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Apostas em ações e na queda do juro trouxeram ganhos no 1º trimestre

Fonte: Valor Econômico

Os fundos de previdência privada aberta, que recebem aplicações de planos PGBL e VGBL, tiveram no primeiro trimestre do ano um desempenho melhor do que o registrado no mesmo período de 2011, mostra pesquisa realizada pelas consultorias NetQuant e Towers Watson. Na renda fixa, as carteiras não só bateram a performance do ano passado como cravaram a variação do CDI no trimestre: 2,45%.

Para Sergio Prates, superintendente comercial da Icatu Seguros, o desempenho em linha com o CDI mostra um amadurecimento dos gestores de previdência. "Não via isso acontecer há dois, três anos", diz. No primeiro trimestre do ano passado, por exemplo, o retorno dos fundos de renda fixa ficou em 2,23%, abaixo dos 2,64% do indicador.

A boa performance dessa classe de fundos, acredita o executivo, veio principalmente de apostas na queda do juro nominal e real, por meio de aplicações em títulos prefixados e atrelados ao IPCA, como as NTNs-B. "Houve um fechamento grande das taxas neste início de ano."

Já os fundos multimercados sem ações, que têm mais flexibilidade para aplicar do que as carteiras de renda fixa, não conseguiram superar o CDI. Ainda assim renderam mais que no primeiro trimestre do ano passado: 2,34% ante 2,25%.

Em termos de rentabilidade, o destaque ficou por conta dos fundos com alguma alocação em renda variável, que foram beneficiados pela forte valorização da bolsa neste início de ano. Com a alta de quase 13% do Ibovespa no trimestre, lideraram os ganhos as carteiras com até 49% em ações. O retorno médio da categoria foi de 5,99%. Já os fundos que podem aplicar até 30% em bolsa tiveram rendimento de 4,39% e os com até 15% em ações, de 3,36%.

A carteira com a maior rentabilidade do período, segundo levantamento da NetQuant e Towers Watson, é uma da Icatu, batizada de Brasil Total. Com 12,34% de ganho no trimestre, o fundo adota uma política de investimento que mescla apostas em títulos de inflação e bolsa.

Segundo Prates, o fundo conseguiu aproveitar ao máximo o potencial de retorno das NTNs-B longas, ao direcionar 95% dos recursos para esses ativos, e usou os outros 5% para apostar na alta da bolsa por meio de índice futuro. Como no mercado de derivativos é possível turbinar os ganhos sem colocar muito dinheiro, essa pequena parcela que o fundo aplicou (5%), na prática, elevou a exposição total da carteira à renda variável a 49%.

Na visão do executivo, fundos que combinem apostas em bolsa e em títulos atrelados ao IPCA continuam atrativos. "Ainda vejo espaço para o fechamento do juro real no longo prazo, já que a taxa no Brasil ainda é alta mesmo comparada a outros mercados emergentes", afirma. E para aproveitar essa queda do juro, continua Prates, o investidor tende a procurar aplicações com alocação em outros mercados que não o CDI e em bolsa.

Entre outros destaques, estão os fundos de previdência conhecidos como "ciclo de vida" ou "data-alvo", que mesclam alocação em renda fixa e renda variável de acordo com o horizonte de investimentos. Quanto mais próximo da data-alvo, menor tende a ser a parcela em ações. No ranking dos dez fundos mais rentáveis no trimestre, a Brasilprev aparece com quatro carteiras: três com data-alvo de 2040 e um de 2030, todas com retorno acima de 9% no trimestre.

Mesmo com o desempenho favorável das carteiras com ações, os investidores seguem tirando recursos dessas carteiras, movimento que começou em abril do ano passado. No primeiro trimestre, os saques nos fundos com renda variável superaram as aplicações em R$ 903 milhões. Já a renda fixa atraiu R$ 7,154 bilhões em recursos no período. No total, a captação líquida da previdência aberta somou R$ 6,251 bilhões, um crescimento aproximado de 32,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Do patrimônio total de R$ 236,9 bilhões, os fundos sem ações representam mais de 83%.

A expectativa, contudo, é que com o juro menor o investidor também caminhe para a sofisticação. "O segmento de previdência ainda é novo e muito padronizado, mas, à medida que a Selic cai, o investidor vai começar a questionar a gestão", diz o vice-presidente da SulAmérica Investimentos, Marcelo Mello.

O primeiro grande passo, na opinião de Mello, deve ser o aumento da procura por fundos diferenciados, com gestão ativa em títulos prefixados e de inflação, além de bolsa. Esse é um mercado promissor, acredita o executivo da SulAmérica. "A indústria ativista de previdência, formada principalmente por casas independentes, já vem crescendo e tende a crescer ainda mais."

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