Breaking News

Cielo já prepara seu contra-ataque

Fonte: Valor Econômico

Enquanto o Itaú Unibanco está às voltas com o processo de fechamento de capital de sua controlada Redecard, que se arrasta desde fevereiro, a Cielo aproveita o momento de fragilidade do concorrente para contra-atacar.

A Cielo já mudou seu estatuto para distribuir produtos bancários em sua rede e planeja criar novos canais de distribuição, além da força de venda própria e de bancos parceiros, como os controladores Bradesco e Banco do Brasi l (BB), além de Caixa Econômica e HSBC.

Parte da reação pôde ser vista nos resultados do primeiro trimestre. A participação de mercado da Cielo subiu 0,7 ponto percentual frente ao quarto trimestre de 2011, para 60,2%, enquanto a da Redecard caiu de 40,5% para 39,8% - considerando-se o volume financeiro transacionado por elas.

Em relatório do mês de abril, a equipe de analistas do Credit Suisse elevou a estimativa de ganho por ação da Cielo, tendo em vista uma menor pressão vinda da Redecard no curto prazo, deixando mais espaço para crescimento de volume e preços resilientes.

A Cielo deverá pautar seu posicionamento não só como uma adquirente - responsável pelo credenciamento de estabelecimentos comerciais, captura, processamento e liquidação de transações com cartões de débito e crédito -, mas também como distribuidora de produtos bancários. Desde o dia 20 de abril, o objeto social da Cielo passou a incluir a prestação de serviços de distribuição de produtos financeiros, securitários, seguro saúde e previdência privada.

A oferta de crediário por meio das maquininhas da Cielo, disponibilizada para lojistas há três semanas, é o primeiro passo nessa nova estratégia. A princípio, apenas correntistas do BB e do Bradesco poderão utilizar limites de crédito pré-aprovado para parcelar compras em até 48 vezes. É plausível imaginar que, num segundo estágio, a oferta possa ser estendida aos bancos parceiros da Cielo, como HSBC e Caixa.

Os bancos não vão remunerar a Cielo pela oferta de crediário. A credenciadora ganha com o aumento do volume de transações. O montante de crédito pré-aprovado por BB e Bradesco soma R$ 60 bilhões. A taxa que será cobrada do estabelecimento comercial pela transação de crediário corresponderá a de uma operação de parcelamento feita pelo lojista - com a diferença de que o lojista receberá o pagamento no dia seguinte à compra e sem desembolsar capital próprio para financiar o consumidor.

Mais adiante, a ideia é que outros produtos bancários possam ser distribuídos por meio das máquinas da Cielo. Mas o desafio é conciliar as novas soluções com a função principal de um POS, que é registrar pagamento com cartão. Nem tudo vai funcionar, pondera Paulo Ribeiro, analista do HSBC. Vender apólice de seguro enquanto outros clientes aguardam na fila parece pouco viável.

A iniciativa da Cielo de usar o POS para distribuir produto bancário seria ainda um indício de como seu relacionamento com os acionistas de BB e Bradesco é mais estreito que aquele entre Redecard e Itaú. Essa integração é a característica chave da estratégia de crescimento da Cielo, diz Ribeiro.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario