz Camargo.

No longo prazo, porém, esses investimentos tendem a superar os benchmarks. Desde o seu lançamento, em julho de 2005, o fundo Orbe Value acumulava um retorno positivo de 348,33%, superando a variação de 126,99% do Ibovespa. A regulação deveria permitir a aplicação de até 100% em renda variável, afirma Camargo.

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