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Seguradoras fazem ajustes para conviver com juros baixos e manter rentabilidade


Fonte: Viver Seguro

As seguradoras brasileiras já fizeram ajustes significativos para conviver com taxas de juros menores, mas ainda precisam adotar estratégias para manter o nível de retorno financeiro ao acionista, diz Lauro Vieira de Faria, economista da Escola Nacional de Seguros, durante palestra no evento “Mesa Redonda - Os efeitos da atual política de juros no mercado de seguros e previdência”, promovido em São Paulo, pela Escola Nacional de Seguros, nesta quarta-feira.

Segundo ele, a cada um ponto percentual de redução da taxa de juros as seguradoras precisam melhorar em um ponto percentual o índice combinado (faturamento menos despesas e pagamentos de indenizações), indicador conhecido no setor por medir a eficiência operacional de uma companhia. Quanto menor, melhor. “Se comparado ao mercado internacional, onde a relação é de a cada um ponto percentual de queda de juros há uma necessidade de melhorar três pontos percentuais de índice combinado, as seguradoras no Brasil estão muito capitalizadas”, afirma.

As seguradoras do ramo vida devem ser mais atingidas pela baixa da taxa de juros, acredita Faria. “Mas é preciso olhar cada caso, empresa a empresa”, citou. Já seguros gerais, que envolve bens patrimoniais, tem menos chance de ser afetado em razão dos contratos serem de curto prazo, de no máximo, um ano.

Faria fez uma pesquisa com 52 seguradoras, usando o banco de dados público da Superintendência de Seguros Privados (Susep). O estudo mostrou que, nas seguradoras do segmento de seguros gerais, o resultado financeiro sobre o prêmio ganho era de 15% em 2003 para 8% em agosto de 2012. O índice combinado melhorou dez pontos percentuais, passando de 110% para 102%.

A rentabilidade sobre o patrimônio médio praticamente se manteve em 8%, com um pico de 17% nos anos de 2006, 2007 e 2011. Segundo ele, os investidores estão acostumados com uma faixa de 12%. “Então para retornar a esse patamar, as seguradoras de seguros gerais precisam acelerar estratégias para aumentar a rentabilidade neste cenário de queda de taxas de juros”, afirma Faria.

As seguradoras de vida mostram outro cenário, uma vez que os passivos são mais de longo prazo, ao contrário de seguros gerais, onde a maioria dos contratos de seguros tem vigência de um ano. A média entre as 26 seguradoras pertencentes a amostra, o resultado financeiro sobre o prêmio ganho era de 22% em 2003 e caiu para 6% em agosto de 2012. A rentabilidade sobre o PL se manteve em 25%, com um pico de 46% em 2005. Ou seja, um elevado índice de remuneração ao acionista.

Não é possível saber se esse ajustamento revelado na pesquisa procede de aumento de preço, da melhora da subscrição, da redução de custos. “Acredito que esse ajustamento veio de ganho operacional”, comentou Faria.

As alternativas para compensar o vácuo deixado pela redução do ganho financeiro são aumento do preço, ampliação do portfólio e área de abrangência da companhia e redução de custos. Outra saída é aplicar as reservas técnicas (valores que garantem que a seguradora vai ter recursos para pagar a indenização no futuro) em ativos de maior risco, numa tentativa de aumentar o retorno da carteira de investimentos.

Também é possível fazer uma alavancagem maior entre prêmio e patrimônio. Faria acha pouco provável a alavancagem, em razão das amarras regulatórias e maior fiscalização das companhias por parte da Susep. O economista também não acredita que as companhias consigam aumentar o preço do seguro diante de um mercado extremamente competitivo. Para ele, a aposta do setor está na melhoria operacional, com ganho de escala ao conquistar mais clientes para o setor de seguros. 

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