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Estudo acende sinal de alerta no mercado local

Fonte: Jornal do Commercio - RJ

Eventos catastróficos apresentam frequência maior nos últimos anos e perdas

são cada vez mais elevadas. Por ano, prejuízos alcançam US$ 338 milhões

Um estudo rigoroso sobre as catástrofes naturais ocorridas no País nos últimos 30 anos liga a luz amarela e deixa em alerta o mercado segurador, ao concluir que o Brasil já não é mais, e faz tempo, uma ilha blindada contra perdas vultosas provocadas pelas tragédias.

Ao contrário, com uma média anual de perdas da ordem de US$ 338 milhões, o País caminha para um lugar cada vez mais representativo no pódio mundial das catástrofes naturais, ainda mais porque este montante pode estar subestimado, já que há eventos cujos valores dos prejuízos sequer foram calculados.

Divulgado nesta quinta-feira pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), o estudo "Catástrofes Naturais Brasileiras" é de autoria da Terra Brasis Re, empresa que aguarda autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para operar como resseguradora local no País.

Apesar de não apresentar estatisticamente riscos de terremotos, vulcões, furacões ou tsunamis comparáveis aos de outras regiões geográficas mais expostas, vários tipos de catástrofes naturais tem longo histórico de ocorrência em nosso território e, nos anos mais recentes, o Brasil tem experimentado eventos de intensidade normalmente não usuais em nossa região, assinala o estudo.

Desastres vultosos O trabalho é a primeira contribuição da resseguradora, que lançará outros papers, para que todo o mercado brasileiro conheça melhor os riscos brasileiros e, em consequência, precifique tecnicamente as coberturas, estimulando ainda investimentos públicos e privados em prevenção e redução de sinistros vultosos.

Por região, há predomínio de incêndios florestais na Região Norte; combinação de deslizamentos e inundações no Sudeste; granizo, vendavais, secas e inundações no Sul; e extremos de seca e inundações no Centro- Oeste e Nordeste.

O mais grave é que esses eventos catastróficos apresentam uma frequência maior nos últimos anos e perdas cada vez mais elevadas. O estudo de 26 páginas enumera os eventos ocorridos em quase 30 anos (1982/2011), estimando as perdas econômicas em US$ 10 bilhões.

Neste período, ocorreram 147 desastres vultosos- média de cinco por ano - 5.616 óbitos- 187 mortos por ano - e 48,8 milhões de pessoas afetadas.

Inundações, deslizamentos, epidemias, secas, tempestades, queimadas e terremotos (apenas dois) são os desastres naturais mais frequentes no período de 30 anos.

A liderança cabe às inundações, cujas perdas acumuladas em 30 anos somam US$ 6,7 bilhões , afetando 14,4 milhões de pessoas . "De fato, as inundações no Brasil são não somente frequentes como também de impacto significativo mesmo em escala mundial, especialmente no que tange vidas perdidas decorrentes destes eventos.

As inundações que ocorreram no Brasil em janeiro de 2011 constam entre as dez piores inundações mundiais da última década, em número de vidas perdidas", destaca o estudo.

Fatores climáticos As secas ocupam o segundo lugar do ranking em perdas, com total de US$ 2,4 bilhões.

Deslizamentos, epidemias, tempestades também são bastante representativas, mas geram perdas menores. "Levando- se em conta o crescente número destas ocorrências, entende- se que seus prejuízos em vítimas e econômicos são tão relevantes para o País quanto são os furacões e terremotos para os países desenvolvidos", diz o relatório.

O estudo reconhece que o aumento de catástrofes naturais, além da ação humana, tem relação direta com fatores climáticos extremos, como o El Niño e La Niña, de periodicidade anual, intensidade variada e responsáveis por custos cada vez maiores de reconstrução pós-desastre.

O estudo conclui que, considerando- se a distribuição de tragédias provocadas pela natureza e a perspectiva de sua evolução, "o Brasil é imaturo em todos os aspectos relacionados a catástrofes naturais, principalmente em sua prevenção". Já o mercado segurador brasileiro é ainda inexperiente nessa área.

Por esta razão, o risco de catástrofe natural é usualmente excluído da grande maioria de contratos de seguros, razão pela qual os montantes segurados não são descritos no relatório.

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