Breaking News

Zurich quer fazer nome no Brasil em seguro massificado

Fonte: Brasil Econômico

ENTREVISTA ANTONIO CÁSSIO DOS SANTOS

CEO de Seguros Gerais da Zurich no Brasil e na América Latina

Depois de conquistar reputação como "butique de empresas", companhia comandada por Antonio Cássio dos Santos quer crescer com apólices para pessoa física, como seguro de automóveis e microsseguros

Flávia Furlan

A fama de "butique de empresas" já não é suficiente para a seguradora suíça Zurich, que no Brasil quer passar a ser reconhecida também pela oferta de apólices para consumidores. O primeiro passo neste sentido foi dado no ano passado: a contratação para a presidência de seguros gerais para Brasil e América Latina de Antonio Cássio dos Santos, que esteve à frente da espanhola Mapfre no país.

Nada melhor do que uma figura com paciência para explicar tudo sobre seguros, com conhecimento de causa e um jeito simples de unir essas duas pontas para atingir pessoas físicas.

"No Brasil, queremos expandir as operações em seguro de empresas, mas sermos também reconhecidos no mercado de massificados", disse o executivo ao BRASIL ECONÔMICO.

As apólices para empresas representam 24% do volume total de prêmios da Zurich no mundo e, no Brasil, sobe para 40%. No entanto, em 2011, a área de massificados avançou 150% em volume de prêmios.

Este mês, Cássio assumiu também o conselho de administração regional da Zurich, posto que nunca havia sido ocupado por um brasileiro e, para ele, sinal claro de que a América Latina é peça-chave agora na estratégia global da Zurich. No ano passado, foram emitidos US$ 1,68 bilhão de prêmios na região, menos de 5% do total mundial da Zurich.

Qual a estratégia da Zurich para o Brasil?

O antigo presidente Pedro Purm fez da empresa uma butique de seguros corporativos, ramo no qual somos uma seguradora de excelência. Mas também somos multisegmentados (com produtos da classe A à D), multiprodutos (estamos em ramos elementares, em grandes riscos e também em micro e pequenas empresas) e temos uma abordagem multicanal, com o corretor como parceiro estratégico, e hoje são mais de 6 mil. O objetivo é posicionar a companhia no mercado de automóveis, expandir operações em empresas e ser reconhecido no mercado de massificados.

Um dos seguros mais populares no Brasil é o de carro. O que a Zurich planeja para a modalidade?

Servimos essa apólice com cobertura de desemprego e, se houver doença grave, o seguro é quitado. Procuramos criar inovações que tenham valor para quem compra o primeiro veículo. Vamos desconcentrar a atuação em carros médios populares e queremos partir para carros pequenos e motocicletas e também para linhas sofisticadas.

Como a empresa planeja atuar nos microsseguros?

O microsseguro atende a população com renda familiar correspondente a US$ 1,2 mil. Então, 90% do mercado popular, por esse conceito, é composto por microsseguro. Já atuamos nele, com foco na distribuição no varejo, em empresas de utilidade pública, buscando segurar móveis, celulares etc. As pessoas podem ter esse seguro para reduzir suas vulnerabilidades. O que diferencia o microsseguro é quem compra, e não o produto.

O Brasil é o país mais promissor para a modalidade?

O Brasil possui na base da pirâmide social 20 milhões de pessoas, que correspondem a US$ 200 bilhões de renda combinada.

A China tem 1 bilhão de pessoas na base da pirâmide e US$ 100 bilhões de renda combinada. O maior mercado potencial está na verdade na América Latina, devido à estrutura de crédito que inclui não bancarizados e à cobrança pela conta de celular.

Empresas que atuam com microsseguro devem ter incentivo fiscal?

As questões tributárias podem facilitar a entrada de "quase seguradoras" que não têm capital para operar. O governo tem de ter a visão de que quanto mais acessível é a regulação para entrada de novo player, mais podem entrar no mercado seguradoras que não são profissionais e que causam danos e excessos.

No país, vocês também estão abrindo resseguradora local. Quando entra em operação?

Ela entrará no segundo semestre, com a característica de dar suporte às operações da Zurich e com R$ 100 milhões de capital.

Temos uma parceria com o IRB que deve continuar, mas a nova resseguradora vem para dar sustentação ao crescimento da seguradora no Brasil em infraestrutura e em grandes obras, como as da Copa.

Como o senhor vê o mercado de resseguro no Brasil, após o fim do monopólio do IRB?

O mercado não é ainda tão aberto porque saiu de um monopólio para uma reserva de mercado local, já que as seguradoras estão limitadas ao fazer resseguro no mesmo grupo. Isso traz problemas para quem tem de aprovar projetos e, em vez de melhorar a situação, aumenta a complexidade.

Nos últimos anos, vimos alianças entre seguradoras e bancos. Ainda é tendência?

Desde o ano 2000, os bancos saíram de seguros gerais para se concentrar em negócio de seguro de vida, no qual eles sempre vão estar envolvidos porque a apólice é semelhante ao produto financeiro.

No seguro de vida, só a data do sinistro é aleatória, enquanto no seguro de danos o evento também é aleatório. A tendência é de bancos fazerem parceria com seguros gerais e manter vida em casa.

As oportunidades nas parcerias estarão em empresas de microfinanças, factorings e bancos médios e pequenos.

Quais os desafios para o mercado segurador?

Ter regulação adequada para microsseguros e definir, com as regras de resseguros de reserva de mercado, como vamos conseguir dar sustentação aos grandes projetos sem encarecer demais as apólices. Tudo isso tem de estar em nossa pauta.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario