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Garfinkel sai do volante

Fonte: IstoÉ Dinheiro

Líder no segmento automotivo, a seguradora Porto Seguro troca o comando e prepara-se para enfrentar a aceleração da concorrência.

Por Cláudio GRADILONE

O administrador de empresas paulistano Fábio Luchetti vai assumir, em setembro, a presidência da seguradora Porto Seguro em substituição a Jayme Garfinkel, que passará a presidir o conselho de administração. Não será exatamente uma novidade para Luchetti. Aos 46 anos, ele trabalha desde os 18 na Porto Seguro e atualmente, como vice-presidente-executivo, já é responsável por boa parte da gestão do dia a dia. No que depender dele, as mudanças serão pontuais, pouco perceptíveis para os clientes e os funcionários. “Vamos nos concentrar na busca da eficiência, sem colocar em risco a cultura da Porto Seguro”, diz Luchetti. “O resto não muda muito, não vou receber nem um aumento de salário.”

Jayme Garfinkel, da Porto Seguro: a partir de setembro, apenas no conselho.

Além da missão de suceder um dos executivos mais respeitados do setor – Garfinkel construiu a Porto Seguro a partir de uma pequena seguradora comprada por seu pai, Abraão. Luchetti terá um desafio adicional: o de contentar os investidores, liderados pelo banco Itaú, que assumiu o controle da companhia em 2008. Os acionistas estão ansiosos por alterações que melhorem os números da companhia. Líder no mercado de seguros automotivos e pioneira em oferecer serviços que atualmente são um padrão de atendimento, como assistência doméstica e remoção de veículos, a seguradora ainda peca na eficiência.

“Temos uma ótima prestação de serviços na rua e uma relação excelente com os segurados e com os corretores, mas ainda precisamos melhorar os processos internos e ganhar escala”, diz Luchetti. Um exemplo é a implantação de um sistema CRM para gerir as informações provenientes do atendimento ao cliente. Padrão nas empresas prestadoras de serviços desde o fim da década de 1990, o CRM da Porto Seguro só foi finalizado em abril passado. “Estamos em um processo muito intenso de melhorar processos internos, como contas a pagar, contas a receber e almoxarifado”, diz o executivo. O foco na eficiência interna é aguardado com ansiedade.

Fábio Luchetti: o novo CEO vai concentrar esforços na melhoria da eficiência
operacional e na consolidação das três marcas geridas pela seguradora.

“O mercado esperava que a Porto Seguro se concentrasse mais no corte de custos quando ela se associou com o Itaú, mas isso não ocorreu”, diz David Kaddoum, sócio da empresa de administração de recursos carioca Atmos Capital. “No entanto, naquele momento o mercado segurador estava crescendo aceleradamente pelo aumento no número de automóveis em circulação, e os ajustes foram postergados.” Os fundos geridos pela Atmos investiram durante muito tempo na Porto Seguro, mas hoje eles não têm mais ações da seguradora. Mesmo assim, Kaddoum diz estar otimista com relação à ação. “Momentos de inflexão provocados por crises ou por mudanças na gestão costumam ser propícios a estratégias de redução de custos”, afirma.

O gestor também aprova a estratégia da Porto Seguro para disputar o mercado. “Eles estão trabalhando bem a questão das três marcas que possuem”, diz. Segundo Luchetti, a marca Porto Seguro será cada vez mais ligada aos produtos de maior valor agregado. A marca Azul vai disputar mercado com base em preço, ao passo que as carteiras de automóveis e residencial da Itaú Seguros continuam sendo trabalhadas na rede de agências do banco. “Um terço da população bancarizada do Brasil é cliente do Itaú”, diz o executivo. “Isso representa um trunfo muito grande, ao lado dos mais de 23 mil corretores de seguros que distribuem nossos produtos.”

Ele afirma que o crescimento do mercado deverá ocorrer principalmente para os clientes de renda mais baixa, que estão comprando seu primeiro veículo – em geral usado – ou trocando a lata velha por um modelo mais moderno. “Estamos estudando produtos específicos voltados, por exemplo, para a proteção do câmbio e do motor”, diz Luchetti. Esses esforços visam a preparar a Porto para um cenário de concorrência mais acentuada. “Muitas seguradoras europeias estão testando o mercado brasileiro, que parece mais atraente do que o dos seus países de origem”, afirma o executivo. “Temos de nos preparar para um cenário em que a concorrência será mais agressiva e as margens serão menores, devido à queda dos juros.”


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