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Cresce venda de seguro contra "calote"' de empresa

Fonte: Beasil Econômico

De janeiro a junho , Coface registra alta de 20% na comercialização de apólices de crédito para exportações brasileiras a países com pior risco , como Espanha e Argentina

Flávia Furlan

A deterioração do cenário econômico mundial aumentou a procura por seguro de crédito por parte de empresas brasileiras que exportam para países com problemas , onde o risco de não receber das importadoras está cada vez maior. Na filial brasileira da seguradora francesa Coface , especialista na modalidade , a busca aumentou 20% de janeiro a julho deste ano.

A procura é maior quando as vendas são para países da Europa e outros emergentes , como Índia e Argentina , que acabam de receber um rebaixamento em suas notas de risco pela própria Coface , segundo estudo exclusivo divulgado pela seguradora ao BRASIL ECONÔMICO.

Os dados , referentes a 157 países , são coletados a cada bimestre a partir do comportamento de pagamento das companhias , e também da avaliação , para cada país , feita por 250 analistas de risco. Para determinar a avaliação de um país , a Coface combina panoramas econômico , financeiro e político. As avaliações possuem escala de sete níveis que vão de A1 ( risco muito baixo ) a D ( risco muito alto ).

Ao contrário de países emergentes e europeus que foram colocados em revisão para baixo , devido à desaceleração ou retração da atividade econômica , o Brasil mantém sua nota de risco em A3 ( risco aceitável ) desde setembro de 2010.

" A instabilidade econômica na Europa faz com que empresas com negócios naqueles países passem a buscar mais proteção " , afirma Marcele Lemos , presidente da Coface no Brasil. Apesar da restrição , a Coface Brasil , que representa 60% do negócio da seguradora mundial na América Latina , espera crescimento de até 20% do faturamento em 2012 , que chegou a R$ 114 milhões no ano passado.

A Coface revisou a nota de risco para seis países europeus , entre eles Espanha e Itália , que tiveram a avaliação A3 colocada em perspectiva negativa. No caso da Espanha , a seguradora afirma que os pagamentos atrasados e as falências de empresas aumentaram significativamente. " O crescimento lento da economia impede a redução da dívida pública e as tensões dentro do mercado de dívida secundária permanecem graves " , diz o relatório , que aponta uma queda para a economia espanhola de 2% neste ano.

Quanto à Itália , a seguradora afirma que a atividade econômica deva retrair 1,8% neste ano e que o nível da dívida pública representa uma ameaça , com a emissão de títulos vulnerável às mudanças nas expectativas do mercado.

Entre os emergentes , a Índia teve sua nota A3 colocada em perspectiva negativa , devido ao fato da demanda externa mais fraca e o aperto da política monetária , entre março de 2010 e outubro de 2011 , estarem segurando o crescimento econômico. A Coface espera que o Produto Interno Bruto ( PIB ) do país cresça 6,5% no ano.

Já na Argentina , a nota para o item " clima de negócios " , um dos analisados para formar o risco geral , foi cortada de B ( médio ) para C ( alto ). A nota foi revisada devido à implantação de controles de câmbio restritivos , que tornam o acesso à moeda corrente mais difícil para as empresas. Além disso , a instabilidade regulatória e o crescente intervencionismo do governo estão começando a minar a confiança das empresas e contribui para o ritmo mais lento de crescimento.

A presidente Marcele diz que não sentiu impacto ainda das medidas mais restritivas nos negócios da seguradora na Argentina. " Até o momento, estamos restritivos na aprovação de novos volumes de seguro para empresas do país , mas tudo o que já está aprovado de limite para o país está mantido. Estamos monitorando de perto , e não vimos sinal de incremento da sinistralidade ", diz.

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