Breaking News

Cade assina hoje acordos com Unimeds

Fonte Valor Econômico

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) assina hoje acordos com as Unimeds em 30 processos administrativos para encerrar a "unimilitância". A prática proíbe médicos de atender pacientes e prestar serviços fora da cooperativa a que pertencem. Ao todo, as Unimeds vão pagar R$ 14 milhões e encerrar a exclusividade com os médicos em todo o país. Os processos são responsáveis por um recorde indesejável no Cade. Hoje, pouco mais de um quarto de todas as ações que o órgão antitruste responde na Justiça são de Unimeds que foram multadas por exigirem exclusividade aos médicos, política considerada prejudicial à concorrência.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vai assinar hoje acordos com Unimed s em 30 processos administrativos para encerrar de uma vez por todas a "unimilitância". Essa prática proíbe médicos de atender pacientes e de prestar serviços fora da cooperativa a que pertencem. Ao todo, as Unimeds vão pagar R$ 14 milhões e encerrar a exclusividade com os médicos em todas as regiões do Brasil.

Os processos envolvem cooperativas de saúde do Rio Grande do Sul até o Pará e são responsáveis por um recorde indesejado no Cade. Hoje, pouco mais de um quarto de todas as ações que o órgão antitruste responde na Justiça são de Unimeds que foram multadas por exigirem exclusividade aos médicos - política considerada prejudicial à concorrência pelo Cade. O sistema Unimed é o campeão de ações contra o Cade no Judiciário.

Essa situação vai mudar com a assinatura dos acordos, prevista para hoje. Assim que os 30 acordos forem formalizados, o Cade resolve 50 das 58 ações judiciais que as Unimeds têm contra o órgão antitruste. Esses processos serão extintos pois essas cooperativas vão pagar as multas que devem ao Cade. Com isso, numa sessão, serão resolvidos 30 processos que tramitam no Cade e outros 50 judiciais, totalizando 80 casos.

"A possibilidade de celebração desses acordos com as Unimeds é o ponto culminante de uma estratégia para garantir a efetividade das decisões do Cade e reduzir drasticamente o número de processos que tratam de condutas anticompetitivas de empresas", disse ao Valor o presidente do Cade, Vinícius Carvalho. "Será um dos maiores casos da história do Cade de maneira quantitativa e qualitativa", afirmou o procurador-geral do Cade, Gilvandro Araújo.

A solução é quantitativa pois os casos da Unimed são 26% de todas as ações que o Cade responde na Justiça. São 58 processos envolvendo as cooperativas num universo de pouco mais de 230 ações que o órgão responde no Judiciário. Se forem contabilizados os desdobramentos processuais, como embargos, recursos e procedimentos de execução, esse número sobe para 280 procedimentos que a procuradoria do Cade tem que acompanhar. É algo que toma tempo dos procuradores, exige monitoramento diário.

Já a parte qualitativa dos acordos está na determinação do fim da "unimilitância". Essa é uma batalha de três décadas do Cade. Desde 1986, integrantes do Cade analisam queixas contra a exclusividade que a Unimed impõe aos médicos e, em mais de 60 processos, foram impostas condenações. Mas as penas são baixas e chegam, em média, a R$ 63 mil por Unimed. Para completar, as cooperativas sempre tiveram por regra recorrer à Justiça contra as condenações do Cade. Nesse cenário, a prática da "unimilitância" continuou.

Em 2009, o Cade editou a Súmula nº 7 para fixar o entendimento de que é infração à lei impedir que médicos prestem serviços fora da cooperativa a que pertencem. Mesmo assim, os recursos ao Judiciário contra as determinações do Cade continuaram até que, no fim daquele ano, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu contra a prática. De posse da decisão do STJ, o Cade chamou a direção das Unimeds para negociar o acordo que deve ser assinado hoje com várias cooperativas.

"Assim que houver a aprovação do Cade, as Unimeds vão assinar os acordos", disse ontem José Claudio Ribeiro Oliveira, assessor jurídico da Unimed do Brasil, entidade que representa as cooperativas.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario