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Conservadoras e precavidas, elas buscam previdência

Fonte: Brasil Econômico

Mulheres aderem cada vez mais aos planos de aposentadoria privada, sacam menos e preferem fundos de renda fixa

Vanessa Correia

A advogada Ana Maria Goffi Flaquer, aos 65, está em seu segundo plano de previdência. O primeiro foi mantido por aproximadamente 10 anos e os recursos já foram utilizados. "O objetivo não era o de complementar a aposentadoria e sim de diversificação dos investimentos", explica.

O atual plano soma três anos de acúmulo de recursos e os aportes são feitos anualmente - mas o objetivo é que o rendimento fique para os filhos, já que o horizonte de resgate é em 2040.

Ana Maria não é um perfil tradicional de previdência. Ela encontrou sua própria fórmula de planejamento financeiro considerando que, como juíza federal, não precisava da complementariedade de renda. Se há diversificação no uso deste produto, o que os especialistas recomendam é que se atenha ao propósito de aposentadoria, pelos custos dos planos e disciplina de acumulação.

"Os planos de previdência privada oferecem o diferimento fiscal que, muitas vezes, são compensados pelas altas taxas de administração cobradas pelas seguradoras, o que compromete a rentabilidade", explica André Massaro, instrutor do MoneyFit, que por isso não aconselha a utilização da previdência privada como diversificação do portfólio de investimentos.

O especialista também lembra que os planos de previdência não são garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC)-entidade que dá garantia a determinados depósitos e aplicações financeiras, caso o banco sofra intervenção, liquidação ou falência - por não serem considerados produtos de investimento. "O sistema financeiro oferece boas opções, caso o investidor busque a diversificação da sua carteira", avalia.

Não que Ana Maria esteja de todo errada, já que foi pensando no futuro da família inteira que ela fez um terceiro planejamento para as próximas gerações.

"Adquiri um plano de previdência para meus três filhos e meu neto, de 2 anos, também tem desde que nasceu", conta a advogada.

"É importante se prevenir pensando no futuro." Cada vez mais mulheres pensam como ela. Segundo estudo da Brasilprev em sua base de clientes, a participação desse público aumentou três pontos percentuais em cinco anos, de 43% para 46% ao final do ano passado, para pouco mais de 500 mil investidoras.

O fato de ocuparem de forma crescente posições-chave no mundo corporativo também permitiu aportes mais robustos nos planos de previdência.

Em 2006, a contribuição média mensal era de R$ 155, enquanto no ano passado esse valor saltou para R$ 240. Isso permitiu que a diferença dos aportes feitos por homens e mulheres caísse de 21% em 2006 para 15% em 2011.

"Em virtude de a mulher ser mais previdente e cuidadosa com os recursos financeiros se comparada aos homens, a participação desse público no mercado de previdência privada tende a continuar em expansão nos próximos anos", avalia Sandro Bonfim, gerente de inteligência de mercado da Brasilprev.

O estudo mostra que elas são mais conservadoras na aplicação: em 2011, o percentual de resgate sobre as reservas foi de 7% face aos 9,8% dos homens.

Elas investem mais pelo modelo da tabela regressiva do Imposto de Renda, o que demonstra a intenção de manter os recursos investidos por um período mais longo. Entre as clientes da SulAmérica, essa postura também se confirma: elas preferem fundos com maior concentração em renda fixa, que são os mais conservadores.

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