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Um médico tem 9 planos de previdência. Exagero?

Fonte: Exame

São Paulo - Vitor José Ramos Filho, de 32 anos, pode não ser o melhor exemplo do que fazer, mas é um caso curioso quando o assunto é previdência complementar. Cirurgião plástico em São Paulo, ele planeja a aposentadoria desde o segundo ano da faculdade de medicina, quando tinha apenas 21 anos.

Desde aquela época, Vitor já tinha concluído que os médicos, como tantos outros profissionais liberais, não se aposentam pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

Ele possui nove planos diferentes em seu nome e um décimo, que contratou para a filha de 1 ano, quando ela ainda estava na barriga da mãe. “Hoje, 20% de meus rendimentos líquidos vão para os fundos de previdência. Quando me aposentar, pretendo que 80% de meu rendimento mensal venha desses investimentos”, diz.

Na avaliação de Samy Dana, professor de finanças da Fundação Getulio Vargas, de São Paulo (FGV-SP), ter tantos planos de previdência pode dificultar a gestão dos fundos. “Além disso, se eles tiverem perfis parecidos, não há ganho na diversificação”, afirma Samy. Mas Vitor defende a sua escolha. “Há diversificação, pois aplico em fundos de renda variável, fixa e atrelados à inflação.”

Os planos de Vitor ficam a cargo de dois bancos e uma seguradora. “Para eu me proteger da possível quebra de um deles”, justifica. Do total de planos que possui, sete são PGBL e dois, VGBL. Todos com tabela regressiva. “Isso está correto, pois esse tipo de tabela é de fato o melhor para quem visa ao longo prazo”, diz Samy.

O que olhar

O primeiro item que Vitor observa na hora de escolher em que vai aplicar é o desempenho da renda fixa do plano em um período de, no mínimo, três anos. Além disso, sua carteira é composta por, no máximo, 49% de exposição em ações — teto permitido pela atual legislação. “Troco de plano de acordo com a fase da minha vida.

Também já tirei uma boa quantia de um banco e a transferi para outro por falta de qualidade no atendimento”, diz. Por ter muitos compromissos e grandes volumes investidos, o cirurgião plástico cobra atenção e qualidade dos bancos e das corretoras com os quais trabalha, mas também olha tudo com frequência e com lupa, pois no fim é ele mesmo quem faz a administração de seus investimentos.

Prós e contras

Para Vitor, investir em tantos planos só vale a pena depois de acumular um capital substancial. “Do contrário, você não consegue isenção de taxas”, diz o médico, vangloriando-se de nunca ter pago taxa de carregamento. Ou seja, esse é um exemplo que só pode ser seguido por quem tem de fato muita disciplina financeira e um bom dinheiro sobrando todo mês.

“Essa preocupação com o futuro é muito positiva, mas não há necessidade de ter nove planos”, diz Alan Ghani, professor de finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo, que lembra que Vitor conseguiu fugir das taxas de carregamento, mas ainda paga as de administração, que são altas e variam de 1% a 2%, dependendo do plano.

“Talvez ele conseguisse acumular um patrimônio maior no longo prazo se aplicasse em alternativas como o Tesouro Direto, que é isento de taxa de administração”, afirma Alan. “As performances de meus planos são bem superiores às do Tesouro Direto”, diz Vitor.

Por que previdência

Na opinião dos professores Samy e Alan, se uma pessoa fizer a própria gestão das aplicações, como Vitor faz, do ponto de vista estritamente financeiro pode ser mais lucrativo. O problema é justamente a disciplina e a necessidade de ter um olhar atento na hora de administrar. É por causa disso que Vitor não dispensa a previdência, que é um investimento de longo prazo, com regras predefinidas.

“Pagar um boleto é muito mais fácil do que comprar papéis todo mês. Essa é a vantagem da previdência, pois, por mais que se disponha a cuidar dos investimentos, a grande maioria das pessoas não tem tempo suficiente para fazer a gestão de seus recursos como deveria”, diz Vitor, lembrando que os aportes mensais nos fundos, em vez de grandes aplicações esporádicas, funcionam melhor, em especial quando o plano é composto por renda variável. “Dá para ganhar com as flutuações da bolsa”, afirma.

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