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O bilhão da Cardif

Fonte: Valor Econômico

O faturamento da seguradora cresceu 180% em cinco anos. A sua meta, para os próximos cinco, é dobrar de tamanho

A crise financeira internacional, em 2008, representou um divisor de águas para a seguradora Cardif do Brasil, subsidiária do banco francês BNP Paribas. A atuação no País desde o início da década passada já havia mostrado o potencial do mercado segurador aos executivos do grupo. Por isso, enquanto boa parte dos bancos e seguradoras estrangeiras debandava, os franceses estabeleceram uma meta ambiciosa: multiplicar o faturamento de R$ 373 milhões naquele ano para pelo menos R$1 bilhão nos cinco anos seguintes. Dito e feito. Até 2012, a receita da companhia cresceu 180%, acima do mercado: nesse período, o setor de seguros cresceu 92%, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Desde 2008, os franceses investiram R$ 250 milhões na subsidiária brasileira para desenvolver novos produtos, aprimorar a tecnologia e qualificar os profissionais. "A estratégia de apostar no crescimento da renda e na queda do desemprego no Brasil também contribuiu para esse resultado", diz Adriano Romano, que assumiu o posto de CEO da Cardif em dezembro do ano passado. "O mundo entrou em crise, mas o Brasil cresceu." Além de escolher bem o nicho de mercado, a seguradora ganhou por concentrar seus esforços na distribuição, realizada por meio de parcerias, e não diretamente nos produtos.

"No mundo inteiro, as companhias do ramo são focadas em produtos, mas nós nos organizamos de maneira diferente, escolhendo o setor, conhecendo a dinâmica, o público, para, a partir daí, pensarmos nos produtos", diz Romano. A Cardif vende dois milhões de apólices por mês através de uma rede de 60 parceiros, entre eles empresas varejistas como Magazine Luiza e Carrefour, que totalizam 15 mil pontos de venda. Os principais produtos são seguros automotivos e financeiros, como garantia estendida e proteção financeira, cuja demanda aumentou devido ao crescimento do crédito. O seguro de proteção financeira representou a maior fatia do faturamento, correspondendo a 50% das vendas.

As apólices de garantia estendida ocupam o segundo lugar nas operações, com 25%, e os demais produtos, como capitalização, seguro automotivo e residencial, dividem os 25% restantes. Apesar do foco nas classes C e D, a Cardif não descarta criar produtos para as classes A e B. "Só precisamos estudar uma maneira de distribuir esses produtos", afirma Romano. Segundo ele, a ideia é ampliar a fatia de produtos distribuídos via internet. Atualmente, as vendas online representam apenas 5% da distribuição. "Apostamos muito nesse canal, tanto com parceiros que possuem lojas físicas e online quanto com parceiros que nasceram na internet e também corretoras que atuam apenas na rede", afirma Romano.

"Em cinco anos, a participação dos canais online na distribuição deve subir para 20%." A próxima meta da seguradora francesa é dobrar de tamanho em cinco anos, no faturamento e no número de parceiros. "Estamos olhando segmentos que ainda não fazem parte de nosso portfólio, mas oferecem demanda crescente, como o seguro para motocicletas", afirma o CEO. O Brasil tem uma frota de 76,1 milhões de veículos motorizados, e um em cada cinco tem duas rodas. Há 16,9 milhões de motocicletas em circulação, e  menos de 5% delas são seguradas, algo que aguça o apetite da Cardif. "O mercado brasileiro oferece as maiores oportunidades atualmente", afirma Romano.

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