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Seguros após a pacificação


Fonte: O Dia - RJ

Banco do Brasil e Mapfre se unem para oferecer microsseguros no Alemão
POR AURÉLIO GIMENEZ

Rio -  Palco da nova novela das nove e atração turística internacional a partir da pacificação, o Complexo do Alemão vem recebendo uma série de serviços que, até então, só era encontrada no asfalto. Agora, a novidade para os moradores é a venda de microsseguros a preços populares com cobertura para auxílio funeral e por morte acidental ou invalidez permanente.

“A cena é relativamente comum tanto no Complexo do Alemão como em outras favelas do Rio de Janeiro. Com a morte de um familiar, moradores recorrerem aos amigos em busca de dinheiro para pagar as despesas do funeral. É a conhecida “vaquinha”, solução adotada por boa parte da população das comunidades na hora de uma tragédia”, diz Cíntia Ferreira Martins, 36, primeira corretora de microsseguros a atuar no Alemão.

Com o teleférico ao fundo, a corretora Cíntia Ferreira Martins comemora a chegada dos microsseguros ao Complexo do Alemão | Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia

Segundo ela, é muito comum as pessoas recorrerem ao presidente de associação de moradores para que este ajude a realizar o enterro de um parente ou amigo. Com o objetivo de oferecer uma maior proteção e uma segurança aos moradores, num momento de infortúnio, Cíntia decidiu procurar uma seguradora que desejasse investir em seguros com valores acessíveis na comunidade.

“Com o surgimento dos microsseguros, percebi que era uma oportunidade para os moradores do Alemão terem um seguro que garantisse a dignidade na hora do funeral a preços populares”, complementou a corretora.

O Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre aderiu à ideia de Cintia, criando dois produtos para o Alemão: o seguro familiar Mapfre Decessos Você Tranquilo — de assistência funeral de R$ 2.500 mais benefícios; e outro plano que, além da cobertura do funeral, garante uma cobertura de R$ 10 mil por morte acidental ou por invalidez permanente total por acidente.

Microsseguros já estão nas favelas

Diretor-geral de Seguro de Vida do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, Bento Zanzini afirma que a estabilização da economia e entrada de novas pessoas na Classe Média possibilitaram que este novo grupo experimentasse o consumo e a proteção de bens e da família, por meio dos seguros. Segundo ele, o trabalho desenvolvido por Cíntia no Complexo do Alemão motivou a empresa a criar os produtos de microsseguros voltados para os moradores da comunidade.

Zanini explica que o seguro de assistência funeral tem uma apólice de R$ 14,33 por mês. A cobertura é de R$2.500 e a família recebe ainda 12 cestas básicas no valor de R$ 100 e assistência psicológica aos familiares.

Já o seguro de vida tem os mesmo benefícios mais a cobertura de R$ 10 mil por morte acidental ou R$ 10 mil por invalidez permanente por acidente. A apólice sai por apenas R$ 20,96 por mês.

“Esperamos captar de 10% a 20% dos moradores do Complexo do Alemão num prazo de dois anos. Para isso, pretendemos aumentar o número de corretores na região”, prevê o executivo.

Conforme a corretora Cíntia Martins, são 14 associações de moradores no Alemão. Além de capacitar os presidentes das associações, ela espera treinar cerca de três pessoas por região. “Capacitar o representante da associação para a venda de seguro é uma forma de gerar renda e dar proteção a quem fez o seguro em caso de morte de algum morador”, diz a corretora.

‘O importante é ter uma garantia’

Morador e comerciante na Grota, no Complexo do Alemão, Ricardo Brazão Pinto, 28 anos, comprou pela primeira vez um seguro de vida. “Já tinha um seguro de automóvel, mas é importante também ter uma garantia para a família”, afirma o comerciante.

A dona de casa Roseane Cavalcanti Oliveira, 51 anos, fez um seguro de vida oferecido pela corretora Cíntia Martins. “Achei interessante a explicação sobre a importância de ter um seguro. Na hora que a gente menos espera é que ocorre alguma coisa, e nem sempre temos dinheiro guardado”, diz.

O mesmo trabalho de Cíntia no Complexo do Alemão é feito pelo corretor Ricardo Pires no Dona Marta. Representante da Bradesco Seguros, em seis meses de atuação, ele vendeu mais de 260 apólices para os moradores da comunidade de Botafogo.

Encarregada dos trabalhadores do Plano Inclinado, Karem Silva Dantas, 30 anos, comprou em julho o primeiro seguro de vida. Mãe de três filhas, ela quis garantir a segurança das crianças em caso de alguma fatalidade.

MICROSSEGUROS

‘EU ESTOU SEGURO’
Projeto piloto desenvolvido pela Confederação Nacional de Seguros (CNSeg) na comunidade Santa Marta, em Botafogo. Além de oferecer seguros populares, o projeto mostra a importância de uma família ter uma apólice, como proteção patrimonial ou de vida, além de promover a educação financeira dos moradores.

CAPACITAÇÃO
Em parceria com a Confederação Nacional de Seguros (CNSeg), a Escola Nacional de Seguros promove cursos para formação de corretores especializados em microsseguros. Informações pelo site www.funenseg.org.br .

REGULAMENTAÇÃO
No final de junho, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) regulamentou a comercialização de microsseguros destinados à população de baixa renda. Assim, as seguradoras poderão oferecer mais de 20 categorias de seguros com mensalidades (apólices) entre R$ 3 e R$ 25, conforme o tipo de produto adquirido. O valor da indenização dependerá da categoria e chegará a, no máximo, R$ 60 mil para imóveis com atividade microempreendedora. A cobertura por morte será até R$24 mil. Já o reembolso de despesas com funeral, de até R$ 4 mil.

COBERTURA CONTRA RAIO
O grupo Bradesco Seguros vai lançar o microsseguro ‘Proteção em dobro’ com cobertura residencial, acidente pessoal e assistência funeral. A apólice deverá ter o preço médio de R$8 mensais. A cobertura residencial protege até mesmo contra incêndio provocado por raio. Já a Caixa Seguros também desenvolveu o seguro acidentes pessoais, o ‘Caixa Seguro Amparo’ com apólice de R$ 30 a R$ 60 por ano.

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