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Brasilprev aplicará R$ 10 bi em crédito


Fonte: Valor Econômico

Por Carolina Oms e Karla Spotorno | De São Paulo

Ricardo Flores, presidente da Brasilprev, que, para continuar crescendo acima da média de mercado, vai lançar produtos de previdência mais baratos para a classe C

A Brasilprev pretende investir mais R$ 10 bilhões em títulos de dívida privada em 2013, de acordo com o presidente da companhia, Ricardo Flores. O valor representa um aumento de 50% no volume destinado a esse segmento de ativos. Até setembro, a empresa de previdência privada do Banco do Brasil tinha cerca de 32% dos seus recursos - aproximadamente R$ 20 bilhões - investidos em debêntures, títulos, cotas em fundos de direitos creditórios (FIDCs), entre outros ativos de dívida privada.

Altair César de Jesus, superintendente de investimentos da Brasilprev, confessa que encontrar R$ 10 bilhões de bons ativos é um desafio e tanto. Dos 13 profissionais que trabalham na superintendência de investimentos, cinco se dedicam em tempo integral à busca de títulos com nota de risco e rentabilidade adequados. "Estamos tentando diversificar, no sentido de aumentar a participação de [emissores] não financeiros", afirma Jesus. Para isso, os "caçadores" buscam oportunidades junto a fontes que não são bancos, como as gestoras de recursos que têm FIDCs.

Flores explica que a seguradora também tem procurado títulos de médio e longo prazos na área de infraestrutura. Ele diz que o objetivo é diversificar setores, empresas e projetos. "Não vamos colocar todos os ovos em uma mesma cesta", afirma Flores. O executivo vê oportunidades nos setores de portos, rodovias, hotéis e até mesmo nas elétricas. Disse que as mudanças feitas pelo governo federal na renovação das concessões do setor de energia elétrica não mudam o interesse da Brasilprev pelo setor, que "sempre pagou ótimos dividendos".

Com base em estimativas feitas a partir dos dados da empresa e da Fenaprevi, a federação das empresas do setor, Flores projeta que a Brasilprev deve crescer 10 pontos percentuais acima da média do mercado neste ano. Até dezembro, a companhia deve contar com R$ 66 bilhões de recursos sob gestão, 32% a mais do que no passado. "Nossa estimativa aponta que o mercado vai crescer 22%", afirma Flores. Até setembro, a empresa possuía um total de R$ 61,9 bilhões sob sua responsabilidade.

Esta é a primeira vez que Flores, ex-presidente da Previ (fundo de pensão dos funcionários do BB), concede entrevista à imprensa após ter assumido o comando da Brasilprev, em setembro. A Brasilprev é uma associação entre o BB Seguros Participações e o grupo americano Principal Financial. O BB é o maior acionista da empresa (com cerca de 75% do total das ações).

Para continuar crescendo acima da média do mercado, uma das apostas da Brasilprev é conquistar os consumidores da nova classe média. Eles já são numerosos na base de clientes da empresa. Detêm 409 mil planos, o que representa 23% do total da seguradora. "É um público representativo para a empresa e importante para o crescimento", afirmou Flores. "[A classe C] é um público que passou a consumir mais e passou a entender e se preocupar mais com o futuro", disse o executivo.

Para captar e reter novos participantes, uma estratégia será lançar novos produtos com custos mais baixos. "Os produtos com taxa de administração de 3% ao ano nesse cenário de juros podem deixar de ser competitivos", afirma Altair César de Jesus.

Sem adiantar mais detalhes, Jesus explica que a taxa de carregamento nos novos produtos pode cair pela metade. A medida é importante. Segundo a Brasilprev, o participante que contribui com menos de R$ 400 por mês paga uma taxa de carregamento antecipada (no momento do aporte) e outra postecipada (ao resgatar os recursos). A segunda começa a 1,5% e pode zerar se o participante deixar os recursos aplicados por mais de 24 meses. A primeira taxa não zera. Com aportes mensais inferiores a R$ 400, o participante entrega 4% de seus recursos ao fazer a aplicação na seguradora. Segundo os dados da empresa, uma parcela relevante se classifica nessa faixa. Na média brasileira, o cliente da Brasilprev contribui com R$ 355 por mês. A classe C aplica ainda menos. A contribuição média desse segmento é de R$ 109 por mês. Como classe C, a Brasilprev entende o cliente com renda abaixo de R$ 4 mil ou reserva abaixo de R$ 10 mil.

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