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Mãos à obra

Fonte: IstoÉ Dinheiro

Esquenta disputa bilionária das seguradoras pelas apólices dos investimentos em infraestrutura.

Por Fernando TEIXEIRA

O que a urbanização das favelas cariocas, a construção do estádio Itaquerão, em São Paulo, e uma nova estrada no Nordeste têm em comum? Embora muito diferentes, são todas obras públicas que precisam de seguro-garantia para sua execução. Esse tipo de apólice garante que a construtora executará a obra no prazo e nas condições acordadas na licitação. Se não o fizer, a seguradora cobre o prejuízo do contratante. O potencial de crescimento desse tipo de seguro é gigantesco: segundo previsão do BNDES, as obras de infraestrutura devem mobilizar R$ 380 bilhões de investimentos até 2016. Isso sem contar os R$ 56 bilhões previstos para a realização da Copa do Mundo e da Olimpíada no Brasil. Líder no segmento, com participação de mercado de 35%, a seguradora paranaense JMalucelli cresceu 7,7% em faturamento nos quatro primeiros meses do ano, para R$ 85 milhões.

Carlos Quik, presidente da Pottencial: "Queremos atender
empresas de médio porte"

O diretor da JMalucelli, Gustavo Henrich, vê boas oportunidades em diversos setores. “Temos muitas obras complexas do setor elétrico, como hidrelétricas e usinas eólicas, além da expansão dos aeroportos e redes de saneamento básico”, diz. No Brasil, a prática é segurar entre 5% e 10% do valor da obra, o que resulta num potencial de importância segurada nos próximos quatro anos de mais de R$ 40 bilhões. Em outros países, como os Estados Unidos, as construtoras costumam garantir 100% do valor da obra. No ano passado, as seguradoras arrecadaram R$ 817 milhões em prêmios de seguro-garantia, um crescimento de 15% em relação a 2010. O presidente da comissão de crédito e garantia do Conselho Nacional de Seguros (CNSeg), Rogério Vergara, acredita que as vendas cresçam mais 10% neste ano, para R$ 900 milhões.

Quase toda a expansão em 2012 deve ser vinculada a obras públicas, já que a demanda no setor privado desacelerou com a redução de lançamentos de prédios residenciais, por exemplo. Também as pequenas seguradoras especializadas no produto estão crescendo rapidamente. A mineira Pottencial mais que dobrou seu volume de prêmios no ano passado, chegando a R$ 70 milhões. Com 15 escritórios no País, está abrindo três novos: em São Paulo, na capital, em Marília e Ribeirão Preto. O presidente do conselho do grupo, Carlos Quik, procura estabelecer-se no nicho de médias e pequenas construtoras. “Queremos garantir principalmente contratos de obras municipais e estaduais, como hospitais e redes de saneamento”, afirma.

Hélio Novaes, CEO da MDS Seguros: "O investimento vai continuar depois da Copa e da Olimpíada".

A Zurich, décima segunda maior seguradora do País, aposta principalmente na infraestrutura necessária para a Copa do Mundo em 2014. A multinacional suíça garante a realização de obras em quatro estádios, segundo o CEO de seguros gerais no Brasil, Hyung Mo Sung. “Garantimos a abertura e o encerramento da Copa, pois temos o contrato do Itaquerão e a reforma do Maracanã”, diz. Além dos estádios em São Paulo e no Rio, a Zurich tem as apólices da Arena Fonte Nova, em Salvador, e do Mané Garrincha, em Brasília. A corretora de seguros MDS, controlada pelo grupo português Sonae e pelo brasileiro Suzano, espera um aumento expressivo na demanda por seguro-garantia. O grupo chefiado por Hélio Novaes, que fez carreira na Sul América, espera que suas vendas, que foram de R$ 25 milhões no ano passado, aumentem 20% neste ano.

Para Novaes, o maior potencial estará nos contratos de exploração de petróleo na camada do pré-sal. “Existe vida depois da Copa e da Olimpíada. As obras emergenciais acabam, mas continuam os investimentos em infraestrutura e no pré-sal”, diz. A perspectiva de expansão não se restringe ao seguro vinculado exclusivamente à execução física das obras. Construtoras que disputam muitas licitações precisam apresentar recursos financeiros para se qualificar. E a modalidade de seguro-garantia que substitui as cartas de fiança bancárias também deve crescer muito. Como as fianças são operações de crédito e exigem capital dos bancos, custam mais que os seguros. “O mercado de seguro-garantia deve dobrar em cinco anos”, afirma Sung, da Zurich.


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