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Seguradoras querem lançar um seguro popular

Fonte   Diário Web

No ano de 2012 o mercado brasileiro de seguros registrou um crescimento considerável, 22,3% em relação ao ano anterior, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Este crescimento foi ajudado principalmente pelo aumento na participação da classe C neste tipo de negócio, com destaque para os seguros de automóveis. E é pensando em continuar com esta expansão que as empresas de seguro de automóveis de todo o país podem implantar o seguro popular de carro, criando uma nova alternativa para aqueles que não têm renda suficiente para comprar o produto tradicional, ou mesmo até para aqueles que querem gastar menos no seguro do auto.

A modalidade deve ser regulamentada até o final deste semestre pelo governo e a mudança poderá garantir um preço até 30% menor que o praticado atualmente ao permitir a utilização de peças usadas, no caso de necessidade de reposição, devidamente certificadas com a aprovação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e em condições de reutilização. Entretanto, a redução implicará na exclusão de alguns serviços comuns aos seguros completos praticados atualmente.

Segundo Luiz Pomarole, vice-presidente da comissão de seguros de automóveis da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), a economia vai depender da região em que o segurado vive. “Podemos dizer que vai de 10% a 30% de economia, dependendo muito da região. Em grandes centros, o preço do seguro é maior por causa dos índices de roubo maiores. Já em praças menores, o custo é menor por ter menos roubos e o uso da franquia ser maior para acidentes”, conta.

Frota ampliada

Com a implementação, a expectativa é atingir as classes mais baixas que não podem arcar com os seguros completos pelo alto valor cobrado. “A ideia do seguro popular é para atingir as classes C e D com seguros mais em conta e assim aumentar o número de automóveis segurados”, afirma o mentor do Clube dos Corretores de Rio Preto Shirtes Pereira.

Para o gerente da sucursal de Rio Preto da Porto Seguro, Cristiano Maschio, com a nova opção, a possibilidade de crescimento do número de carros segurados é grande. “Hoje em dia, apenas 25% da frota é segurada, ou seja, de cada quatro carros, um possui seguro. Com a nova opção, poderemos duplicar ou mais este número, seria um ganho de escala e também logístico, já que haverá uma mudança no uso de peças para reparos”, disse.

Segundo o Sindicato das Seguradoras, Previdência e Capitalização (SindsegSP), a modalidade tem potencial de mais que dobrar a frota segurada, já que poderá atingir 20 milhões de automóveis com mais de cinco anos de idade e que ainda estão desprotegidos. No Brasil, apenas 28% do total de automóveis em circulação estão segurados.

Mais discussão

De acordo com Pereira, a nova modalidade é muito importante para o mercado, mas ainda existem questões que precisam ser discutidas e levadas em conta. “Será necessário uma legislação muito bem trabalhada e fiscalização para que a possibilidade do uso de peças usadas não incentive práticas ilícitas, como desmanches”, afirma dizendo que, mesmo com estas questões, a entrada em vigor é praticamente garantida. “Existem grandes grupos interessados na questão, assim como o interesse direto do governo, por ser uma boa entrada política, então é muito provável que ele passe a vigorar em breve”.

Poder de escolha crescerá

Com a regulamentação feita no prazo esperado, a previsão é de que já no início do próximo semestre a modalidade de seguro entre em vigor e algumas mudanças terão que ser feitas, garante o diretor comercial da Seguralta, Nilton Dias. “As seguradoras terão que criar seus produtos a partir do que for regulamentado. Cada seguradora criará seu produto e o submeterá à análise da Susep. Será necessário especificar a área de atuação, fornecedor das peças, todos estes detalhes”.

Será importante também prestar atenção nas peças a serem trocadas seguindo esta nova regra. Peças consideradas itens de segurança, como freios e amortecedores, não poderão ser usadas, afirma Maschio. Já itens como portas, para-choques e para-lamas entram na lista dos que podem ser utilizados. De acordo com Pomarole, para a regulamentação de forma correta desta nova modalidade de seguro, é necessário que o governo também haja regulamentação para o mercado de venda de peças usadas. “É necessário que os projetos de lei que regulamentam este tipo de mercado sejam agilizados para dar mais segurança para as próprias seguradoras”, afirma.

Além da mudança quanto às peças utilizadas, o setor também luta junto ao governo por uma redução no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), outro responsável pelo alto valor das franquias. “Este é um caminho um pouco mais difícil, porque depende muito do governo, mas estamos tentando. Hoje pagamos em torno de 7% de IOF, mas apenas este valor é arrecadado apenas sobre o número de carros segurados. Não seria melhor reduzir a alíquota e garantir uma receita adicional com o aumento no número de carros segurados? Talvez um IOF entre 1% e 2% seria uma forma de o governo também participar do Seguro Popular”, diz Pomarole.

A formatação do seguro também será um diferencial. Vendido apenas com cobertura para diversos fatores, atualmente, ele passará a ser comercializado em combos. “As pessoas poderão escolher se querem contratar um seguro apenas para colisão, por exemplo, algo que hoje não existe”, conta o vice-presidente da CNseg.

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