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O que será o amanhã?

Fonte: Valor Econômico

Excesso de otimismo, falta de conhecimento e ausência de planos de médio e longo prazos ainda afastam brasileiros do mercado de seguro de vida.

por Alessandra Belloto, de São Paulo

Que todos vamos morrer é óbvio. Mas e se isso acontecer com uma pessoa saudável, que está em plena atividade, tem filhos em idade escolar e é arrimo de família? E se um jovem em começo de carreira, que não teve tempo hábil para formar uma reserva financeira, sofrer um acidente e perder a capacidade de trabalhar?

É com esse tipo de abordagem que as seguradoras tentam vencer a resistência do consumidor em relação ao seguro de vida. E chamar a atenção para as diversas coberturas possíveis da modalidade. No Brasil, é comum achar que o seguro de vida só cobre morte quando, na verdade, oferece proteção para outros eventos como invalidez, destaca a diretora técnica de seguros da SulAmérica, Carolina de Molla.

Outro equívoco, segundo a executiva, é acreditar que o seguro de vida só serve para quem tem 60 anos. Em muitos casos, diz Carolina, é justamente o contrário. Não é difícil encontrar uma pessoa nessa faixa etária com casa própria, reserva financeira e filhos independentes, o que, em tese, reduz a necessidade de ter um seguro.

Mas não é só falta de conhecimento que afasta o consumidor do seguro de vida, acredita Carolina. Há uma barreira cultural. O brasileiro é muito otimista e não tem o hábito de se programar para eventos aleatórios, diz. O brasileiro tampouco se planeja para o médio e longo prazos, afirma o superintendente da HSBC Seguros, Gustavo Lendimuth. Mas isso tem explicação: os anos de instabilidade econômica que marcaram o país até a implantação do Plano Real.

Há uma incoerência grande quando o assunto é proteção de vida, acrescenta o superintendente-executivo de gestão de patrimônio do HSBC, Gilberto Poso. Segundo ele, as pessoas se preocupam muito mais com o patrimônio, ao buscar seguro de carro e casa, do que com a vida, ainda que seja mais fácil recuperar um bem do que repor uma fonte de renda. As estatísticas da Susep comprovam: o mercado de seguro de automóveis arrecadou R$ 24,7 bilhões em 2011 e o de vida, incluindo acidentes pessoais, viagem, perda de renda, educacional, entre outros, R$ 17 bilhões.

Não há como dar preço para a vida, mas e se essa vida for a principal fonte de renda de uma família com filhos em idade escolar?, questiona Poso. Se essas pessoas não tiverem reserva financeira, apenas a casa em que moram e um carro, na falta do provedor, vão ter de se desfazer dos bens e muitas vezes mudar seu padrão de vida até que a capacidade de gerar renda seja recuperada, argumenta.

E aí que entra o seguro de vida, para garantir a sobrevivência da família por um período temporário sem que o patrimônio seja destruído. Poso afirma que, mesmo para uma família mais abastada, é importante ter proteção, já que os gastos podem não ser compatíveis com o rendimento das aplicações financeiras. Não acredito que uma família com reserva de R$ 500 mil consiga, na falta do provedor, uma renda de R$ 10 mil por mês (compatível com quem alcançou tal patrimônio), exemplifica.

Além do papel de proteger dependentes econômicos e o patrimônio em caso de morte do titular, o seguro de vida é fundamental também para quem é jovem e não tem bens, alerta o consultor de seguros e previdência da MDS Corretora, Marcello Ribeiro. A cobertura necessária, nesse caso, é para invalidez. Antes de a pessoa começar a fazer poupança, deve pensar em ter um seguro para proteger a máquina de fazer dinheiro.

Carolina, da SulAmérica, explica que são dois os principais aspectos a serem considerados antes de contratar proteção, além da realidade econômica que vai ditar o valor da cobertura. O primeiro é se há dependentes econômicos e por quanto tempo; e o segundo, o tamanho do patrimônio ou dívida. O seguro é muito mais indicado para pessoas com idade média de 30 a 40 anos do que para os que têm 60 a 70 anos, diz.

Para Marcelo d'Agosto, responsável pelo blog O Consultor Financeiro no portal Valor, o seguro de vida é importante para quem tem dependentes e ainda não formou patrimônio. Para as grandes fortunas, acrescenta, o seguro deixa de ser essencial. Outro aspecto que deve ser olhado com atenção é o valor da cobertura, segundo ele, para evitar pagar por proteção desnecessária. Sabe-se que quanto maior a cobertura, mais caro o seguro. O preço varia conforme a idade e o valor segurado.

São três os principais tipos de seguro de vida, explica Ribeiro, da MDS. Um deles é o seguro contra acidentes pessoais, vendido muitas vezes com o cartão de crédito ou pelo gerente do banco, para cobrir morte acidental. Esse é um seguro mais barato, porque o risco é baixo, e não está relacionado com a idade, o que faz com que o preço seja igual para todo mundo.

Já o seguro de vida clássico, explica o consultor, cobre morte por qualquer causa, natural ou por acidente. Nesse caso, é preciso preencher uma declaração de saúde - se o titular tiver uma doença, provavelmente não será aceito. Outra cobertura é a de invalidez por acidente. O valor a receber, contudo, depende da lesão sofrida. Se o segurado perder um dedo, exemplifica Ribeiro, deverá receber apenas uma parcela do valor da cobertura. Se ficar comprovada invalidez total, o valor é integral.

Há ainda o caso de invalidez causada por doença. Na HSBC Seguros, segundo Lendimuth, é opcional contratar proteção para doenças graves, como câncer, em que o segurado recebe um valor pré-determinado para arcar com os custos do tratamento. O seguro também pode incluir assistência funeral, em que a seguradora cuida de toda a burocracia.

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