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Revisão de avaliações de risco país

Fonte Livia Pretti

A crise se agrava no sul da Europa e o modelo indiano começa a mostrar sinais de dificuldades

Aviso: as avaliações de risco país da Coface medem o nível médio de moratórias de pagamento da empresas de determinado país dentro do quadro de suas transações comerciais no curto prazo. Não levam em consideração a dívida soberana. Para determinar o risco país, a Coface combina os panoramas econômico, financeiro e político do país, a experiência de pagamento da Coface e uma avaliação de clima de negócios. As avaliações possuem uma escala de sete níveis: A1, A2, A3, A4, B, C e D.

A recessão no sul da Europa está se tornando cada vez mais severa na Espanha e Itália, e se espalhou para o Chipre. A contração da atividade nestes três países deve ser de, respectivamente, 2%, 1.8% e 1.3% para o ano de 2012. Surgiram ainda algumas preocupações sobre os mercados emergentes. Os primeiros sinais de dificuldades no modelo indiano de crescimento econômico e uma deterioração do clima de negócios na Argentina começam a emergir. No entanto, a Indonésia, impulsionada pela vitalidade de seu mercado doméstico, está demonstrando uma habilidade significativa para enfrentar choques externos.

Neste ambiente cada vez mais difícil para as empresas, a Coface reduziu suas notas de risco para seis países, incluindo Espanha, Itália, Chipre e Índia, e elevou as de quatro países.

A recessão piora no sul da Europa

Devido à piora na situação econômica no sul da Europa, a Coface colocou em alerta negativo as notas A4 da Espanha e Itália, e rebaixou a do Chipre, onde a situação está preocupante, de B para C.

Na Espanha, no primeiro trimestre de 2012, houve uma notável piora na recessão, com uma forte queda na atividade do setor industrial e de serviços e uma queda de 30% no preço dos imóveis desde o pico, em dezembro de 2007. A taxa de desemprego continua a subir e está acima de 24% desde março de 2012. Os pagamentos atrasados e falências de empresas na Espanha também cresceram significativamente e envolvem empresas não só do setor de construção como também as de agro-alimentos, equipamentos elétricos, indústria química e comércio não-especializado. O crescimento lento está impedindo a redução da dívida pública e as tensões dentro do mercado de dívida secundária permanecem graves. 

Na Itália, o PIB caiu 0.8% no primeiro trimestre de 2012, o terceiro trimestre consecutivo de queda. O declínio na atividade industrial se acelerou, com o setor de construção em especial sofrendo com uma queda de 15.1% nas entregas no último ano. O desemprego está em níveis recordes e atingiu 10.2% da população em abril. Em um contexto onde reformas poderiam levar a um aumento do descontentamento entre a população, o nível da dívida pública representa uma ameaça, com seu nível de viabilidade permanecendo muito vulnerável a mudanças nas expectativas do mercado. A Coface nota uma forte deterioração na experiência de pagamento das empresas italianas, principalmente nos setores de metalurgia, agroalimentos, construção e têxtil. 

O Chipre é o quinto país da zona do euro a pedir assistência financeira da União monetária. O setor bancário, seriamente exposto ao risco grego, representa um risco sistêmico, com um balanço igual a sete vezes o PIB do Chipre. O nível da dívida privada (311% do PIB em 2011) é o mais alto da Europa, enquanto a dívida corporativa chegou a 186% do PIB. O setor de construção continua a sofrer devido ao estouro da bolha imobiliária e a indústria petroquímica foi impactada devido a falhas no fornecimento de eletricidade.

Índia: Um modelo de crescimento sob pressão

Em relação à Índia, a Coface colocou em alerta negativo a avaliação global A3 do país, e especificamente a nota A4 para o clima de negócios.

Na Índia, a demanda externa mais fraca e o aperto na política monetária entre março de 2010 e outubro de 2011 está segurando o crescimento. A Coface espera que o PIB cresça 6.5% no ano. O crescimento neste trimestre foi o mais fraco dos últimos nove anos e foi marcado por uma contração nas entregas do setor de manufatura. A rúpia, com uma queda de 23% em junho de 2012, continua a sofrer pressões de queda, ligadas à alta dívida soberana.. Estas pressões contínuas relacionadas à moeda, os temores de inflação e o nível de dívida pública não deixam margem para um plano de estímulo econômico, apesar da desaceleração econômica. Além disso, a situação enfraquecida do Partido do Congresso após as eleições de março de 2012 retardou o calendário das reformas estruturais. O nível inalterado da corrupção, infraestrutura que ainda demonstra pouca eficiência e o declínio da qualidade da regulação dão margem para preocupações entre os investidores estrangeiros, e o clima de negócios gera um impacto negativo no crescimento.

Argentina: Deterioração no clima de negócios

A Coface rebaixou sua nota para o clima de negócios na Argentina de B para C, devido à implementação de controles de câmbio restritivos, que torna difícil o acesso à moeda corrente para empresas importadoras e exportadoras. A instabilidade regulatória e o crescente intervencionismo do governo está começando a minar a confiança das empresas e dos domicílios e contribui para o ritmo mais lento de crescimento.

Indonésia: Maior solidez

A Coface colocou as notas B de risco e clima de negócios da Indonésia em alerta positivo. O mercado doméstico está sendo impulsionado por fatores demográficos favoráveis, e as exportações de matérias primas brutas para a China ajudam a sustentar o vigor de seu crescimento. A contínua melhora do risco soberano, as reformas implementadas para reestruturar o setor bancário e a luta em andamento contra a corrupção reforçaram o vigor da economia e sua capacidade de resistir à piora no clima econômico mundial.

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