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Seguradoras miram risco corporativo para crescer

Por Denise Bueno | Para o Valor, de São Paulo

 Daniel Wainstein/Valor / Daniel Wainstein/ValorWady Cury, do grupo BB e Mapfre: "Apostar no gerenciamento de riscos é uma estratégia vencedora, que traz ganho ao negócio de todos os envolvidos"


O Brasil está vez mais exposto a riscos complexos à medida que a economia cresce e as empresas se expandem internacionalmente. "Com o crescimento, as corporações brasileiras passam a se integrar mais na economia global e, como consequência, enfrentam maiores riscos com a cadeia de suprimentos, com desastres naturais e com a falta de mão de obra qualificada", diz Angelo Colombo, CEO da filial brasileira da Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS).

O grupo WEG, um dos maiores fabricantes mundiais de equipamentos eletro-eletrônicos, vê no seguro uma das formas de garantir o crescimento com consistência. "Depois de identificado riscos e produzida as políticas de gerenciamento, definimos por meio dos comitês e comissões como será tratado o risco, se vamos absorver, compartilhar ou transferir, seja com seguradoras ou parceiros em projetos ou até com fornecedores", diz Vanderlei Moreira, gerente global de riscos e seguros.

Isso obrigou seguradoras e corretoras a reinventarem produtos e serviços para mitigar riscos e agregar ainda mais segurança ao patrimônio dos clientes. O conceito de sustentabilidade passou a ser o norte dos executivos de grandes riscos das seguradoras. "Quando uma fábrica sofre um acidente como incêndio, todos perdem: bancos, fornecedores, economia local e governos. Apostar no gerenciamento de riscos é uma estratégia vencedora, que traz ganho ao negócio de todos os envolvidos", argumenta Wady Cury, diretor de grandes riscos do grupo segurador Bando do Brasil e Mapfre.

Para conquistar clientes e formar uma carteira rentável, as seguradoras apostam em inovação, produtos acessíveis e estudos que as ajudem a surpreender nas coberturas ofertadas. Segundo a "Allianz Risk Barometer 2013", pesquisa realizada pela AGCS, a paralisação do negócio por falha na cadeia de suprimentos, desastres naturais, como enchentes, e incêndios e explosões estão entre os principais riscos relatados pelos 529 especialistas em seguros corporativos e industriais entrevistados em 28 países.

O grupo BB e Mapfre investiu em uma pesquisa de menor abrangência, mas descobriu dados interessantes. Escolheram 12 grandes e médias clientes para visitar. O projeto gerou 67 ações de inspetoria e consultoria, com quase 420 recomendações de prevenção e mitigação de riscos. A surpresa foi que 57% dos clientes implementaram as normas definidas pelo comitê gestor de riscos e segurança. "Basta apenas que elas sejam obedecidas e recebam manutenção", diz Cury. Os outros 16% não estavam implementadas de acordo com a legislação e apenas 10% precisavam fazer investimentos pesados em infraestrutura para se adequarem aos padrões mínimos exigidos pelas seguradoras.

Segundo Luciano Calheiros, diretor de riscos corporativos da Liberty, a ideia é ajudar a sociedade a identificar e prevenir riscos. "As seguradoras têm um histórico valioso das razões que levaram companhias a perder tudo e queremos usar essa experiência", diz. Uma das ações é distribuir cartilhas para diferentes nichos, com dicas simples de segurança para clientes médios e pequenos. "O risco de um restaurante é diferente do risco de uma loja de roupas. Queremos dar dicas sob medida para cada segmento", afirma.

Seguradoras e corretores sugerem recomendações de prevenção, desde as mais simples, como separação de materiais tóxicos e inflamáveis, até o roteiro de trajeto para o transporte de um equipamento de grande porte. "Se cumpridas, conseguimos seguradoras interessadas em aceitar o programa de seguro desenhado sob medida, com preços e franquias acessíveis", conta Eduardo Marques, diretor da corretora Marsh.

"Se a empresa se propõe a cumprir parte das recomendações, temos uma cláusula determinando um prazo para finalizar as melhorias. Caso não haja interesse da empresa em investir em segurança, ficamos impossibilitados de oferecer cobertura", diz Otávio Bromati, diretor de responsabilidade civil da Zurich Seguros no Brasil.

A Generali cresce pautada pela estratégia de "pescar em rios com menos pescadores", diz o CEO José Ribeiro. Para ele riscos bem tratados e com boa subscrição são mais rentáveis do que aqueles onde há queda substancial das taxas em função da concorrência. "O Brasil tem grande potencial de crescimento entre as medias e pequenas empresas, pois menos de 20% delas contam com seguro. O sucesso está em ajudá-los a terem uma operação mais sustentável", diz.

A americana AIG persegue a mesma estratégia. Pesquisa realizada pelo grupo revelou que das cerca de 27 milhões de pequenas e médias empresas instaladas no Brasil, somente 20% têm seguro. "Por essas e outras o Brasil é um dos principais mercados do mundo para o grupo, ao lado da China", conta o CEO Jaime Calvo, que tem o desafio de sair de 0,5% em seguros patrimoniais para 3,7% em 5 anos. Estão previstos 15 produtos inovadores para serem lançados em 2013 para os clientes corporativos.

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