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Hora do ajuste

Fonte; IstoÉ Dinheiro

 Novas regras vão elevar a volatilidade da previdência privada. Saiba como ganhar nesse ambiente mais animado.

Por Patrícia ALVES

Aposentadoria combina com volatilidade? Para muita gente, a resposta seria não. Quando o assunto é a vida financeira pós-trabalho, os termos mais adequados são segurança e previsibilidade. No entanto, com os juros em mínimos históricos, é hora de repensar esse conceito. A queda das taxas torna necessário rever o portfólio, em busca de um retorno maior. Essa é a estratégia da advogada carioca Renata da Mata. Ela transferiu seu dinheiro do plano de previdência antigo, que investia em títulos de curto prazo, atrelados à Selic e ao DI (juros que bancos cobram para emprestar dinheiro para outras instituições), para outro, com títulos mais longos, atrelados à inflação. 


                                  Com o novo patamar de juros no País, os retornos oferecidos
                           pelos títulos de curto prazo ficaram muito comprometidos e perderam
                                            o sentido para aplicações de médio e longo prazo

“Sei que o novo plano tem mais risco e que os prazos maiores podem provocar mais volatilidade, mas como ainda me falta algum tempo para a aposentadoria, posso arriscar mais”, afirma. Renata é uma exceção no mercado. Cautelosa e preocupada com o futuro, aos 33 anos, ela investe em previdência desde 2004 e se antecipou a um movimento que deve ser seguido pelas seguradoras e entidades brasileiras de previdência complementar aberta. No início de janeiro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou novas regras para o setor, obrigando as instituições que administram planos de previdência a substituir as aplicações de curto prazo e indexadas à taxa básica de juros por papéis de longo prazo.

Segundo o CMN, as mudanças fazem parte da agenda de desindexação da economia brasileira, que ainda tem muitos contratos corrigidos pela Selic. Além disso, com o novo patamar de juros no País, os retornos oferecidos pelos títulos de curto prazo ficaram muito comprometidos, perdendo o sentido para aplicações de médio e longo prazo. As entidades terão até dezembro de 2015, para se adaptar às novas regras. Com as mudanças, o prazo remanescente (quanto tempo falta para vencer uma determinada carteira) deverá ser de cinco anos, em média. Atualmente, esse período é de um ano. Outra mudança é que a frequência com que os pagamentos de uma determinada carteira são reajustados, conhecida como prazo de repactuação, terá de subir para uma média de três anos.


                Longo prazo: a advogada Renata da Mata optou por um plano com prazos mais alongados
                                  e com mais risco, mas que dará um retorno melhor no futuro

Atualmente, para os ativos atrelados à Selic e ao DI, esse prazo é de apenas um dia. De acordo com Osvaldo Nascimento, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), o alongamento de prazos já vinha ocorrendo, independentemente da regulamentação do governo. “O movimento para tentar aumentar a rentabilidade dos planos numa perspectiva de longo prazo já era uma realidade, mas o mercado entendeu que era preciso disciplinar a mudança, para não gerar distorções”, afirma Nascimento. A regra determina que os prazos médios sejam calculados considerando-se toda a carteira da seguradora, e não cada fundo individualmente.

Segundo Plínio Sales, superintendente de produtos de previdência da Icatu Seguros, essa abrangência é positiva para o investidor. “Aqueles clientes que desejarem manter suas posições em fundos de renda fixa com prazos mais curtos não serão afetados inicialmente”, afirma Sales. “No futuro, no entanto, o perfil das carteiras de investimentos das seguradoras será cada vez mais longo, fazendo com que o cliente diversifique seus investimentos e conheça os riscos que lhe proporcionarão melhores retornos.” Para Nascimento, embora as seguradoras tenham três anos para se adequarem, as novas regras devem estimular o lançamento de novos produtos desde já.

              As novas regras devem acirrar a concorrência entre as seguradoras, tanto pelas novidades
              quanto pelo desempenho dos fundos, e devem estimular o lançamento de novos produtos

“Todas as carteiras serão gradualmente alongadas e o lançamento de produtos que atendam à mudança é inevitável”, diz o especialista. A Icatu Seguros, por exemplo, lançou o Icatu Seg Classic Dividendos 49, que visa a aumentar o poder de compra dos investidores no longo prazo, por meio de uma alocação em títulos corrigidos pela inflação no lugar do CDI, além de aplicar em ações que pagam bons dividendos e sejam de empresas com fundamentos sólidos. “Já vínhamos nos preparando para um novo cenário, e a medida apenas reforça um movimento natural do mercado”, afirma Sales.

As novas regras devem, também, acirrar a concorrência entre as seguradoras, tanto pelas novidades quanto pelo desempenho dos fundos. Segundo Cláudio Pires, superintendente financeiro da Mongeral Aegon, com as mudanças, as empresas terão de se preparar para buscar a diferenciação no mercado. Para o consumidor final, vale a busca, a pesquisa e o frequente acompanhamento. “É importante que ele fique alerta para comparar a performance de seus planos em relação a outros produtos e outras seguradoras concorrentes, pois, com certeza, vai haver uma diferenciação”, diz Pires. 





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